30 setembro, 2015

PhD em outro planeta


Sua idade em outros planetas

A Operação Fantasia

Em 1943, procurando usar a guerra psicológica em seus esforços de guerra contra os japoneses, o US Office of Strategic Services apelou para um plano estranho. Observando que os xintoístas "viam" a imagem de uma raposa iluminada como um prenúncio de tempos difíceis, os especialistas da agência sugeriram que "em condições extremamente difíceis", os japoneses "seriam prejudicados, pelo que pode considerar um mau presságio" e sucumbirem ao "medo, terror e desespero".
Como é que se faz uma raposa brilhar?
Começaram por experimentar balões em forma de raposa cobertos com tinta luminosa e presos por linha de pesca. Mas, até o final de 1944, eles arquivaram essa ideia. E passaram a pulverizar raposas ao vivo com tinta luminosa para soltá-las nos campos de combate, chamando isso de ​​"ferramenta psicológica mais potente da América contra os japoneses".
A operação teria início com a distribuição de panfletos de aviso de mal próximo falsamente produzidos por adivinhos japoneses. Estes (os panfletos) seriam jogadas do ar e também seriam espalhados por agentes de campo que usariam apitos especiais de junco para imitar gritos de raposas. Usariam ainda pastas e pós para simular odores de raposa. Completando a farsa, o OSS também recrutou colaboradores japoneses que sabiam simular "pessoas possuídas pelo espírito da raposa".
Para testar o plano, a agência liberou 30 raposas no Central Park, "pintadas com um produto químico radiante que brilhava no escuro". De acordo com um relatório, os cidadãos horrorizados com a visão repentina dos animais fantasmagóricos, fugiram dos recessos sombrios do parque com os "jeemies" gritando.
Animados com estes resultados, os estrategistas do OSS definiram sobre a possível aquisição de raposas da China e da Austrália, em antecipação a uma invasão aliada do Japão. Só a inesperada conclusão da guerra, com o lançamento da bomba atômica, impediu essa operação de ir em frente.
"Ainda assim, o desenvolvimento dessa ideia demonstra como os americanos durante a guerra percebiam a psicologia de seu inimigo asiático de uma forma muito diferente da psicologia de seus inimigos na Europa", escreve Robert Kodosky, em Psychological Operations American Style (2007).

A superação do medo
The Scaredy Swan: um curta-metragem de animação com a história de um cisne que tinha medo da água.

29 setembro, 2015

Conexões de computador

Desde que o microcomputador deixou de ser uma peça única que unia monitor, teclado e CPU, diversos padrões de conectores foram criados para a utilização de equipamentos chamados periféricos (monitor, teclado, mouse, impressora, scanner etc). Alguns dos padrões estão presentes na grande maioria dos computadores, outros são mais especí­ficos.


Power Rangers

Eu não tive nenhum treinamento formal em artes marciais.

Mas sei o bastante para comentar que os Power Rangers desperdiçam muita energia com saltos desnecessários.

28 setembro, 2015

Vem ao caso

O herói extrai alegria da tristeza do outro, ele se sente bem se provar que o outro é mau. O herói, deste modo, peca por excesso, sente-se o único responsável pelo que está ocorrendo à sua volta e, por isso, assume mais do que pode cumprir. Ele se insurge contra a realidade e vai além do que lhe é possível. Se na postura de vítima nos negamos, na postura de herói nós negamos o outro, sentimo-nos o único sujeito da relação humana e consideramos as outras pessoas como objetos.
O herói se coloca em nível superior ao das outras pessoas, escondendo um profundo sentimento de inferioridade. É o todo poderoso, o que sabe tudo, o que sempre tem razão, o imbatível, o melhor. É aquele que perdeu a simplicidade de estar no mundo, é o que não sabe e não sabe que não sabe; daí, a sua dificuldade em aprender. Supõe saber tudo e perde com isso a capacidade de perguntar, a capacidade espontânea de fazer perguntas, de perguntar o que não sabe.
Em contrapartida, seu comportamento é sempre o de ensinar, de julgar, de analisar e de orientar os outros. É o dono da verdade. Por isso, nunca diz: "Eu não sei". Nunca pede ajuda. Ele se julga como padrão dos outros e se relaciona com o mundo através de uma avassaladora programação de dogmas, de verdades feitas, porque as pessoas serão boas, honestas, verdadeiras, inteligentes,[somente] se coincidirem com o seu modo de pensar, de sentir e de agir.

Inês Bastos, apud Fernando Brito, no site Tijolaço

Artigo relacionado
Por que a Operação Lava-Jato está corrompida?, de Juarez Guimarães, publicado em 30/06/2015, no site  "Democracia Socialista"


"A corrupção da Justiça se dá quando ela é capturada pelos interesses de um partido e viola continuadamente o pacto constitucional democrático."

Um guarda-chuva a fluxo de ar

Graças ao Kickstarter, um punhado de projetos malucos que poderiam nunca ver a luz do dia encontraram o seu caminho no mercado e em nossos corações. Como o Air Umbrella, por exemplo.
O Air Umbrella é um dispositivo em forma de haste que tem motor, bateria de lítio recarregável e pás de ventilador. O dispositivo é capaz de repelir a chuva, forçando-o para fora. Mas a duração da bateria só pode sustentar o funcionamento durante 15 minutos (modelo A) e 30 minutos (modelos B e C) de chuva.
Este guarda-chuva – sem cobertura visível – já arrecadou US $ 102.241 de 825 apoiadores, o que ultrapassa em 10 vezes a meta pretendida por seus idealizadores.
Certamente, não é o primeiro guarda-chuva movido a ar a ser projetado, mas é o primeiro a ser financiado no Kickstarter.

+ Kickstarter
Plantas luminosas |  VSSL | Teclado para violão (Finger friendly guitar)

08/10/2015 - Por outro lado, o guarda-chuva melhorado
Era para ter sido assim desde o começo:
https://d2pq0u4uni88oo.cloudfront.net/projects/904162/video-526200-h264_high.mp4

27 setembro, 2015

A ascensão dos robôs

É uma visão pessimista demais sobre a ascensão dos robôs, Estou ansioso para ver a forma totalmente imprevista que a humanidade encontrará para desfrutar das benefícios que a robótica trará. Certamente, haverá alguns erros horríveis ao longo do caminho, mas a humanidade já se adaptou a tantas mudanças antes.
Agora, se pudéssemos parar de destruir o meio ambiente ... Sim, eu posso ser pessimista também.
Comentário de Dimitrios Diamantaras a "Rise of the Robots", artigo de Barbara Ehrenreich publicado no The NY Times.

Tão lentamente quanto possível

Organ²/ASLSP (As SLow aS Possible, ou seja, "tão lentamente quanto possível") é uma obra musical de John Cage, de 1987. É a razão de ser da performance musical mais lenta e mais longa jamais empreendida (embora Cage não tenha indicado precisamente a que velocidade a obra deveria ser tocada).
Na igreja de S. Burchardi, de Halberstadt, na Alemanha, Organ²/ASLSP está sendo executada de acordo com o seguinte projeto:
Contexto
Em 1997, uma conferência de músicos e filósofos debateu as implicações das instruções de Cage quanto à velocidade de execução ser a mais lenta possível, aproveitando a circunstância de um órgão fazer ressoar indefinidamente uma nota. Um projeto então foi elaborado para executar a obra, de modo a durar 639 anos, porque a igreja tinha um órgão datado de 1361, portanto 639 anos antes do início da execução em 2001.
Instrumentação
A peça é executada em um órgão dedicado exclusivamente a esta performance. Uma máquina assegura o fornecimento constante de ar e permite a execução contínua. O órgão não contém a totalidade dos tubos de um órgão normal, e estes vão sendo substituídos pouco a pouco. Em 5 de julho de 2008, foram acrescentados dois novos tubos, e o órgão agora tem seis. Como o instrumento está permanentemente em execução, está protegido por um cubo de acrílico transparente a fim de atenuar o volume sonoro.
Execução
A execução iniciou-se na igreja em 5 de setembro de 2001 com uma pausa que se prolongou até 5 de fevereiro de 2003. O primeiro acorde foi tocado até 5 de julho de 2004. As mudanças de acorde são sistematicamente feitas nos dias 5 dos meses (mas não mensalmente) A performance deverá prosseguir até 5 de setembro de 2640.
Financiamento
O projeto é finaciado por doações, e qualquer pessoa pode doar 1000€ para assegurar o financiamento de um ano, e ter a possibilidade de ver o seu nome inscrito numa placa de reconhecimento afixada na igreja. Mas contribuições de qualquer valor para a manutenção do projeto também são aceitas.



