21 março, 2025

Vamos ver o que o tempo traz

Era uma vez um agricultor muito humilde, mas muito sábio, que trabalhava arduamente a terra de sol a sol junto com seu filho.
Um dia, o filho lhe disse: "Pai, uma desgraça aconteceu conosco, o cavalo desapareceu".
O pai respondeu: "por que você acha que é uma desgraça? Vamos ver o que o tempo traz."
Alguns dias depois, o cavalo voltou, acompanhado por outro cavalo. Então o filho disse: "pai, que sorte, nosso cavalo trouxe outro cavalo". O pai disse novamente "por que você acha que é sorte? Vamos ver o que o tempo traz".
Depois de alguns dias, o rapaz quis montar o cavalo recém-chegado e este, não acostumado ao cavaleiro, ficou furioso e o jogou no chão. E o jovem quebrou a perna.
O rapaz exclamou: "Pai, que desgraça, quebrei minha perna!" E o pai, com sua experiência e sabedoria, disse: "Por que você chama isso de desgraça? Vamos ver o que o tempo traz." O jovem não estava completamente convencido da filosofia do pai, mas recolheu-se em sua cama.
Alguns dias depois, os enviados do rei atravessaram a aldeia, procurando jovens para levá-los à guerra, chegaram à casa do camponês e viram o jovem com a perna quebrada, deixando-o e continuando o caminho.
O jovem entendeu então que, em muitas ocasiões o que parece um infortúnio é uma bênção disfarçada. Que sorte ou azar não são acontecimentos absolutos, e que é preciso ver o que o tempo traz.

https://www.tudoporemail.com.br/content.aspx?emailid=14843

20 março, 2025

Yubizuka

Thumbs-up (sinal de positivo).Fred Cherrygarden (usuário de atlasobscura.com)

Nos tempos feudais, Denzuin era conhecido como um dos três maiores templos em Edo (Tóquio), ao lado de Zōjō-ji e Kan'ei-ji , mas hoje não é tão popular quanto os outros dois. Ainda assim, o templo é um lugar agradável e com alguns monumentos interessantes. No pequeno jardim, por exemplo, há uma escultura surreal de bronze de uma mão segurando o pulso do outro braço, que está fazendo um sinal de positivo.
Mas por quê?
O monumento é chamado Yubizuka ("monte de dedos"), mas não é um monte onde dedos decepados são enterrados. Em vez disso, é simplesmente um monumento que comemora um mestre da pressão dos dedos — ou shiatsu (*), em japonês.
Yubizuka foi doado ao templo por Tokujirō Namikoshi, uma celebridade do shiatsu conhecida como "o único japonês que massageou Marilyn Monroe". Em 1955, ele fundou a primeira escola de shiatsu no Japão, localizada ao lado do templo, que foi a conexão para trazer esta escultura um tanto bizarra para cá.
(*) O shiatsu é uma técnica de massagem originária do Japão. O terapeuta usa as mãos, o polegar e outras partes do corpo para aplicar uma pressão direta em pontos estratégicos dos meridianos do corpo, segundo a medicina oriental.

19 março, 2025

Gibi, a revista que se tornou sinônimo de HQ no Brasil

1ª edição: 12 de abril de 1939.
Editora O Globo. Formato tabloide com 32 páginas. Custava 300 réis.
Primeira série da revista foi até o número 1739, em 31 de maio de 1950.

Um dicionário de português certamente traz a definição de gibi como "nome dado às revistas de histórias em quadrinhos (HQ)" — ou algo parecido com isso. No entanto, Gibi é um termo que já significou menino, moleque, menino negro. Muitos desses garotos vendiam jornais nas ruas das grandes cidades. Foi esse pequeno vendedor negro de jornais que inspirou o nome e com que o personagem nas capas em sucessivas edições.
E o que aconteceu depois? A editora "O Globo" lançou uma uma revista em quadrinhos chamada Gibi. Na capa, como um símbolo, todos os seus números traziam uma representação negativamente estereotipada de um menino negro, o tal "gibi", mascote que emprestava nome à publicação. 
E o sucesso de vendas da revista no Brasil acabou transformando a palavra gibi em sinônimo de revista de histórias, além de inspirar as bibliotecas brasileiras a dotarem a denominação de gibiteca para seus acervos de HQ.
Não estar no gibi (exemplo: essa notícia não está no gibi), diz-se quando algo é incrível ou fora do comum.
Fonte: http://www.bbc.com/portuguese/articles/cg3ldpgvgnlo

Do gibi à gibiteca: origem e gênese de significados historicamente situados
Autor: Richardson Santos de Freitas
Monografia apresentada em 14 de dezembro de 2023 à Escola de Ciência da Informação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), como atividade optativa do curso de graduação em Biblioteconomia.
RESUMO
Esta pesquisa faz um estudo sobre a palavra gibi, através do método histórico, investigando as mudanças de seu significado e sua assimilação sociocultural. Considera-se que esse gênero artístico e fonte de informação para desenvolvimento de coleções especiais prescinde de estudos críticos sobre abordagens teóricas, lexicais e historiográficas para melhor compreensão desses materiais para o desenvolvimento de coleções. Nesta investigação, os primeiros registros foram encontrados em jornais de 1888, pesquisados na Hemeroteca Virtual da Fundação Biblioteca Nacional do Brasil. Constatou-se que inicialmente gibi era um apelido atribuído a pessoas negras. Posteriormente, transformou-se em uma gíria racista direcionada aos meninos negros, possuindo o sentido pejorativo de feio e grotesco, publicados em anúncios e em páginas de quadrinhos de periódicos. Depois a palavra passou a ser usada para designar os meninos negros que vendiam jornais nas ruas. Desses pequenos vendedores surgiu a inspiração para o título da revista Gibi, lançada em 1939 pela editora O Globo. O sucesso de vendas da revista, a ampla publicidade, o investimento em relações públicas e o cenário de críticas aos quadrinhos vindas principalmente de adversários da editora transformaram a palavra gibi em sinônimo de revista de histórias em quadrinhos no Brasil, fazendo o sentido original cair em desuso. A popularização do termo inspirou as bibliotecas brasileiras a adotarem a denominação de gibiteca para seus acervos de quadrinhos.
Fonte: http://nanquim.com.br/do-gibi-a-gibiteca/

