Não, definitivamente, não!
Não tenha medo do capitalismo. Muito menos do socialismo. Ou de qualquer ideologia que lhe diga como deve ser controlado o sistema de produção e de repartição do produto.
Isto, em pouco tempo, estará completamente esquecido e enterrado na memória dos que ainda puderem se lembrar desse tempo feliz em que se morria e se matava por uma ideologia.
As mentes mais otimistas criaram as mais belas utopias do planeta. Utopias que poderiam se transformar em realidade. Mas, infelizmente, a realidade é distópica.
A se julgar pelo desenvolvimento das economias, em que são geradas, cada vez mais, pessoas que não têm acesso aos mais elementares bens de sobrevivência, podemos olhar para o futuro e dizer, quase com certeza absoluta: os campos de concentração podem ser vistos com clareza em um horizonte não muito distante. Independentemente de crenças, ideologias, raças e sistemas econômicos. Isto é uma certeza.
Uma outra, mais grave, é que uma nova luta se avizinha. Uma luta que deveria começar a ser travada agora. E com rigor. Dependerá dela a sobrevivência da humanidade por mais algum tempo.
E esta luta deverá ser travada contra o que nos é mais caro: a Ciência. Não contra a Ciência das descobertas que propiciam bem-estar e progresso à humanidade. Mas contra a Ciência sem qualquer escrúpulo ou ética. A que atende apenas aos apelos do capital e da dominação de mercados. A que não tem raça, credo, ideologia ou qualquer sentido moral. A Ciência que, com seus artefatos de destruição em massa, amedrontava Carl Sagan.
Mas, sorrateiramente, as pesquisas caminharam para um lado que ele não previra. Para a Ciência que levará às últimas consequências a dominação da produção e da reprodução dos alimentos, pelo desenvolvimento de espécimes que somente podem ser cultivadas a partir de sementes fornecidas por um ou outro controlador do processo de produção dessas sementes. Sementes que geram sementes apenas para consumo, sendo estéreis e inúteis para o plantio. Sementes que, a cada plantio, têm que ser compradas de um ou dois produtores. Sementes que não geram flores e que podem acelerar a extinção das abelhas. Sementes que controlarão definitivamente a vida do ser humano.
Esta deverá ser, talvez, a última Grande Batalha antes da extinção do ser humano.
Fernando Gurgel Filho
N. do E.
Esta tecnologia, chamada de Terminator, produz plantas geneticamente modificadas para tornar as sementes estéreis. Oficialmente chamada de Tecnologia Genética de Restrição do Uso, esta técnica foi inicialmente desenvolvida pela empresa Delta and Pine – atualmente de propriedade da Monsanto, em parceria com o governo dos Estados Unidos. O objetivo da utilização das sementes Terminator é evitar que os agricultores replantassem as sementes colhidas maximizando, assim, os lucros dessa indústria. Assim, os agricultores ficarão dependentes das sementes vendidas pelas grandes empresas. Como as sementes produzidas pelas plantas não serão férteis, a prática bastante comum entre os agricultores, principalmente entre aqueles que praticam a agricultura familiar, de guardar sementes para o cultivo tornar-se-á inútil.
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