"Nada tenho a dizer e estou dizendo-a. Tal é a poesia."
O 4'33", de John Cage.

26 setembro, 2015

O homem que salvou o mundo

Na noite de 26 de Setembro de 1983 – há exatamente trinta e dois anos, portanto – era o tenente-coronel Stanislav Petrov (foto) o responsável pelo serviço no centro de comando Serpukhov 15. Este centro vigiava, através de satélites-espião, eventuais lançamentos termo-nucleares americanos: era o equivalente soviético ao NORAD dos EUA.
Perturbando a calma noturna, o alarme estridente soou. Olhando para o enorme écran de radar à sua frente, Petrov terá sentido um arrepio na espinha: quatro pontinhos brilhantes moviam-se dos Estados Unidos em direção ao território soviético. Aparentemente, tinha começado a Terceira Guerra Mundial.
O tenente-coronel sabia exatamente o que fazer. Tinha à sua frente a chave que deveria rodar, fazendo soar o alarme em todas as instalações nucleares soviéticas. O Presidium do Soviete Supremo ainda teria que autorizar e fornecer os códigos de lançamento, claro; mas devido à política de lançamento ao primeiro aviso ("use them or loose them"), o mais provável seria haver, nos trinta minutos seguintes, seis ou sete mil ICBMs e dois ou três mil super-bombardeiros estratégicos cruzando os céus em direcção aos seus alvos nos Estados Unidos.
No último segundo, uma centelha de razão iluminou-se no espírito do tenente-coronel. Seria o inimigo americano estúpido ao ponto de atacar com quatro, apenas quatro mísseis? Se aquilo fosse efetivamente o princípio de uma guerra, não deveria ele estar a ver centenas, talvez milhares de pontinhos brilhantes no radar?
Há exatamente trinta e um anos, Stanislav Petrov decidiu esperar. Aqueles quatro pontinhos brilhantes poderiam ser apenas um erro de leitura… e não lhe apetecia matar dois ou três bilhões de pessoas só porque um computador soviético tinha se avariado.
Veio a saber-se mais tarde que os satélites de vigilância soviéticos foram iludidos por um raro alinhamento de nuvens de grande altitude, sobre as quais a luz solar incidiu com uma orientação muito específica. A história de Stanislav Petrov e dessa terrível noite de há trinta anos está contada em um documentário televisivo.
Antonio Pedro Neves, via Google+

Onde ler mais:
Stanislav Petrov – o homem que salvou nossas vidas, por André. In: www.ceticismo.net

Promo Trailer:
Kevin Costner – Robert De Niro – Matt Damon


War Games:
Lembra-se do filme "War Games"? Este filme é sobre um jogo de computador com o potencial para iniciar uma guerra termonuclear. Mas, estranhamente, este cenário criado em 1983 era mais verdade do que ficção. Em 1979, programadores quase começaram a III Guerra Mundial, quando eles acidentalmente rodaram uma simulação de um ataque soviético nos computadores do NORAD.
A simulação de computador que quase começou a III Guerra Mundial, GIZMODO

17/09/2017 - Atualizando ...
Sputinik - Morre Stanislav Petrov, o oficial soviético que impediu uma crise nuclear entre os EUA e a URSS e a possível Terceira Guerra Mundial na década de 1980. Ele faleceu silenciosamente, tinha 77 anos e nunca se considerou um herói, embora tenha contribuído decisivamente para impedir uma catástrofe.

Informatizando a paróquia

Um padre moderno assume a paróquia da cidadezinha e resolve modernizá-la. Colocou micro no altar, no confessionário, na sacristia... Montou uma rede de 100 Mbps com switch, servidor NT com raid-5 e mirroring, intranet baseada em NC e Oracle 8 com orientação para objetos, canal de dados/voz via satélite direto com o Vaticano... Implantou o Sistema SAP R/3 que controla tudo como o Estoque de Hóstias, Marcação de Casamentos, Fluxo de Caixa dos Bingos, Dízimo a Receber, Obras Inacabadas etc.
No dia em que o sistema SAP para Cálculo de Penitências do confessionário entrou em produção, o padre recebe uma garota para se confessar.
– Deus te abençoe minha filha, só um instante que estou me logando... Pronto, pode falar: quais são os teus pecados?
– Padre, foi com meu namorado... eu tentei resistir mas...
– Vamos, filha, fale logo senão o sistema dá time-out na conexão.
– Tá bom, padre, eu deixei meu namorado beijar meus seios e...
O padre, interrompendo-a, digita afobado: -...bei-jar-os-sei-os "enter". Ok, filha, aqui diz: rezar duas ave-marias e pronto. Próximo...
– Não, padre, não acabei ainda...
– Então fale, filha, antes que entre a proteção de tela.
– Bom, padre, daí, ele me fez segurar seu pênis e...
– ... se-gu-rar o pê-nis "enter". Bom, reza mais três pais-nossos e tá perdoada. Próximo...
– Não, padre, ainda tem mais...
– Então fale, filha, que daqui a pouco o banco de dados sai do ar para o backup...
– Daí, padre, ele tirou minha calcinha e colocou metade...
– ... co-lo-cou 1/2 pe-nis "enter"... opa, deu erro! "Erro-45"?? - Vou redigitar: Co-lo-cou 1/2 pê-nis "enter"... Opa, deu "Erro-45" de novo.
O padre pega a pasta com a documentação do sistema:
– Vamos ver: erro 40... 42... 44... tá aqui: erro 45... Após ler a mensagem do erro, o padre pede para ela:
– Filha, faz o seguinte: Volta lá com o seu namorado e pede para ele enfiar tudo, pois o sistema não aceita fração...!!!
(repassada por Fernando Gurgel)

Dicas de Português
"Ave" vem do latim e significa "salve". O plural correto de "ave-maria" é "ave-marias" e o de "salve-rainha" é "salve-rainhas". Já o plural de "pai-nosso" (padre-nosso) é "pais-nossos" (padre-nossos).

25 setembro, 2015

Sagan com asas



Eu não sei bem como definir isso. Um tributo à inesquecível figura de Carl Sagan?
Tem de tudo: a sonda Voyager, a navalha de Occam, um bolo de π, um duodecaedro, uma estrela hipercubo etc. E o pálido ponto azul, claro.
Mas....
Por que Sagan aparece com asas?
Cabrasustada acha que essa imagem é uma paródia de Baphomet, um ídolo cujo culto é atribuído aos Cavaleiros da Ordem dos Templários. Seu nome apareceu pela primeira vez quando os Templários foram julgados por heresia.

Autorretrato falado

Ainda não tirei aquela fotografia com uma fita métrica ao fundo. Mas, asseguro-lhes, minha estatura não é alta. Aliás, é baixa - e com viés de baixa pelo fator idade. Também fui baixo no Coral Universitário.
Quanto ao peso, segundo o IMC, estou com sobrepeso. O que me dificulta manter a insustentável leveza do ser.
Cabelo estilo Elis Regina. Já tive grandes costeletas para provar que Elvis não morreu. Faço barba e bigode destes últimos.
Olhos: castanhos, de encantos tamanhos (como diz o fado), e que abrigam lentes implantadas. Sob eles, bolsas de gordura, à espera de cirurgia plástica.
Sobrancelhas que não se juntam na linha média. Ainda bem, pois eu não gostaria de ser um monobrow.
Nariz fino, meio inadequado para apoiar os óculos. Tenho estes numa versão para o dia e noutra versão para a noite, usadas na base do tanto faz.
Orelhas: de abano na infância, beneficiadas pela correção espontânea. Contrariando a ordem natural dos petelecos já levados.
Lábios: finos e sem herpes.
Rugas atribuídas à idade e à gravidade. As rugas, como disse o sambista, fizeram residência no meu rosto, não choro para ninguém me ver sofrer de desgosto.
Pescoço curto. Mas que dá para passar uma gravata.
Tórax pilífero.
Ombros resolutos que desafiam bursites.
Mãos pequenas. Unhas periodicamente limpas, quando as corto bem rentes.
De modo indevido, já ostento a tal barriga da prosperidade. Em sua parte inferior, a barriga se afunila numa espécie de apêndice. Cabisbaixo ou não, ele pende sempre para a esquerda.
Pernas algo arqueadas para quê, meu deus, se não vou entrar num saloon.
Calçando 38, duplo (quero dizer, nos dois pés).
Sem sinais particulares. Bem, no flanco esquerdo, eu tinha um sinal que, ao perder a minha estima, mandei um cirurgião amigo retirar. Só tornaremos a nos encontrar no Dia do Juízo Final. (Não, não é com o cirurgião que eu vou me encontrar.)