18 março, 2025

Pensamento

Às vezes, no processo de escrever instruções boas para o ChatGPT, acabo resolvendo meu próprio problema, sem sequer precisar enviá-las.
~ Steph Smith
Antes do ChatGPT, não chamavam isto de pensar?

Donald "Jabba" Trump

Mundo ao Minuto - Neste domingo (16), o deputado Raphaël Glucksmann, que representa a França no Parlamento Europeu, sugeriu que os Estados Unidos devolvessem a Estátua da Liberdade, que foi oferecido pela França no centenário da Declaração da Independência dos Estados Unidos.
Glucksmann, que é um grande defensor da Ucrânia, fez a sugestão após as medidas que estão sendo tomadas pela administração Trump na guerra da Rússia. O parlamentar justificou que os EUA já não se guiam pelos valores que levaram Paris a dar este presente.
O eurodeputado fez críticas não só à atuação de Washington em relação á guerra na Ucrânia, e à aproximação a Vladimir Putin, mas também contra as demissões que estão acontecendo em instituições públicas, como em organizações de pesquisas nas áreas da saúde e do clima.

17 março, 2025

Como um soldado lidou com suas doenças na guerra

Roland Bartetzko
ex-membro do Exército de Libertação de Kosovo
Quando cruzei as montanhas entre Kosovo e Albânia, tive uma gripe forte. Não conseguia dormir, estava totalmente congestionado e até tive um pouco de febre.
Não havia médico nem paramédico, mas não importava. Nunca teria passado pela minha cabeça pedir ajuda médica a alguém.
Estávamos em uma pequena trilha na montanha onde pessoas que já haviam passado por ali haviam sido emboscadas ou pisado em minas antipessoais.
Eu estava preocupado em levar um tiro, e não com a febre,  a dor de cabeça ou com o ranho no nariz.
Uma vez em Kosovo, tive um caso muito ruim de diarreia. Eu não estava acostumado com a comida de lá e meu estômago se revoltou. Por quase dois meses, não consegui defecar normalmente; tudo o que saía do meu traseiro era um fluxo aquoso.
Foi tão ruim que senti inveja quando via que alguém havia deixado um dejeto "de verdade" no vaso sanitário. Fiquei pensando: "Será que algum dia conseguirei produzir algo firme e saudável como esse 'torpedo' marrom?"
Ficar com ciúmes das fezes dos outros, era assim que eu me sentia!
Eu fui ao médico? Claro que não. Eu me sentia mal, mas estava vivo. Eu não estava morrendo. Tentei me manter hidratado e, eventualmente, melhorei.
Outros soldados tiveram problemas semelhantes, alguns deles estavam até piores do que eu. Éramos todos jovens e geralmente em boa forma física, e pensávamos que a diarreia não nos mataria.
Estávamos certos. Todos nós sobrevivemos às nossas pequenas doenças, mas alguns de nós não sobreviveram à luta.
Afinal, havia uma guerra acontecendo! Enquanto não houver nada quebrado ou você estiver sangrando muito, você se cala e continua.
O Blog EM não se responsabiliza pelos autocuidados de um correspondente de guerra.

16 março, 2025

Aulão de violão

Com o mestre Robson Miguel

Música = ritmo (corpo) + melodia (espírito) + harmonia (alma)

15 março, 2025

O mapa alternativo de Portugal pelos portugueses


Jardim da Europa à beira-mar plantado
É verso de Tomás Ribeiro (1831-1901) incluído no poema "A Portugal", que abre o seu livro "D. Jayme" (1862). Este poema, constituído por 15 oitavas, dá, de resto, o mote do livro em seu acentuado pendor nacionalista. Dele se transcreve uma das estrofes:

"Jardim da Europa à beira-mar plantado
De louros e de acácias olorosas,
De fontes e de arroios serpeado,
Rasgado por torrentes alterosas,
Onde num cerro erguido e requeimado
Se casam em festões jasmins e rosas;
Balsa virente de eternal magia
Onde as aves gorjeiam noite e dia."

14 março, 2025

A aquisição do fascista Tech Bro está aqui

Joan Westenberg (@Daojoan) expõe a verdade nua e crua do que está acontecendo em nosso redor:

O futuro dos Estados Unidos não é mais decidido em Washington. Esse navio já partiu. Agora é ditado nos bunkers, jatos particulares e complexos de um Vale do Silício ideológico, por bilionários e extremistas da riqueza com a intenção de tratar a democracia como um incômodo que deve ser afastado. Esses homens — criados em uma imprensa raivosa que mitificou sua existência em suas vidas, os chamou de Wunderkind (do alemão wunder "prodígio" + kind "criança) e os tratou como algo acima e além da mera mortalidade — consumiram uma dieta constante de fanfics (de fan fiction, escritas ficcionais feita por fãs, baseadas em obras existentes) por  libertárias e autoritárias e, em seus estertores, conceberam uma nova ordem, projetada para servir seus egos elevados a todo e qualquer custo.

A Internet deveria ser o grande equalizador. Ela deveria ser uma força que destruísse hierarquias e desse poder às pessoas comuns. Em vez disso, ela permitiu a extração de riqueza e a avareza de um cartel de déspotas superalimentados e supermimados que enriqueceram em nome da inovação, sangraram o mundo até o ponto de um colapso quase total, intelectualizaram seu fetiche de poder e agora veem as instituições públicas como os obstáculos finais a serem desmantelados em sua busca egoísta e delirante por mais.

O declínio da América para o fascismo (envolto na bandeira e carregando uma cruz, segundo Elisabeth Vallet) foi permitido, apoiado, nutrido e encorajado por bilionários da tecnologia e CEOs que estão tão distantes da humanidade e do florescimento humano que se imaginam melhores administradores da nossa existência do que nós. Era evitável. É deplorável. E deveria ser uma afronta a qualquer um que acredite em liberdade, determinação e autonomia.

Este não é um debate abstrato ou uma preocupação distante. Esta não é uma teoria da conspiração, embora, em algum nível, seja claramente uma conspiração. O deslizamento autoritário nos Estados Unidos está acontecendo hoje, possibilitado por bilionários que veem a governança como uma ferramenta para ganho pessoal. A democracia está sendo desmantelada em tempo real, não por meio de golpes militares, mas por meio de aquisições corporativas, propaganda algorítmica e a influência descontrolada da riqueza.

Leia o ensaio completo em theindex.media.

Os grifos são nossos. PGCS

13 março, 2025

A linha reta mais longa do mundo

deve ser a Linha Mason–Dixon, um limite de demarcação entre quatro estados dos Estados Unidos. Faz parte das fronteiras da Pensilvânia, Virgínia Ocidental, Delaware e Maryland. O levantamento dessa linha de fronteira foi feito quando esses territórios eram ainda colônias inglesas.
Foi traçada por Charles Mason e Jeremiah Dixon entre 1763 e 1767, para resolver um conflito de fronteiras na América do Norte colonial.
Na cultura popular, e especialmente desde o chamado Compromisso do Missouri de 1820, usa-se simbolicamente a linha Mason–Dixon como uma fronteira cultural que divide o norte do sul dos Estados Unidos. (Wiki)

12 março, 2025

Furtando a Lua

Esta série de fotos foram tiradas por Cris Froese, da Polônia. É chamada de "Furtando a Lua", e o fotógrafo levou 2 anos até obter estes resultados  em 2021.


Lembram as fotos da fotógrafa russa Diana Badmaeva. Em 2019, junto com o marido, Diana capturou a cena de um homem que "colocou o Sol no porta-malas de um carro".

Pesquisar bộ ảnh "cất trăng vào cốp" gây sốt trên mạng xã hội no Google.

11 março, 2025

Lé com lé e cré com cré

Significado: Cada qual com os da sua igualha ou da mesma condição social ou moral.
Origem desta sentença (segundo Monteiro Lobato): Leigo com leigo e clérigo com clérigo.
Exemplos:
"Contenta-te com o teu estado, Sancho? respondeu Teresa, e não te queiras levantar a outros maiores, e lembra-te do rifão que diz: lé com lé e cré com cré." (Trecho do livro "Dom Quixote", de Miguel de Cervantes, Cap. VI, Segunda Parte)

O que teria a Olimpíada com a tal Ceia? Pensem, usem o cérebro! Olimpíadas tem a ver com o Olimpo, o que retrata o quadro. Apenas pensem. Relacionem lé com cré. É tão difícil assim? (Zé de Abreu) 

10 março, 2025

Cabra-do-paraíso?

- Nã, na nã, na nim, na não.
O nome é "Antílope da Nuvem III". Não é um animal de verdade.
Tem cabeça e pernas fundidas em resina, armação de argila de polímero e arame resistente, com um pouco de peso adicionado à área do quadril e coxas para ajudar a equilibrar a cabeça. Seu casaco fofo é feito de pele sintética, costurada à mão no corpo antes de cortar o cabelo e dar um pouco de cor.
É um objeto artístico articulável, portanto.
https://fruitbatphoenix.com/posable/cloud-antelope-iii.php

Comentário no Xuitter: 
Consta que o criador entrou com um processo contra o Pinterest que divulgou a imagem sem a respectiva marca d'água.

09 março, 2025

O único longa-metragem de Liechtenstein

O minúsculo Principado do Liechtenstein é, numa base per capita, uma nação muito rica. Mas com uma população de apenas 39.000 pessoas, existem certas características comuns entre nações maiores que lhe faltam, como aeroportos, um exército, uma moeda e até embaixadas em terras estrangeiras. Também carece de uma indústria cinematográfica centrada no país, produzindo filmes por e para o Liechtenstein e empregando principalmente seus próprios cidadãos.
No entanto, há um longa-metragem que pode ser considerado um verdadeiro filme de Liechtenstein, pois foi rodado naquele país e conta uma história que ali se passa. O filme "Kinder der Berge", de 1958, que conta a história de um entalhador de Liechtenstein que vivencia um milagre atribuído a uma estátua da Virgem Maria que ele esculpiu.
Os atores são principalmente alemães e suíços, sendo o personagem principal interpretado pelo aclamado ator suíço Maximilian Schell. Mas um príncipe e uma princesa desta monarquia alpina também aparecem para dar a este filme um sabor definitivo de Liechtenstein.