24 setembro, 2015

♪A violeira♪

Elba Ramalho canta "A violeira", de Tom Jobim e Chico Buarque (1983), no filme "Para viver um grande amor".



Desde menina
Caprichosa e nordestina
Que eu sabia a minha sina
Era no Rio vir morar
Em Araripe
Topei com o chofer dum jipe
Que descia pra Sergipe
Pro serviço militar

Esse maluco
Me largou em Pernambuco
Quando um cara de trabuco
Me pediu pra namorar
Mais adiante
Num estado interessante
Um caixeiro viajante
Me levou pra Macapá

Uma cigana
Revelou que a minha sorte
Era ficar naquele Norte
E eu não queria acreditar
Juntei os trapos
Com um velho marinheiro
Viajei no seu cargueiro
Que encalhou no Ceará

Voltei pro Crato
E fui fazer artesanato
De barro bom e barato
Pra mode economizar
Eu era um broto
E também fiz muito garoto
Um mais bem feito que o outro
Eles só faltam falar

Juntei a prole
E me atirei no São Francisco
Enfrentei raio, corisco
Correnteza e coisa-má
Inda arrumei
Com um artista em Pirapora
Mais um filho e vim-me embora
Cá no Rio vim parar
Ver Ipanema
Foi que nem beber jurema
Que cenário de cinema
Que poema à beira-mar
E não tem tira
Nem doutor, nem ziguizira
Quero ver quem é que tira
Nós aqui desse lugar

Será verdade
Que eu cheguei nessa cidade
Pra primeira autoridade
Resolver me escorraçar
Com a tralha inteira
Remontar à Mantiqueira
Até chegar na corredeira
O São Francisco me levar

Me distrair
Nos braços de um barqueiro sonso
Despencar na Paulo Afonso
No oceano me afogar
Perder os filhos
Em Fernando de Noronha
E voltar morta de vergonha
Pro sertão de Quixadá

Tem cabimento
Depois de tanto tormento
Me casar com algum sargento
E todo sonho desmanchar
Não tem carranca
Nem trator, nem alavanca
Quero ver quem é que arranca
Nós aqui desse lugar

Soprando velas em bolo de aniversário

O conhecimento científico cresce aos sopros, como neste estudo:
Bacterial Transfer by Blowing Out Birthday Cake Candles (Transferência Bacteriana Soprando Velas em Bolo de Aniversário)
Pôster nº. 13 do 5th Annual Focus on Creative Inquiry da Universidade de Clemson, apresentado em 12 de abril de 2010
Orientadores: Paul Dawson e Inyee Han, do Departamento de Ciência dos Alimentos e Nutrição Humana
Estudantes: Danielle Lynn, Jenevieve Lackey, Johnson Baker, Sutton Fainschwartz, Aaron Pietzyk
"As bactérias, presentes no meio ambiente e em outros seres vivos, são um componente inevitável da vida. É importante entender como elas – benignas ou patogênicas – são transferidas e se familiarizar com as medidas que evitam a contaminação. Como tal, este projeto de pesquisa foi focado na propagação potencial de bactérias quando se sopram as velas em um bolo de aniversário. O primeiro procedimento utilizado foi soprar em placas de Petri contendo o nutriente ágar. Um segundo procedimento consistiu em soprar velas acesas colocadas sobre uma camada de gelo. E, num terceiro procedimento, foi testar se o ato de salivar antes de soprar as velas sobre o gelo afetaria o resultado. Para simular uma atmosfera realista de festa, este último procedimento incluiu o consumo de uma fatia de pizza fresca antes de soprar as velas. Determinou-se que um nível mais elevado de bactérias foi transferido com este processo do que no teste anterior. Esses resultados levaram-nos a concluir que as bactérias expelidas pela boca podem, de fato, contaminar os bolos de aniversário".

23 setembro, 2015

Como se faz um ser humano

Este GIF feito por hellofromthemoon explica visualmente o assunto:

Clique AQUI para ver a imagem ampliada

As melhores observações no reddit
"Eu gostaria de compartilhar isto com uma turma de futuros enfermeiros."
"É como descer uma escada rolante."
"Sempre girando, girando, girando rumo à liberdade."
"Um bebê por dia mantém o médico longe."
"Às três semanas o bebê se parece exatamente com uma chupeta."
"Quando é que o aborto acontece?"
"Atente para o bebê: desaparece no final."
"Henry Ford estaria orgulhoso dessa linha de montagem."
"Eu não vi onde foi adicionada a alma."
"É uma gravidez psicológica."
"Eu nasci com 28 semanas. Fico feliz em ver que eu teria sido basicamente o mesmo se eu tivesse esperado."

Mova-se

No espaço-tempo, quando você se move mais rápido o tempo passa mais devagar para você. Então, se você sai de casa para dar uma caminhada ao redor do quarteirão, quando chegar a sua casa será três femtossegundos (0,000000000000003 segundos) mais jovem do que alguém que tenha ficado em casa.

E com melhor saúde se não for assaltado nem atropelado.
O femtossegundo está para o segundo como o segundo está para 32 milhões de anos.

22 setembro, 2015

Cadê a parede?

Em Monte Piana, nos Alpes italianos, você pode deitar-se em uma dessas redes (reforçadas) que estão à disposição dos turistas. Tendo ao fundo, ao fundo mesmo, o desfiladeiro Dolomitas.
Netorama


Este desfiladeiro é de triste memória. Pois foi nele que 18.000 soldados morreram em combate na I Guerra Mundial. Mas.. o motivo por que eu não me candidato a cair numa rede nos Alpes é bem mais prosaico:
Cadê a parede? A parede a fim de que eu possa apoiar o pé nela, pegar impulso e ficar me balançando na rede?

Um pouco de filosofia sobre a viagem no tempo

Parece coerente supor que um viajante do tempo pode afetar o passado, mas não mudá-lo.
Talvez, eu possa inventar uma máquina do tempo amanhã e ir a 1865 para salvar Lincoln de John Wilkes Booth. Eu poderia chegar ao teatro Ford e correr em direção ao camarote de Lincoln. Eu poderia até lutar heroicamente com Booth no corredor. Mas, sei de antemão que não serei bem sucedido, porque a história nos diz que Booth disparou contra Lincoln naquela noite.
Essa maneira de olhar para a viagem no tempo não implica paradoxos, mas cria um problema. Se é possível viajar no tempo, então presumivelmente centenas de viajantes do tempo, bem intencionados, convergiram para o camarote de Lincoln naquela noite. Todos determinados a salvar o presidente e todos, de alguma maneira, a escorregar em cascas de banana.
A viagem não é impossível, mas parece terrivelmente improvável. E o próprio fato da morte de Lincoln no teatro parece confirmar que a viagem no tempo não é possível.

Nicholas J.J. Smith, "Bananas Enough for Time Travel?", The British Journal for the Philosophy of Science, setembro de 1997

21 setembro, 2015

A paz nem um dia

Ou: o lanche não deslanchou.
No mês passado, o Burger King propôs, através da web, uma parceria com o rival McDonald's para que estas duas cadeias de fast-food criassem um lanche conjunto, o McWhopper, para o Dia da Paz, que é internacionalmente celebrado no dia 21 de setembro (hoje).


No entanto, a proposta foi logo recusada pelo CEO da McDonald's, numa carta escrita em tom um tanto ríspido.
Um leitor do site Terra, onde esta notícia foi anteriormente publicada, assim comentou:
"Se até o Burger King está levando fora, porque eu vou agora me preocupar com a minha vida amorosa?"

O Dia da Árvore

No Brasil é comemorado em 21 de setembro, juntamente com a chegada da primavera.
A importância das árvores para o meio ambiente
v Com as árvores a qualidade do ar é melhor, e nas grandes cidades a poluição diminui.
v Servem de moradia para muitas espécies de pássaros.
v As frutíferas proveem de alimentos para os seres humanos e espécies animais.
v A sombra gerada por elas favorecem a redução da temperatura nas cidades
v Em dias secos, as árvores ajudam a umidificar o ar.
v Podem evitar a erosão do solo, em terrenos íngremes.
v Ajudam a produzir o oxigênio que nos mantem vivos.
A árvore representativa de cada Estado
Carnaubeira ► Ceará
Globo Natureza: Vídeo
Carnaúba - Da planta, que nasce naturalmente no Ceará, no Rio Grande do Norte e Piauí, se aproveita tudo. O Brasil é o único exportador da cera, retirada do pó das suas folhas, muito utilizada na fabricação de cosméticos, cápsulas de remédios e outras coisas.