Sinopse
Josef Rainer é um trabalhador rodoviário numa aldeia montanhosa no Liechtenstein. Sua esposa, Marianne, trabalha como garçonete em um restaurante para ganhar o escasso dinheiro das tarefas domésticas. Algumas pessoas se perguntam por que ela se casou com aquele pobre diabo, já que poderia ter se casado por dinheiro. Mas ela fica com o afiado entalhador. Ele cria objetos fantásticos feitos de raízes de árvores, mas os moradores zombam dele. A família sonha em ter uma vaca para ser mais independente. Um dia Josef junta todas as economias e vai ao mercado de gado. Por falta de dinheiro, um fazendeiro esperto dá-lhe uma vaca magra e doente. Os filhos Hansli e sua amiga Ludmila levam a vaca a sério. Ludmila ainda empresta seu nome ao animal. Algum tempo depois, Josef cai de uma montanha e fica muito tempo sem poder trabalhar. Então decide-se que a vaca Ludmila, que não produz leite, deve ser abatida. Para evitar isso, Hansli a leva secretamente para um pasto alpino. Um milagre acontece: a vaca Ludmila passa a produzir, depois de comer uma erva especial, mais leite do que qualquer outra vaca. Os aldeões atribuem isso à estátua de madeira da Virgem Maria que Josef fez com a raiz de uma árvore.
https://www.neatorama.com/2023/12/31/Kinder-of-Berge-Liechtensteins-Only-Feature-Film/
https://www.imdb.com/title/tt0051817/plotsummary/?ref_=tt_ov_pl

08 março, 2025

Aumentam ataques russos à Ucrânia após posse de Trump

Os ataques de drones e mísseis russos à Ucrânia aumentaram enormemente desde que Donald Trump tomou posse em janeiro de 2025. Dados do instituto norte-americano Institute for the Study of War mostram picos notáveis no número de ataques nos últimos dois meses.

Dia Internacional da Mulher

8-mar-2025
"Imagine o quanto a sociedade seria mais avançada hoje se as mulheres, que representam metade do poder cerebral do mundo, fossem social e intelectualmente emancipadas desde o início da civilização."
~ Neil deGrasse Tyson

07 março, 2025

A paciência das coisas comuns



Tenho pensado como Pat Schneider pensa
sobre a paciência das coisas comuns.
(E o que é mais generoso do que uma janela?)
Pois havia em minha casa basculantes
que eram como a gente tratava na intimidade
uma janela de vidros basculantes.

06 março, 2025

Amigos de sempre

Carta escrita por Paulo Freire, em 31 de maio de 1968, desde Santiago, no Chile, a seu amigo Ariano Suassuna. Na correspondência, Paulo Freire agradece ao “fraterno, risonho e confiante” amigo pelo apoio “desde o primeiro momento” de perseguição política, que resultou no exílio de Freire naquele país. Esse importante documento faz parte do acervo documental de Ariano Suassuna, que foi organizado, em 2007, sob coordenação do professor Carlos Newton Júnior (Departamento de Artes, CAC/UFPE). DOI: 10.51359/2675-7354.2021.251437

Querido amigo Ariano:
Há poucos dias lhe escrevi, perguntando-lhe, inclusive, como andava minha situação. Volto agora a fazê-lo, depois de ter sido informado pela imprensa, brasileira e chilena, do resultado de meu processo e de ter recebido um telegrama amigo de Monte e Paulo Cavalcanti, confirmando a notícia.
Escrevo-lhe agora, meu velho amigo, para dizer-lhe de minha sincera gratidão pelo interesse que você teve, desde o primeiro momento, por meu caso. Nunca me esqueço de sua valentia de querer bem, quando, ao chegar ao aeroporto do Recife, vindo de Brasília, num momento em que tudo era penumbra, interrogação, desconfiança, medo, denúncia, fuga, negação; em que os “amigos”, antes e depois que o galo cantasse — não importava — diziam: “Quem é? Não conheço. Jamais vi este homem!” ou, o que era pior: “Conheço este homem, sempre desconfiei de suas intenções malvadas”, lá estava você, fraterno, risonho, confiante, ao lado de Monte, ambos abraçando-me. Abraçando-me, quando cumprimentar-me, simplesmente cumprimentar-me, era uma ameaça a quem o fizesse.Você, Monte e outros, muitos outros, foram o contrário de alguns. Entre estes, nunca me olvido também, sem rancor e sem ressentimento, do testemunho de um professor da universidade, que, ao dobrar uma esquina — a do cinema São Luiz — me divisou a uns 10 metros de distância e fez então o mais difícil: andou de lado...
Você, pelo contrário, veio sempre de frente ao meu encontro, a nosso encontro. Encarcerado, você procurava Elza, enquanto os que andavam de lado perderam nosso endereço...
Nesta carta “sencilla” nada mais lhe direi além do meu, do nosso muito obrigado.
Do amigo-sempre,
Paulo Freire
Santiago, 31.5.68


Ao postar esta foto de Ariano e Paulo em sua página no Xwitter, Mario Lago Filho perguntou:
"Precisa mais?"
Recife, década de 1990. Fotógrafo desconhecido. Acervo dos herdeiros de Ariano Suassuna.

05 março, 2025

O gorgulho-girafa de Madagascar

Não é de surpreender que esta criatura de Madagascar (*) de aparência extraordinária receba o nome que tem por seu pescoço estupendamente longo. É três vezes mais longo no macho do que na fêmea da espécie (Trachelophorus giraffa), configurando um casal sexualmente dimórfico.
O gorgulho-girafa desenvolveu o pescoço estendido para lutar pelo direito a uma fêmea (que aguardará pacientemente o resultado da luta e que, até mesmo ocasionalmente, agirá como árbitro antes de procriar com o vencedor).


(*) Madagascar, que é uma grande ilha na costa leste da África, seu isolamento do continente fez com que muitas criaturas estranhas evoluíssem por lá, as quais não são encontradas em nenhum outro lugar do mundo.