20 setembro, 2015

Portugueses na África

Crônica inédita de Lima Barreto encontrada na Biblioteca Nacional
A crônica "Portugueses na África", escrita por Lima Barreto – provavelmente em 1907 –, nunca foi publicada; nem mesmo na coluna "Echos", da revista A Floreal, à qual ela se destinava, segundo indicação do autor no verso de uma das folhas em que foi escrita. O original foi encontrado recentemente numa pasta do Arquivo Lima Barreto – que está preservado na Divisão de Manuscritos – pelo doutor em "Estudos Brasileiros (Literatura e Cultura)" pela Universidade de Lisboa, João Marques Lopes, hoje bolsista do Programa Nacional de Apoio a Pesquisadores Residentes (PNAP-R), da Biblioteca Nacional. João Marques Lopes estuda o modo como a obra de Lima Barreto, um dos mais importantes escritores brasileiros, foi recebida em Portugal.
Os srs. já conhecem a coisa. De ano em ano, os jornais daqui e de além-mar noticiam estrondosas vitórias dos portugueses sobre os indígenas de suas possessões de África. No tempo dos “Lusíadas”, talvez por não existir o jornalismo periódico, não davam tanta importância a feitos idênticos. Pelo menos não tenho notícia que Lisboa festejasse retumbantemente Antônio Salema, que, aí pelos fins de Quinhentos, matou dez mil índios perto de Cabo Frio; e se ainda nos resta memória das proezas da gente assinalada em Diu e Goa é porque alguns cronistas precavidos e meia dúzia de poetas entusiastas registraram-nas em prosa de bronze, ainda áspero, e em grandiosos versos, um tanto monótonos.
Hoje, não havendo farta messe de ações heroicas, lá pelo velho Portugal, os jornais e o governo não deixam escapar uma só vitoriazinha. Os heroísmos são narrados um a um, em frases cheirando ainda à Ilíada; os retratos são publicados e os plutarcas afiam a pena para mais essa centena de varões ilustres.
O que há em suma? Esta coisa simples: um destacamento português, de cem ou duzentas praças, derrota uma partida de desgraça dos negros, duplamente desgraçados por serem negros e por viverem em possessões do Portugal necessitado de vitórias.
Pelo jeito, o governo lusitano precisa demonstrar a vitalidade da nação; precisa lembrar ao mundo que o sangue heroico dos varões assinalados ainda não está de todo acabado; e para tal organiza, de quando em quando, umas justas art-nouveau em que morrem algumas dezenas de negros (ora, os negros!) e os portugueses praticam heroísmos dignos de versos gregos e do triunfo romano.
Tenho para mim que esses negros flexíveis e adaptáveis a toda a sorte de misteres, desde o de bestas de carga até o nobilíssimo de adversários dos esforçados varões do Portugal moderno, têm que acabar um dia. Se isso se der, a velha metrópole vai se ver atrapalhada para arranjar quem se preste à demonstração experimental de sua heroicidade eterna; e, a menos que a gente a quem outrora Marte obedeceu queira combater os chimpanzés e os gorilas de África, Lisboa só terá festas com franco cunho guerreiro quando o governo das Necessidades sabiamente resolver condecorar com grandiosas solenidades os valentões da Baixa que se portarem heroicamente nas rijas com tripulações de barcos estrangeiros de passagem pelo Tejo. Então é que havemos de ver o indigesto Teófilo a explicar esse afloramento do Heitor português na população da sarjeta alfacinha e o velho Camões a bimbalhar nas colunas dos jornais:
Cale-se de Alexandre e de Trajano,
A fama das vitórias…
E poderá assim Portugal, e por muito tempo, achar nos seus registos de nascimento, nomes que se possam contar naqueles outros em quem, como o Albuquerque terrível e o Castro forte, a morte não teve poder.
É ainda de Camões que, a meu ver, deve sofrer modificações convenientes para se adaptarem ao novo heroísmo de Portugal, se os nossos irmãos do Tejo querem um adaptador excelente, temos aqui à mão alguns experimentados em guerra. O Barão de Paranaguá calha, por exemplo…
N. do E.
[1] Extraído de: http://www.bn.br/noticia/2015/09/cronica-inedita-lima-barreto-encontrada-bn
[2] A ortografia foi atualizada.
[3] Grato a Fernando Gurgel pela informação sobre a descoberta do original desta crônica no Arquivo Lima Barreto da Biblioteca Nacional.

Que é cerquilha?

Cerquilha, antífen ou cerquinha (símbolo: #) é o sinal mundialmente conhecido como sendo o "símbolo do número", por ser utilizado com esse sentido na língua inglesa, principalmente em formulários técnicos.
(Não deve ser confundida com o sustenido ♯ - unicode 266F.)
O nome oficial do símbolo é Octothorpe. Foi criado na década de 1960 por Don Macpherson, um supervisor da Bell Labs, para acesso a serviços de dados. A junção da palavra Octo (referente aos oito espaços em branco que cercam o quadrado central da figura, ou, ainda, às extremidades das retas que se cruzam) com o nome de Jim Thorpe resultaram em seu nome oficial.
No Brasil, o símbolo é popularmente chamado "jogo-da-velha" e, em Portugal, "jogo-do-galo". Em espanhol, é chamado "almohadilla" (literalmente, "almofadinha") e, em inglês, é conhecido por "number sign", "hash" (Reino Unido) ou "pound sign" (EUA).
Uso da cerquilha
Em caractere ASCII, a cerquilha é representada pelo símbolo "#", de valor decimal 35.
Em artes gráficas, é usado em revisão de provas para indicar a necessidade de separar palavras que, por erro de composição, se encontram em justaposição.
É também utilizado em algumas linguagens de programação como operador de divisão, como sinal de comentário ou com outro significado no código-fonte, como por exemplo no Mumps, em linguagem C++, C# etc.
É ainda comumente utilizado por computadores para indicar o xeque-mate na transcrição de lances de um jogo de xadrez.
Também é utilizado para indicar uma hashtag na rede social Twitter, no Instagram e no Facebook, neste último a partir de junho de 2013.

Bônus
BuzzFeed lançou este vídeo sobre as origens de alguns símbolos do cotidiano.


19 setembro, 2015

A história se repete

1º como tragédia.
2º como farsa,
3º como Homem-Aranha 3.

Peter Parker (Tobey Maguire) consegue encontrar um meio-termo entre seus deveres como o Homem-Aranha e seu relacionamento com Mary Jane (Kirsten Dunst). Porém, o sucesso como herói e a bajulação dos fãs, entre eles Gwen Stacy (Bryce Dallas Howard), faz com que Peter se torne auto-confiante demais e passe a negligenciar as pessoas que se importam com ele. Mas esta situação muda quando ele precisa enfrentar Flint Marko (Thomas Haden Church), mais conhecido como o Homem-Areia, que possui ligações com a morte do seu tio Ben. Tendo que lidar com o sentimento de vingança, Peter passa a usar um estranho uniforme negro, que se adapta a seu corpo.

De utilidade lúdica

Aqui tendes um link para ver a faixa de pedestres mais famosa do mundo: Abbey Road, Londres. Com imagem, som, informações de hora e temperatura locais – tudo transmitido por uma câmera 24 horas.

O cruzamento é uma festa. Graças aos turistas que, a todo instante, lá comparecem para viver a "experiência Beatles".

Uma crônica de Alberto Villas, publicada em CartaCapital.

18 setembro, 2015

Sítios mais acessados

TWITTER e GOOGLE

"Ninguém deveria ser capaz de ultrapassar o Google em uma busca pelo nome "Google" na página de pesquisa do Google."
Saiba como essa falha um dia aconteceu, a ponto de transformar em celebridade o egípcio Saber El-Toony.

"A ponto de" ou "ao ponto de"?
Português na Rede

Pegadinhas na areia - 3

Voltei a sonhar com "Pegadinhas na areia". [1] [2] Desta vez, prestei mais atenção aos detalhes do sonho e, assim, cheguei a uma conclusão, digamos, teomórfica:
Deus calça 38!
Como cheguei a essa conclusão? Elementar, meu caro leitor. Fui comparando o tamanho das pegadas que íamos deixando na areia. Eram iguais em comprimento e largura.
Como calço 38, logo:
Deus calça 38 no Brasil, 39 na Argentina, 40 na Europa e 7.5 nos Estados Unidos e Canadá.
Eu que fiz todas essas conversões. Apesar de que ninguém é profeta em sua terra.
A Bíblia não toca no assunto, mas essas diferentes escalas de como medir os pés são consequências menos lembradas da Torre de Babel.