04 março, 2025

Sobre o gênero Palindroma

Palindroma (Jocqué e Henrard, 2015) é um gênero de aranhas da família Zodariidae.
Abrange cinco espécies, e o nome de cada espécie (P. aleykyela, P. avonova, P. morogorom, P. obmoimiombo e P. sinis ) é um palíndromo, palavra que se lê da mesma forma para trás ou para frente.

03 março, 2025

Oscar de filme internacional para "Ainda estou aqui"

Em seu discurso de agradecimento, o cineasta brasileiro Walter Salles (na foto, com Fernanda Torres) dedicou o prêmio do filme à Eunice Paiva, afirmando "que ela, durante uma perda sofrida em um regime autoritário, decidiu a não se curvar e resistir".
Também agradeceu às atrizes Fernanda Montenegro e Fernanda Torres (mãe e filha na vida real), que representaram a personagem principal de "Ainda estou aqui" em períodos diferentes de sua existência.
A luta de Eunice Paiva após seu marido, o ex-deputado Rubens Paiva, ser detido e morto pela ditadura militar no Brasil (1964 - 1985), é uma evocação ao mundo do que acontece na vida cotidiana das pessoas, quando golpes de Estado obtêm sucesso.
Que a merecida premiação lembre a todos que esquecê-los não é uma boa ideia. Anistiá-los, muito menos.


Lamentável que o nome do cineasta e escritor Cacá Diegues, falecido em 14/02/2025, não tenha sido lembrado por ocasião do IN MEMORIAM da cerimônia do OSCAR 2025. Um dos fundadores do Cinema Novo, ao longo de sua carreira, Cacá Dieges fez mais de 20 filmes de longa-metragem e publicou livros sobre o cinema no Brasil.

02 março, 2025

Um dia de infâmia na Casa Branca

"Se Roosevelt tivesse dito a Churchill para pedir a paz em quaisquer termos com Adolf Hitler e entregar as reservas de carvão da Grã-Bretanha aos Estados Unidos em troca de nenhuma garantia americana de segurança, isso poderia ter sido parecido com o que Trump (UM TERNO SEM HOMEM) fez com Zelensky (UM HOMEM SEM TERNO).
~ Bret Stephens, The New York Times

CHURCHILL NA CASA BRANCA
Não vestindo terno porque seu país estava em guerra.

Miche Fambro

Mick ("Miche") Fambro nasceu e foi criado em West Philly. Quando criança, ele se apaixonou por um violão pendurado na vitrine de uma loja de penhores e convenceu sua avó a comprá-lo para ele (bem - para seu irmão, na verdade - mas essa é outra história...). Poucos meses depois, ele se viu matriculado em um programa de música de verão. O professor entrou, olhou para o pequeno Mick e disse: "Bem, primeiro - você tem que virar essa coisa." Como canhoto, Mick tinha apenas virado o violão sem se preocupar em recolocar as cordas e aprendeu sozinho algumas músicas antes do início das aulas. Diante da insistência de que ele recomeçasse e aprendesse do jeito "certo", Mick foi embora e nunca mais teve outra aula. Isso se tornou o padrão de sua vida.

1 - "Summertime" (de George Gershwin)
2 - "Black Orpheus" (versão em inglês de "Manhã de Carnaval", composta pelos brasileiros Luiz Bonfá e Antonio Maria, uma das canções da trilha sonora de "Orfeu Negro", filme franco-brasileiro de 1959)

Canhotos do violão
O mais célebre deles no Brasil foi Américo Jacomino (1887-1928), o "Canhoto". Filho de imigrantes italianos, aprendeu música com Ernesto, o irmão mais velho, e foi um dos responsáveis pelo "enobrecimento" do violão no Brasil. É dele a valsa "Abismo de Rosas", peça obrigatória dos maiores violonistas brasileiros, de Dilermando Reis a Baden Powell.
Outro deles foi Francisco Soares de Araújo (1926-2008), o "Canhoto da Paraíba". Tocava o violão invertendo apenas o instrumento (sem inverter as cordas), pois precisava compartilhá-lo com outros irmãos que eram destros. Tive a inesquecível oportunidade de ouvi-lo tocar, durante horas, numa das mesas do Santiago Drinks, em Fortaleza.
O que um canhoto deve fazer ao iniciar-se no violão: inverter o instrumento ou o encordoamento? Há uma nota na internet, postada por ArtMaia Music, que discute as duas opções.

E sobre os canhotos da guitarra?
Jimi Hendrix, Paul MacCartney, Eric Clapton ...

01 março, 2025

Velhos e novos tempos

Tableu vivant ou "quadro vivo" é um arranjo de atores que posam imóveis recriando uma pintura famosa.


Entenderam ou querem que eu desenhe como nos velhos tempos?

28 fevereiro, 2025

"Trinta e três"