17 setembro, 2015

Canecas coletivas

por Fernando Gurgel Filho
Tomar água de pote tem suas manhas.
Às vezes, para manter um bom pote com água mais ou menos potável – um luxo para quem tem água de cacimba – há que economizar nas canecas.
Conta a história de um ser tão distante, em um sertão distante, que parou em uma casinha pequenina à beira da estradinha poeirenta, sol queimando o cachaço, lábios secos, parou, se encostou na porta e pediu um copo d'água.
Quem atendeu foi um barrigudinho, nariz escorrendo.
– Ô meu fio, cê me dá um pouquim d'água?
O barrigudinho pegou uma caneca, enfiou no pote e voltou com ela, todo contente. A caneca cheinha que transbordava...
Como as laterais da caneca estavam um pouco escurecidas, ele deu um arrodeio pro outro lado, onde tinha uma nesga mais limpinha, encostou os beiços e bebeu, com gosto, tudim.
– Pro mode quê o siô tomou a água assim?
– Assim como?
– No lugar onde a tia Beltronides toma?
– Me deu vontade, respondeu ele (sem querer explicar para não ofender). – Por quê?
– É que a tia tem umas feridas nos beiços e só toma aí nesse lugar.
Toin!!!

Poderá também gostar de ler
A CANECA DENTADA

O barco de Halkett

É um tipo de barco leve e inflável, projetado pelo tenente Peter Halkett (1820-1885) durante a década de 1840.
Halkett estava a par das grandes dificuldades para se viajar no ártico canadense. E o seu projeto, para viajar naquelas condições climáticas extremas, consistia de um barco dobrável e inflável, feito de um pano emborrachado. Desinflado, o casco do barco poderia ser usado como uma capa, o remo, como uma bengala, e a vela, como um guarda-chuva.


Embora muito elogiado pelos exploradores canadense, o projeto de Halkett tinha um mercado restrito, e ele não foi capaz de convencer a Marinha Real da utilidade de seu barco para o serviço naval.
Promovido para pescar e caçar patos nos lagos, o barco também fracassou comercialmente.
Apenas dois exemplares do barco de Halkett ainda existem, estando expostos em museus canadenses. WIKIPÉDIA

16 setembro, 2015

Nunca diga nunca






A menos que alguém pergunte:
"Como você pronuncia 'acnun' 
de trás para a frente?"

Como Garibaldo escapou da morte certa

Em 1969, o marionetista Caroll Spinney vestiu o traje enorme de Big Bird (Garibaldo, no Brasil) para participar da primeira temporada do Sesame Street (Vila Sésamo, no Brasil).
Ele ainda faz isso 45 anos depois. embora existam substitutos treinados para substituí-lo.
Abaixo, Spinney relata um de suas experiências ao The Guardian:
Uma vez eu recebi uma carta da Nasa, perguntando se eu estaria disposto a participar como Big Bird de uma missão que orbitaria a Terra para incentivar as crianças a se interessar por Espaço. Como não havia espaço suficiente para o boneco na cabine, no final, eu fui substituído por um professor. Em 1986, fiz uma pausa nas filmagens para assistir a decolagem e vi aterrorizado a nave explodir. Os seis astronautas e o professor morreram, e eu fiquei aqui na Terra a chorar.

15 setembro, 2015

Ponderando


Como sabermos que a elevação do nível do mar não seja diretamente atribuível à epidemia de obesidade empurrando para baixo a crosta terrestre?
Dave Pacheco

Revisão 
ENSINEM A CONTROVÉRSIA!

Ler o Mundo

No livro "E se Obama fosse Africano?", Mia Couto passa em revista as mazelas de Moçambique. Mazelas que assombram e freiam o desenvolvimento econômico e social de países em desenvolvimento. Países onde o colonizador plantou as sementes grosseiras da civilização após arrancar as sementes genuínas do lugar. O colonizador, culto e letrado à sua maneira, não soube ler o Mundo à sua volta.
Como diz Mia Couto, no livro citado:
"Falamos em ler e pensamos apenas nos livros, nos textos escritos. O senso comum diz que lemos apenas palavras. Mas a ideia de leitura aplica-se a um vasto universo. Nós lemos emoções nos rostos, lemos os sinais climáticos nas nuvens, lemos o chão, lemos o Mundo, lemos a Vida. Tudo pode ser página. Depende apenas da intenção de descoberta do nosso olhar.
Queixamo-nos de que as pessoas não lêem livros. Mas o déficit de leitura é muito mais geral. Não sabemos ler o mundo, não lemos os outros."
Fernando Gurgel
Resenha
Mia Couto, em "E se Obama fosse africano?" (Companhia das Letras), expõe um conjunto de textos de intervenção que resulta da sua participação em encontros públicos. As intervenções abordam temas que vão da política à literatura, da cultura à antropologia, onde o escritor procura fazer da sensibilidade poética um modo de entender a complexidade contemporânea.

14 setembro, 2015

Judicatura e dever de recato

por Ricardo Lewandowski
É antigo nos meios forenses o adágio segundo o qual juiz só fala nos autos. A circunspecção e discrição sempre foram consideradas qualidades intrínsecas dos bons magistrados, ao passo que a loquacidade e o exibicionismo eram –e continuam sendo– vistos com desconfiança, quando não objeto de franca repulsa por parte de colegas, advogados, membros do Ministério Público e jurisdicionados.
A verbosidade de integrantes do Poder Judiciário, fora dos lindes processuais, de há muito é tida como comportamento incompatível com a autocontenção e austeridade que a função exige.
O recato, a moderação e mesmo a modéstia são virtudes que a sociedade espera dessa categoria especial de servidores públicos aos quais atribuiu o grave múnus de decidir sobre a vida, a liberdade, o patrimônio e a reputação das pessoas, conferindo-lhes as prerrogativas constitucionais da vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de vencimentos para que possam exercê-lo com total independência.
O Código de Ética da Magistratura, consubstanciado na Resolução 60, de 2008, do Conselho Nacional de Justiça, consigna, logo em seu artigo 1º, que os juízes devem portar-se com imparcialidade, cortesia, diligência, integridade, dignidade, honra, prudência e decoro.
A incontinência verbal pode configurar desde uma simples falta disciplinar até um ilícito criminal, apenada, em casos extremos, com a perda do cargo, sem prejuízo de outras sanções cabíveis.
A Lei Complementar nº 35, de 1979, estabelece, no artigo 36, inciso III, que não é licito aos juízes "manifestar, por qualquer meio de comunicação, opinião sobre processo pendente de julgamento, seu ou de outrem, ou juízo depreciativo sobre despachos, votos ou sentenças de órgãos judiciais, ressalvada a crítica nos autos ou em obras técnicas ou no exercício do magistério".
O prejulgamento de uma causa ou a manifestação extemporânea de inclinação subjetiva acerca de decisão futura, nos termos do artigo 135, V, do Código de Processo Civil, caracteriza a suspeição ou parcialidade do magistrado, que permitem afastá-lo da causa por demonstrar interesse no julgamento em favor de alguma das partes.
Por mais poder que detenham, os juízes não constituem agentes políticos, porquanto carecem do sopro legitimador do sufrágio popular. E, embora não sejam meros aplicadores mecânicos da lei, dada a ampla discricionariedade que possuem para interpretá-la, não lhes é dado inovar no ordenamento jurídico.
Tampouco é permitido que proponham alterações legislativas, sugiram medidas administrativas ou alvitrem mudanças nos costumes, salvo se o fizerem em sede estritamente acadêmica ou como integrantes de comissões técnicas.
Em países civilizados, dentre eles o Brasil, proíbe-se que exerçam atividades político-partidárias, as quais são reservadas àqueles eleitos pelo voto direto, secreto e universal e periódico. Essa vedação encontra-se no artigo 95, parágrafo único, inciso III, da Constituição.
Com isso, não só se impede sua filiação a partidos como também que expressem publicamente as respectivas preferências políticas. Tal interdição mostra-se ainda mais acertada porque os magistrados desempenham, ao par de suas relevantes atribuições, a delicada tarefa de arbitrar disputas eleitorais.
O protagonismo extramuros, criticável em qualquer circunstância, torna-se ainda mais nefasto quando tem o potencial de cercear direitos fundamentais, favorecer correntes políticas, provocar abalos na economia ou desestabilizar as instituições, ainda que inspirado na melhor das intenções.
Por isso, posturas extravagantes ou ideologicamente matizadas são repudiadas pela comunidade jurídica, bem assim pela opinião pública esclarecida, que enxerga nelas um grave risco à democracia.
RICARDO LEWANDOWSKI, 67, professor titular da Faculdade de Direito da USP, é presidente do STF - Supremo Tribunal Federal e do CNJ - Conselho Nacional de Justiça

A gente vai Lewandowski - 1 e 2

Très sophistiqué

Você sabia que o "gráfico de pizza" é chamado na França de "diagramme en Camembert"?


A maior pedra esculpida por mãos humanas


Este bloco de pedra mede 19,6 metros de comprimento por 6 metros de largura por 5,5 metros de altura. Com o peso estimado em 1.650 toneladas, é maior pedra já esculpida por mãos humanas. Remonta a mais de dois mil anos atrás.
O Instituto Arqueológico Alemão descobriu-a em Baalbeck, um sítio arqueológico no Líbano.
Os arqueólogos acreditam que ela foi esculpida para ser o pódio de um templo em Heliópolis, dedicado ao deus romano Júpiter.
Foi abandonada na pedreira provavelmente devido à rachadura que apresentava e/ou a dificuldades para o transporte. A pedra recém-descoberta poderá ajudá-los a compreender melhor os métodos de mineração da antiguidade.

A pedra de Pedro e A pedra de Isa

13 setembro, 2015

Comissão da Verdade elucida atentado terrorista que matou Lyda Monteiro

Isabela Vieira, repórter do Portal EBC
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) recorrerá ao Ministério Público Federal para denunciar os agentes do Exército envolvidos na morte da secretária Lyda Monteiro. Ela foi assassinada em 27 de agosto de 1980, ao abrir uma carta-bomba endereçada ao então presidente da entidade, seu chefe, Eduardo Seabra Fagundes, e entregue na sede da entidade, no Rio, por militares do Centro de Informação do Exército (CIE). O desfecho do caso veio a público sexta-feira (11), após investigações da Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro.


De acordo com a Comissão da Verdade, a bomba que matou Lyda Monteiro foi confeccionada pelo sargento Guilherme Pereira do Rosário e entregue na OAB pelo sargento Magno Cantarino Mota, o Guarany, a mando do coronel Freddie Perdigão Pereira, à época, comandante do Centro de Informação do Exército (CIE). Eles estavam também envolvidos no fracassado atentado do Riocentro, em 1981, quando planejavam colocar uma bomba no pavilhão onde ocorria um show comemorativo do Dia do Trabalho, mas explodiu no colo do sargento Rosário, quando manipulava o artefato dentro do carro no estacionamento do centro de exposição, na zona oeste da capital fluminense. O sargento morreu no local.
A elucidação do atentado que matou Lyda Monteiro foi possível após depoimentos de uma testemunha-chave, à época funcionária da OAB, que viu o sargento Guarany – único dos envolvidos ainda vivo, morando no Rio – deixar a carta na sede da entidade. Ela reconheceu o militar após analisar fotos em que ele aparece socorrendo colegas no atentado do Riocentro. Para proteger a testemunha de qualquer represália, a Comissão da Verdade não divulgou o seu nome.
O presidente nacional da OAB, Marcus Vinicius Furtado Coêlho, disse que a Lei de Anistia, aprovada em 1979, não perdoa os crimes cometidos por agentes do Estado após a sua promulgação. O atentado que matou Lyda Monteiro aconteceu em agosto de 1980. "A Lei da Anistia diz respeito aos fatos ocorridos previamente. Ela não pode anistiar fatos que irão acontecer", disse o presidente da entidade após participar do evento que anunciou o desfecho do caso.
A presidenta da Comissão da Verdade do Rio de Janeiro, a advogada Rosa Cardoso, que integrou a Comissão Nacional da Verdade, disse que o sargento Guarany vem sendo convidado a esclarecer o ocorrido desde 2014, mas se recusa a falar sobre o assunto. Segundo Rosa, o esclarecimento do atentado na OAB ajuda a reafirmar a democracia, em um momento que pessoas saem às ruas pedindo a volta do regime militar.

Fugindo (sem dinheiro) do Inferno

Em uma recriação de "The Great Escape" (título do filme no Brasil: "Fugindo do Inferno"), duas crianças de um jardim de infância, em Magnitogorsk, Rússia, usando secretamente pás por vários dias, cavaram um túnel para fora da escola. Depois de saírem, eles caminharam 2 km até uma concessionária de carros Jaguar. Sua intenção era certamente compreensível: elas queriam comprar um carro esportivo.
O ABC News relatou:
Uma motorista, notando as crianças desacompanhadas, perguntou o que elas estavam fazendo. Elas disseram-lhe que haviam saído da escola para comprar um Jaguar, mas não tinham dinheiro.Ela colocou-os em seu carro e conduziu-os a uma delegacia de polícia.
As crianças poderiam ter tido êxito no plano, se estivessem com dinheiro.

Um cavalo cavalheiro

Existem cenas românticas no mundo animal. Como, por exemplo, a que é mostrada neste vídeo: um cavalo que, depois de ter ido buscar um punhado de feno para a namorada, desfruta com ela do repasto, no melhor estilo de A Dama e o Vagabundo.


12 setembro, 2015

Ultrapostagem

Em postagem anterior neste diário eletrônico mostrei um carro ultrapassando outro de uma forma inacreditável.
Não tentem repetir a proeza fora de uma corrida de competição.
Para o trânsito urbano usual recomendo esta, que é "mamão com açúcar":


Traffic Control, Ryan Nice, Google+

Standard & Poor's

A credibilidade e os conflitos de interesses de uma agência de classificação de riscos
A agência Standard and Poor's baixou a nota do Brasil de BBB- para BB+, tirando seu grau de investimento (espécie de selo de bom pagador). Esta decisão da agência, em sua avaliação sobre os riscos do país, poderá custar bilhões à economia do Brasil pela potencial fuga de investimentos, isto é possível.
Há alguns meses, no entanto, quem se via sob fogo cerrado era a própria instituição: a Standard and Poor's foi ré em um processo movido pelo Departamento de Justiça dos EUA, que acusou a agência de ter mascarado o grau de risco de investimentos nos chamados papéis subprime, os vilões da crise financeira desencadeada em 2008.
Segundo as acusações, a empresa teria propositalmente ocultado chances de prejuízos.
Em um acordo extrajudicial, anunciado em 3 de fevereiro, a Standard and Poor's concordou em pagar ao Tesouro americano o equivalente a quase US$ 1,4 bilhão (R$ 5,4 bilhões, na cotação atual). O episódio reacendeu o debate sobre a credibilidade das agências de classificação de risco e os possíveis conflitos de interesses envolvendo suas atividades.
Usados como referência para chancelar investimentos seguros em todo o mundo, os ratings da Standard and Poor's foram criticados por sua atuação em várias situações, colocando em xeque a sua credibilidade de classificação de risco. O caso mais notório foi quando a "agência de risco" classificou o banco de investimento estadunidense Lehman Brothers com a nota AAA (grau de investimento seguro), até a manhã em que ele quebrou em 15 de setembro de 2008, detonando a crise financeira global daquele ano.
N. do E.
– Ora, não sejamos tão exigentes. Qualquer "agência de risco" está sujeita a confundir um banco de investimento com uma pilha palito. (PGCS)

Pareidolia - 3

Por favor,
ajude a libertar os bebezinhos que estão presos em seu joelhos.


+ pareidolias:
1, 2 e O coração de Plutão

11 setembro, 2015

Um coelho, muitas cajadadas

por Marcos Bagno (*)
Certa vez, um editor português pediu à escritora brasileira Raquel de Queirós permissão para fazer mudanças em seu texto a fim de que pudesse ser publicado em Portugal.
Raquel negou e ainda escreveu:
"Acontece que esse caçanje, esses pronomes mal postos, essa língua que lhes revolta o ouvido é o nosso modo normal de expressão e – ouso dizer – a nossa língua literária e artística. Já não temos outra e voltar ao modelo inflexível da fala de Portugal seria, para nós, a esta altura, uma contrafação impossível e ridícula."
Ler este texto na íntegra em Jornal do Romário.
(lembrado por Fernando Gurgel)

Outras notas no blog EM
... em que Raquel de Queirós é citada: O centenário de Raquel de Queirós e Doutor em MPB
... em que Marcos Bagno é citado: Língua x Dialeto e A língua muda a nossa maneira de ver e recordar o mundo?