"É a expressão que um paciente de língua latina (fr: trente-trois, it: trentatrè, ro: treizeci şi trei , esp: treinta y tres e pt: trinta e três) deve pronunciar quando um médico está ouvindo seus pulmões com o estetoscópio. De fato, o som TR ... TR ... faz os pulmões vibrarem, facilitando a detecção de uma possível anomalia respiratória."
https://www.archimedes-lab.org/numbers/Num24_69.html
Numberopedia, onde está a explicação acima, cometeu um equívoco de semiologia respiratória. No exame físico do tórax, que consta das seguintes etapas: inspeção, palpação, percussão e ausculta, o paciente é solicitado a dizer o "trinta e três" na fase da palpação (tato).
Na palpação é quando se confere o frêmito toracovocal (FTV), isto é, a vibração transmitida das cordas vocais à parede torácica. A sensação tátil será percebida com a face palmar inferior da mão do examinador, enquanto o paciente pronuncia palavras ricas em consoantes T e R.
De um modo geral, pode-se dizer que as afecções pleurais são "antipáticas" ao FTV. Nas condensações pulmonares, desde que os brônquios estejam permeáveis, o FTV torna-se mais nítido; enquanto nas atelectasias, com os brônquios ocluídos, o FTV torna-se diminuído ou mesmo ausente.
Os resultados coincidem com a manobra do FTV, porque as vibrações são facilmente percebidas no tórax pelo tato (FTV). Por isso, a ausculta da voz é pouco usada.
Quando se ausculta com nitidez a voz falada, chama-se pectorilóquia fônica (este desenho é do caricaturista cearense Luiz Sá, arrisco-me a dizer); com a voz cochichada, pectorilóquia afônica.
P.S.
O cirurgião torácico Dr. Glauco Lobo (pai), fazia a manobra do FTV utilizando-se da palavra "fevereiro".

27 fevereiro, 2025

Os vilões do fundo do mar

Cabos submarinos são conexões submersas nos oceanos entre as estações terrestres das redes que transmitem sinais de telecomunicações e internet.
No mapa abaixo, vemos a teia desses cabos interligando o mundo:


Os primeiros cabos submarinos surgiram na década de 1850 (entre a América do Norte e a Europa), após a invenção do telégrafo na década de 1830. Desde então, usamos redes de cabos para telegrafia, telefonia e para a internet. De lá para cá, a tecnologia foi refinada, mas a aparência de um deles ainda é similar.
A esses marujos, o mar reservou toda sorte de infortúnios: dos dentes de tubarões aos barcos e navios com suas âncoras.
Sim, até tubarões tentam "mastigar a internet". Há evidências de que animais marinhos tentam morder os cabos no fundo do mar. Como se vê neste vídeo do YouTube, por exemplo. No entanto, como há cabos com proteção contra "shark attacks", esses danos são menos corriqueiros. Em geral, suas mordidas não resultam em nada.
A maioria dos danos vêm da atividade humana, principalmente na pesca e na ancoragem.
Em média, causam mais de 100 incidentes por ano. Barcos de pesca e navios arrastando enormes âncoras são responsáveis por dois terços dos problemas.
Fatores ambientais como terremotos também contribuem. Menos comum ainda é algum componente submerso falhar por si próprio. E a sabotagem deliberada também pode ocorrer.

26 fevereiro, 2025

O primeiro Código QR numa calçada portuguesa

O primeiro QR Code feito numa calçada em Lisboa, no Chiado, foi criado em 2011 como parte de uma iniciativa cultural chamada "QR Code - Calçada Portuguesa". Esse projeto, desenvolvido pela agência de publicidade Cubra, consistia em um mosaico de pedras portuguesas (pretas e brancas) que formavam um Código QR funcional. Quando escaneado, ele direcionava os usuários para um site com informações históricas, culturais e turísticas sobre essa zona da cidade.
Quanto à funcionalidade atual, há relatos de que o QR Code pode não funcionar mais como antes, seja devido ao desgaste natural das pedras portuguesas ao longo do tempo ou porque o link original pode ter sido desativado. No entanto, o mosaico em si ainda está lá e é considerado uma atração simbólica e artística na região.
Se você estiver em Lisboa, vale a pena visitar o local para apreciar a criatividade do projeto, mesmo que o QR Code não esteja mais ativo. Fica na Rua Garrett, no coração do Chiado.


Quick Response

O código QR, que também poderá redirecionar o leitor para conteúdos publicados em alguns sítios na Internet, foi criado pela japonesa Denso-Wave, originalmente para identificar peças na indústria automobilística. A empresa não patenteou essa invenção, pelo que a sua utilização desde sempre é livre para quem quiser usá-la.

25 fevereiro, 2025

Fatoração

O carbono pode ser fatorado em elementos químicos que não incluem a si próprio.
Senão, vejamos:
Ca, cálcio
Rb, rubídio
O, oxigênio
No, nobélio

24 fevereiro, 2025

A história vai lembrar

Teria sido a coisa mais fácil do mundo naquela noite de 24 de fevereiro de 2022. Quando o caos estava se espalhando por toda a fronteira, quando paraquedistas russos lutavam ferozmente para tomar o aeroporto, logo abaixo da rua de seu escritório, e quando qualquer um ao seu redor poderia ser um assassino Spetsnaz disfarçado, para Zelensky ter entrado em um helicóptero e fugido. Simplesmente fugido. Ter ido para algum lugar seguro: Alemanha, França ou Grã-Bretanha, de onde, de uma confortável suíte de hotel, ele poderia emitir declarações de desaprovação.
Governantes fazem isso o tempo todo. Mas ele não o fez. Ele escolheu ficar e lutar.
O mundo sabe. E a história vai lembrar.

Adolfo, o Lobo

"And the Wolf Said" é um desenho animado criado por Theodor Seuss Geisel (Dr. Seuss) em 1941, que apareceu na PM Magazine, quando a neutralidade em relação à agressão nazista e fascista na Europa estava perdendo popularidade entre os americanos, que cada vez mais expressavam preocupação com os aliados sofrendo com a agressão nazista. Este ainda famoso desenho animado do cartunista Dr. Seuss satirizou o movimento isolacionista "America First" do início dos anos 1940, destacando seus fundamentos nativistas e absurdo moral. O desenho animado começou a circular novamente após a eleição de Donald Trump em 2016, por causa de sua evocação de "America First" em sua retórica política.
http://acampusdivided.umn.edu/still_image/and-the-wolf-chewed-up-all-the-children/


"Então, o Lobo mastigou as crianças e cuspiu seus ossos. Mas elas eram crianças estrangeiras e isso realmente não importava."