¯\_(' ! ')_/¯

Apesar da gravidade da situação, não posso deixar de rir, ao lembrar a piada de um português que fazia vôos turísticos no Rio de Janeiro em um helicóptero.
Um dia, foi vítima de um terrível acidente em que somente ele se salvou.
Morreram o copiloto e um jovem casal.
Ao depor contou: "Ai, meu Deus, tenho que contar tudo aquilo??. Raios... Olha seu doutor, domingo de manhã, eu o Manuel, meu copiloto, pegamos um casal em lua-de-mel e fomos fazer o nosso roteiro turístico. Eu mostrava a paisagem: - Ali à direita temos uma bela vista do Pão de Açúcar, à esquerda os senhores podem ver... Acontece que o casal, sentado no banco de trás, ao invés de olhar a paisagem, estava a agarrar-se. Do retrovisor eu via tudo. O gajo botou os peitinhos dela pra fora e ficou beijando. Ela logo, agarrou o trabuco do gajo e ficou balançando pra lá e pra cá. De vez em quando a coisa mirava em mim. Eu estava cada vez mais preocupado, mas, fazer o quê, não posso espantar a freguesia. De repente, o copiloto deu um grito alucinado: - OLHA O JACTO!!!. Me abaixei com uma rapidez que o senhor não acredita. Pensei que era o jacto da porra era a porra do jacto." (FGF)

Notas chilenas

1
... y ese mar que tranquilo te baña
te promete futuro esplendor.
Hino do Chile

22 de maio de 1960, o tsunami chileno.
O grande terremoto do Chile, um dos mais intensos terremotos já registrados, ocorreu na costa sul-central do Chile, gerando um dos mais destruidores tsunamis do século XX. Morreram por volta de 250 mil pessoas.

2
As elites do Chile que apoiaram o golpe contra o presidente Salvador Allende, em 11 de setembro de 1973, talvez não acreditassem que o regime de Pinochet fizesse da brutalidade sua regra de governo.

Números oficiais dão conta de 60 mil vítimas do regime, sendo 3.227 mortos. [...] Mas, tal e qual o personagem Esteban Trueba, do romance de Isabel Allende, o que espanta mesmo as elites é a possibilidade de que um de seus filhos seja vítima do monstro que soltaram nas ruas para reprimir a plebe. – Marcus Vinicius

10 setembro, 2015

O satânico inventor da internet

Entrevista
– É por isso que eu criei a internet. Assim meus feitos vão ficar para sempre.
– Você inventou a internet?
– Sim. Bem, quero dizer, partes da internet. Eu inventei a seção de comentários, as etiquetas do Facebook, a mensagem de "espere, carregando"...
– Puxa!
– E você já concordou sem ler com um daqueles "termos de uso"?
– Sim, sempre.
– Rá! Eu vejo você em breve!


Orai e desconectai

A Tabela Periódica do Google

Uma tabela periódica dos elementos químicos pode dizer muito sobre eles. Como seus números atômicos, pesos atômicos e seus símbolos químicos. Não pode, no entanto, dizer quanto existe de cada elemento químico no Sol.
Mas esta tabela periódica interativa da Google Research pode.
Em partes por milhão, ela mostra o que existe de cada elemento químico no Sol, na crosta terrestre, nos oceanos e no corpo humano. E quanto cada um é mencionado nos livros.
Em cubos ou em barras, escolha.

Slideshows
TABELAS PERIÓDICAS 1 e 2

08 setembro, 2015

Terminologia automotiva

A filha pergunta:
"Ô pai, há algo que meu namorado me disse ontem que eu não entendi. Ele disse que eu tenho um belo chassi, airbags encantadores e um para-choque fantástico."
Responde o pai:
"Pois diga a seu namorado que se ele abrir o seu capô e tentar verificar o óleo com a vareta, eu vou apertar suas esferas de rolamento com tanta força que seus faróis vão saltar e ele vai começar a vazar pelo cano de escape."

Uma lição de humildade

Se representarmos o Sistema Solar por livros em que a espessura de cada página seja igual a um milhão de quilômetros, o Sol estaria na página 1 do primeiro volume.
Júpiter estaria na página 283 do segundo volume; Saturno, na 433 do terceiro; Urano, na 383 do sexto, e Netuno, na 53 do décimo.
Mercúrio, Vênus, Terra, Marte e o cinturão de asteroides ficariam todos no primeiro volume.
Quando penso nesta comparação, não posso evitar de pensar em quanta razão tinha Carl Sagan ao dizer que a astronomia era uma lição de humildade.
Outro dado curioso é que todos os planetas do Sistema Solar cabem nos 384 mil quilômetros, em média, que há entre a Terra (à esquerda dos demais planetas da ilustração) e a Lua (à direita):

07 setembro, 2015

Um ponto pedante

"Eu odeio o termo "cair no domínio público". As coisas não caem no domínio público, como telefones celulares descuidados que caem numa piscina. Elas são libertadas das amarras do direito do autor e de sua escravidão pelo Estado. Elas crescem junto à imaginação do público. O domínio público é o lar natural de todas as idéias e todos os conceitos - a pátria ancestral ao qual eles regressam triunfantes do exílio." - Alex Scrivener

Que é um país?

por Fernando Brito, Tijolaço
Eu não sou, na essência humana, em nada diferente de um finlandês, de um birmanês, de um sudanês ou de um japonês.
Mas sou, culturalmente, diferente de todos eles.
É que padeço do "mal" de ser brasileiro, um prato que tem mais ingredientes que qualquer receita que eu conheça, cozido e frito ao calor dos trópicos, numa panela quase continental, onde cabe quase tudo e quase nada é demais.
Em algum ponto da minha história há uma taba, um açoite nas costas e um chicote na mão, um veludo e uma tanga, um nativo e um imigrante, todos eles a se misturarem e a me ensinarem a tolerância.
E ela, embora traga prejuízos, os traz menores, porque a nós mesmos, mais que aos outros.
Sou mestiço, ainda bem, cheio de coisas boas e ruins, que se confundem, como o leite do leiteiro de Drummond, numa nova cor, à qual chamamos aurora.
Ainda bem que não sou puro, porque a pureza é irmã da intolerância e da pretensão: o fundamentalista, o "imitador de Cristo", o hipócrita, o lacerdista, o talibã, o ariano, a raça (física ou moral) eleita para dominar e subjugar.
Assim, posso ser um branco azedo ou um crioulo retinto e ser a mesma coisa. Uma vez, aliás, a pesquisadora do Censo, eu vi, marcou branco como minha cor e se desconcertou quando lhe perguntei se, caso ela lavasse seus lençóis e eles ficassem da minha cor, continuaria usando o mesmo sabão.
Mas há uma coisa que em quase nenhum povo no mundo pode ser igual a mim, igual a nós.
É que estou construindo um país, enquanto os outros, quase todos, ou já o têm pronto, ou talvez nunca o tenham, porque a globalização – tecnológica, cultural ou, sobretudo, econômica – os pegou verdes demais para resistir a esta máquina de moer culturas.
Não se iludam, este triturador anda aqui também.
Mas já encontra a gente meio endurecido e, no liquidificador cultural, nos sobram pedaços "imoíveis".
O Sete de Setembro não é um chilique de D. Pedro, amofinado pelas ordens que lhe vinham da corte lisboeta – da qual aliás, veio a ser a majestade, Pedro IV .
É uma história que vem de longe, lá dos Guararapes, onde a conveniência portuguesa permitiu que se fundasse a ideia de que, se somos índios, negros e brancos para morrer, também o podemos ser para viver.
Algo que séculos depois continua sendo decidido, um mês depois da festa – que festa? ninguém comemorou! – da Independência.
Eu não quero ser igual a eles, quero ser igual a nós.
Não quero colonizá-los, como fizeram a nós, nem saquear-lhes as riquezas, como fizeram às nossas.
Quero trazer deles, do mundo inteiro, e quanto puder, o melhor da humanidade, o imaterial: a arte, a música, os livros, a ciência, a filosofia e o reconhecimento de que sou tão humano quanto um finlandês, um birmanês, um sudanês ou um japonês.
E também não quero ser seu jardim, sua horta, seu pomar, sua floresta.
Sou de um país que pretende, apenas, levantar-se de sua genuflexão secular e dizer apenas: sou o Brasil, sou eu mesmo, sim senhor.

06 setembro, 2015

Etiqueta na pesca

Um dia, dois caras, Joe e Bob, estão pescando. Quando passa um cortejo fúnebre sobre a ponte em que eles estão a pescar, e Bob tira o chapéu, colocando-o sobre o coração. E permanece nessa posição respeitosa durante a passagem do funeral.
Joe comenta:
– Puxa, cara, eu não sabia que você tem tanto sentimento...
E Bob responde:
É o mínimo que eu poderia fazer. Afinal, eu estava casado com ela há 30 anos.

Na pesca como passatempo
Devolve-se o que se pesca imediatamente à água. Havendo voluntário, o peixe não precisa ser devolvido. (PGCS)

Um lápis interminável

O apontador de Tsunago, resolve um clássico problema de quem usa lápis. Quando chega aquele momento em que o lápis fica tão curto que não é mais conveniente usá-lo (se é que não fica de todo impossível).
Através desse dispositivo (no vídeo), você pode preparar dois pequenos pedaços de lápis e em seguida, com a adição de um pouco de cola para madeira, juntá-los para formar um lápis de comprimento maior. Se quiser, poderá fazer isso simultaneamente com várias pontas de lápis, de modo a criar um lápis interminável.
Via GIZMODO



Bem, o resultado é um lápis meio Frankenstein. Mas será que o GIZMODO tem algo parecido para os cotocos de giz?

Bônus
Slideshow DESAPONTADORES DE LÁPIS

05 setembro, 2015

Distopia, a luta final

Em breve nesta Terra
Não, definitivamente, não!
Não tenha medo do capitalismo. Muito menos do socialismo. Ou de qualquer ideologia que lhe diga como deve ser controlado o sistema de produção e de repartição do produto.
Isto, em pouco tempo, estará completamente esquecido e enterrado na memória dos que ainda puderem se lembrar desse tempo feliz em que se morria e se matava por uma ideologia.
As mentes mais otimistas criaram as mais belas utopias do planeta. Utopias que poderiam se transformar em realidade. Mas, infelizmente, a realidade é distópica.
A se julgar pelo desenvolvimento das economias, em que são geradas, cada vez mais, pessoas que não têm acesso aos mais elementares bens de sobrevivência, podemos olhar para o futuro e dizer, quase com certeza absoluta: os campos de concentração podem ser vistos com clareza em um horizonte não muito distante. Independentemente de crenças, ideologias, raças e sistemas econômicos. Isto é uma certeza.
Uma outra, mais grave, é que uma nova luta se avizinha. Uma luta que deveria começar a ser travada agora. E com rigor. Dependerá dela a sobrevivência da humanidade por mais algum tempo.
E esta luta deverá ser travada contra o que nos é mais caro: a Ciência. Não contra a Ciência das descobertas que propiciam bem-estar e progresso à humanidade. Mas contra a Ciência sem qualquer escrúpulo ou ética. A que atende apenas aos apelos do capital e da dominação de mercados. A que não tem raça, credo, ideologia ou qualquer sentido moral. A Ciência que, com seus artefatos de destruição em massa, amedrontava Carl Sagan.
Mas, sorrateiramente, as pesquisas caminharam para um lado que ele não previra. Para a Ciência que levará às últimas consequências a dominação da produção e da reprodução dos alimentos, pelo desenvolvimento de espécimes que somente podem ser cultivadas a partir de sementes fornecidas por um ou outro controlador do processo de produção dessas sementes. Sementes que geram sementes apenas para consumo, sendo estéreis e inúteis para o plantio. Sementes que, a cada plantio, têm que ser compradas de um ou dois produtores. Sementes que não geram flores e que podem acelerar a extinção das abelhas. Sementes que controlarão definitivamente a vida do ser humano.
Esta deverá ser, talvez, a última Grande Batalha antes da extinção do ser humano.
Fernando Gurgel Filho

N. do E.
Esta tecnologia, chamada de Terminator, produz plantas geneticamente modificadas para tornar as sementes estéreis. Oficialmente chamada de Tecnologia Genética de Restrição do Uso, esta técnica foi inicialmente desenvolvida pela empresa Delta and Pine – atualmente de propriedade da Monsanto, em parceria com o governo dos Estados Unidos. O objetivo da utilização das sementes Terminator é evitar que os agricultores replantassem as sementes colhidas maximizando, assim, os lucros dessa indústria. Assim, os agricultores ficarão dependentes das sementes vendidas pelas grandes empresas. Como as sementes produzidas pelas plantas não serão férteis, a prática bastante comum entre os agricultores, principalmente entre aqueles que praticam a agricultura familiar, de guardar sementes para o cultivo tornar-se-á inútil.

Operação Salomão

Em maio de 1991, as forças armadas israelenses realizaram a Operação Salomão, que consistiu em evacuar via aérea, utilizando 34 aeronaves, 14.325 judeus da Etiópia para Israel. Durante esta operação, que durou 36 horas, o Boeing 747 de carga da El Al estabeleceu um recorde, não suscetível de ser ultrapassado por muito tempo. O avião decolou com 1.122 passageiros a bordo, embora "apenas" 1.087 tenham sido registrados No compartimento de carga do avião, não havia assentos nem cintos de segurança, porém, de qualquer maneira, todos chegaram em segurança a seu destino. Dois bebês nasceram durante o voo.

microsiervos

04 setembro, 2015

Aécio de Oliveira Salazar

por Fernando Morais, via face
Em setembro de 1968 o ditador português Antonio de Oliveira Salazar, de 79 anos, sofreu uma trombose cerebral após um acidente doméstico. Sem condições de governar, foi afastado da presidência e substituído por Marcelo Caetano. Levaram Salazar para sua cidade natal, Santa Comba d'Ão, e lá montaram um falso gabinete para ele. Até morrer, dois anos depois, Salazar “despachou” como presidente, assinou falsos decretos, nomeou e demitiu ministros abstratos, concedeu audiências. Todos os envolvidos sabiam que se tratava de uma encenação. Menos o ditador, que morreu no dia 27 de julho de 1970 certo de que era presidente de Portugal.
Essa talvez seja a solução para a síndrome de presidente da república de que padece o senador Aécio Neves desde as eleições do ano passado. Levem o rapaz para São João del Rey, montem para ele um gabinete presidencial com seguranças, secretarias, ministros, introdutores diplomáticos, faixa presidencial e tudo o mais a que tem direito, constitucionalmente, um presidente no exercício do cargo. Na hora que o surto passar deem alta para ele.

Etiqueta nos negócios




"Caro senhor, o seu pagamento foi excelente."

"Ora, muito obrigado! Isso é muito gentil da sua parte. Sua fatura foi também bastante agradável."

Uma escova de dentes pode desafinar

por Paulo Gurgel
Alguém se lembra daquelas escovas de dentes dos anos 90 que tocavam uma musiquinha dentro da boca? Era uma música única que durava cerca de dois minutos, tempo considerado suficiente para uma prática de escovação. E as crianças eram o público alvo dos fabricantes das tais escovas musicais.
Como a música reverberava na cabeça, acredita-se que tenha ali começado o conceito de música-chiclete. Aquela música bobinha que fica tocando sem parar na cabeça de alguém até o dia do cometimento do suicídio.
Um destes infelizes me relatou como conseguiu se libertar do vício musical. Ele costumava cantar em harmonia com a escova até ser expulso da banda. Na ocasião, ele não ofereceu qualquer resistência para ficar. Mas sabe o que aconteceu depois? No ano seguinte, a banda ganhou um Grammy de música latina. Até hoje ele se lamenta.
Vi na internet que é possível medir a frequência de vibração de uma escova elétrica com a utilização de um afinador de violão, guitarra ou baixo. As escovas Sonicare, por exemplo, já vem afinadas de fábrica em Dó. Aparentemente, esta nota é agradável para os autistas que passam a caprichar na escovação dos dentes. Mas não há evidências científicas a respeito desta hipótese, o que me leva a divulgar a notícia "cum grano salis".
No PubMed, há um estudo científico em que quatro escovas motorizadas (Sonicare, Philips / Jordan Sensiflex HX2520 / Braun Braun 3D e D8) tiveram suas frequência oscilatórias avaliadas através de um vibrômetro de varredura a laser, e não sei qual se mostrou significativamente superior a não sei quantas em não sei o quê.
Na figura abaixo, o leitor vê uma escova vibrando em C (Dó). Esta frequência foi registrada por um afinador Snark para ukulele, cuja afinação padrão é gCEA. Violão, guitarra elétrica e baixo de quatro cordas não apresentam a corda C em sua afinação padrão, então considero explicado.


Não é piada. Minha velha escova de dentes anda vibrando em B (Si). Como não tenho ouvido absoluto nem sensor de vibração em casa, eu tive de recorrer a um método particular para chegar a tal conclusão.
Passei as cerdas da escova nos dentes durante alguns segundos. Esforçando-me para memorizar a altura da nota que estava sendo emitida e, talvez, eu nem devesse chamar aquele ruído de nota. Em seguida, sem desperdício de tempo, peguei o violão que eu deixara por perto (exatamente para evitar a repetição de certas baixarias). E, finalmente, identifiquei a nota com o auxílio do violão: B(Si)
Acredito que a minha escova tenha desafinado ao longo de sua vida útil. De tanto roçar sobre o tártaro.