23 fevereiro, 2025

Médicos compositores do Brasil

por Paulo Gurgel Carlos da Silva

1 Zé Dantas
José de Sousa Dantas Filho (1921 - 1962), pernambucano de Carnaíba, médico obstetra e folclorista. Parceiro de Luiz Gonzaga em "Acauã", "Forró de Mané Vito", "Cintura fina", "Riacho do Navio", "A Volta da Asa Branca", "Xote das meninas", "Sabiá", entre outras canções.

2 Alberto Ribeiro
Alberto Ribeiro da Vinha (1902 - 1971), nascido no Rio de Janeiro. Compôs, em parceria com João de Barro, o "Braguinha", algumas da mais famosas marchas carnavalescas e juninas do Brasil. São de sua autoria: "Copacabana, princesinha do mar", "Yes, nós temos bananas", "Touradas em Madrid" e "Chiquita Bacana". Ele é nome de rua no Jardim Botânico, RJ.

3 Joubert de Carvalho
Joubert Gontijo de Carvalho (1900 - 1977), mineiro de Uberaba. Seu primeiro grande sucesso foi a marchinha "Taí (Pra você gostar de mim)", gravada pela jovem Carmen Miranda, em 1930. Compôs também "Minha casa", "Pierrot", com Paschoal Carlos Magno, e "Maringá", que inspirou o nome da cidade paranaense.

4 Paulo Vanzolini
Paulo Emílio Vanzolini (1924 - 2013) nasceu em São Paulo. Formado pela USP, com doutorado em Zoologia pela Universidade de Harvard, tornou-se médico em 1947. Seu primeiro LP: "11 Sambas e uma Capoeira". Em seguida, foi com "Ronda", "Volta por cima", "Samba erudito e "Praça Clóvis" que este descendente de italianos firmou o nome na MPB.

5 Max Nunes
Max Newton Figueiredo Pereira Nunes (1922 - 2014), nascido no bairro de Vila Isabel, no Rio de Janeiro. Foi ator, escritor de humor e roteirista. Formado pela Faculdade Nacional de Medicina (hoje UFRJ), trabalhou como médico cardiologista até os anos 1980. Na Rádio Nacional criou o programa “Balança Mas Não Cai”, que ganhou versões para o cinema, o teatro e a TV. Compôs "Hino à Vida", com Vicente Paiva, e a marcha-rancho "Bandeira Branca", com Laércio Alves, que foi gravada por Dalva de Oliveira, Peri Ribeiro, Altemar Dutra, Martinho da Vila e outros intérpretes.

6 Aldir Blanc
Aldir Blanc Mendes (1946 - 2020), carioca do Estácio, médico psiquiatra. Com João Bosco, seu principal parceiro, compôs "O Bêbado e A Equilibrista", "Dois pra lá, dois pra cá", "Transversal do tempo", "Mestre-Sala dos Mares" etc. Foi colaborador de "O Pasquim", do jornal carioca "O Dia" e de "O Estado de São Paulo". Publicou alguns livros, dentre eles "Rua dos Artistas e arredores", “Brasil passado a sujo", "Vila Isabel" e "Inventário da infância".

7 Janduhy Finizola
Janduhy Finizola da Cunha(1931 - 2024), natural de Jardim do Seridó-RN. Publicou livros de poesia e compôs canções para grandes nomes do forró. Seu trabalho musical mais famoso é a trilha da "Missa do vaqueiro", solicitada por Luiz Gonzaga, que o apelidou de "Doutor do baião"

8 Capinan
José Carlos Capinan (1941 -), baiano de Entre Rios, é formado em artes cênicas, direito e medicina. Ligado ao Movimento Tropicalista, Capinam, escreveu as letras de "Soy louco por ti América", de Gilberto Gil, "Clarice", de Caetano Veloso, e "Gotham City", de Jards Macalé. Também compôs"Ponteio", com Edu Lobo, "Coração Imprudente", com Paulinho da Viola, "Moça Bonita", com Geraldo Azevedo, "Papel Marchê", com João Bosco e "Cidadão", com Moraes Moreira. É imortal da Academia de Letras da Bahia.

9 Dalto
Dalto Roberto Medeiros (1949 -), nascido na Tijuca, bairro do Rio de Janeiro. Médico anestesiologista, deixou o exercício da profissão médica para seguir a carreira de compositor/cantor, após o sucesso alcançado com a canção "Muito Estranho" (Cuida bem de mim). É também autor de "Anjo" e Espelhos d'Água". Continua compondo e fazendo shows.

10 Geraldo Bezerra
Geraldo Bezerra da Silva (1949 -), cearense de Jaguaribe, médico obstetra, escritor e pesquisador. Foi presidente da Sobrames, regional Ceará, sucedendo-me neste cargo. Autor de "Volta, Luiz" (com José Carlos e Zé de Manu) e "Verdade absoluta" (com José Carlos), título de um LP de José Carlos Albuquerque.

ESTUDANTES DE MEDICINA

1 Noel Rosa
Noel de Medeiros Rosa (1910 - 1937). Nascido no bairro carioca de Vila Isabel, foi um dos mais importantes artistas da música no Brasil. Morto prematuramente aos 26 anos em decorrência de tuberculose, deixou um conjunto de canções que se tornaram clássicas dentro do cancioneiro popular brasileiro ("Último desejo", "Com que roupa?", "Feitiço da Vila", "Pierrô apaixonado", "Conversa de botequim","O orvalho vem caindo" e outras).

Noel Rosa também compôs um samba e escreveu um soneto nos quais fez referências ao corpo humano e a uma enfermidade: "Coração (Samba anatômico)" e "Ao meu amigo Edgar", respectivamente.

"Coração"
"De sambista brasileiro / Quando bate no pulmão / Traz a batida do pandeiro."
http://www.youtube.com/watch?v=dZg-yexpGVw
Gravado por Noel na Odeon, em 1932, disco 10931-B, matriz 4473, foi feito um ano antes, quando ele estudava Medicina, com um erro crasso. Ao afirmar: "Coração, grande órgão propulsor / Transformador do sangue venoso em arterial". Em 1955, Nélson Gonçalves o regravou com a letra corrigida para: "distribuidor do sangue venoso e arterial".
http://youtu.be/9-HT_JXHUVk (regravação)

"Ao meu amigo Edgar"
Em 27 de janeiro de 1935, Noel Rosa, doente (com tuberculose) em Belo Horizonte, enviou uma carta em versos a seu médico e amigo Edgar Graça Mello. Uma carta bem-humorada em que ele brincava e dizia que já estava melhor de saúde, mas que continuava com muito medo de tomar injeção. O original desta carta está nos arquivos que pertenceram ao pesquisador Almirante. Muito tempo após a morte de Noel, o sambista João Nogueira musicou-a, incluindo-a em seu LP "Vida boêmia" (EMI-Odeon, 1978).
Fonte: Songbook NOEL ROSA - Vol. 1, produzido por Almir Chediak.

"Já apresento melhoras pois levanto muito cedo
E deitar às nove horas pra mim já é um brinquedo
A injeção me tortura e muito medo me mete
Mas minha temperatura não passa de 37.

Nessas balanças mineiras de variados estilos
Trepei de varias maneiras e pesei 50 quilos
Deu resultado comum o meu exame de urina
Meu sangue noventa e um por cento de hemoglobina.

Creio que fiz muito mal em desprezar o cigarro
Pois não há material pro meu exame de escarro.
Até agora só isto para o bem dos meus pulmões

E nem brincando desisto de seguir as instruções.
Que o meu amigo Edgard arranque desse papel
O abraço que vai mandar o seu amigo Noel."

http://blogdopg.blogspot.com/2017/08/ao-meu-amigo-edgar.html

N. do E. "Cordiais saudações", de 1931, é outro samba-epistolar de Noel Rosa.

2 Belchior
Antonio Carlos Gomes Belchior Fontenelle Fernandes(1946 - 2017), nascido em Sobral, no Ceará, foi compositor, cantor, escritor e artista plástico. Estudou Medicina na Universidade Federal do Ceará, mas abandonou o curso no quarto ano, em 1971, para dedicar-se à carreira artística. Entre seus maiores sucessos estão "Apenas um rapaz latino-Americano", "Como nossos pais", "Paralelas", "Mucuripe" (com Fagner), "Galos, noites e quintais"e "Divina Comédia Humana".

http://gurgel-carlos.blogspot.com/2025/02/encontros-com-belchior.html

3 Zé Ramalho
José Ramalho Neto (1949 -), cantor e compositor. Nascido em Brejo da Cruz, na Paraíba, estudou medicina na Universidade Federal da Paraíba, mas abandonou o curso no segundo ano, atraído pela carreira artística. É autor de "Avôhai", "Sinônimos", "Chão de giz", "Frevo Mulher" e outros sucessos musicais.

22 fevereiro, 2025

21 fevereiro, 2025

Enterrados vivos!

É natural ficar horrorizado com a ideia de ser enterrado vivo, uma moda que atingiu seu auge na década de 1960.
Em 21 de fevereiro de 1968, o trabalhador irlandês de 33 anos, Mike Meaney, foi enterrado em Kilborn, Inglaterra. Ele estava tentando bater o recorde estabelecido por Bill White, do Texas, que emergiu depois de ficar enterrado por 55 dias. Mas Meaney não sabia que White também estava sendo enterrado novamente ao mesmo tempo, tentando superar seu próprio recorde. O desafio, portanto, tornou-se uma competição em tempo real para ver quem poderia ficar enterrado por mais tempo.
Um artigo no Mental Floss descreve o enterro prematuro de Meaney, incluindo os detalhes de seu caixão e do aparato que usou para se manter vivo, e traz um vídeo da celebração pública quando Meaney voltou do túmulo.
Ele finalmente apareceu após 61 duas, com a barba espessa e óculos escuros para suportar o forte brilho de um sol que não via há dois meses. Meaney estava notavelmente de bom humor. Ele foi levado diretamente ao The Admiral Lord Nelson Pub, onde tomou uma cerveja.


Para o choque de Meaney, ninguém do Guinness World Records compareceu a seu enterro, o que significava que a organização não poderia conceder nenhum reconhecimento oficial por sua façanha - se é que era de fato um recorde. Dois dias depois, Bill White emergiu de seu próprio enterro que durou 62 dias e 22 horas. E a realização de Meaney ficou quase imediatamente desatualizada.
Mais tarde naquele ano, Pat Haverland, de 38 anos, de Charleston, West Virginia, conseguiu 64 dias; a ex-freira Emma Smith suportou 101 dias. Seu filho deu continuidade ao peculiar legado familiar e conseguiu 147 em 1999.
Embora estivesse longe de ser um campeão mundial, Meaney explorou a história pelo resto de sua vida, tornando-se uma espécie de herói local. Ele morreu em 17 de fevereiro de 2003. Sim, ele foi enterrado e, desta vez, foi para sempre.

20 fevereiro, 2025

A Ponte Imortal

Esta formação rochosa atravessa um abismo no Monte Tai, uma das Cinco Grandes Montanhas da China.

Dizem que quem cruzar a ponte viverá para sempre.