30 junho, 2022

O Mundo dos Olhos

Resposta à postagem A hipótese do olho cooperativo:
A maioria esmagadora dos mamíferos têm a esclera branca.Algumas pessoas têm esclera muito fina e por transparência vemos o tecido uveal pigmentado subjacente o que dá a impressão de que a pigmentação é da esclera. Por que então só nos humanos a esclera se destaca? Porque nossa abertura palpebral é ampla o que permite ver parte da esclera e a iris no seu centro. Abra os olhos do seu pet e confirme a alvura da esclera deles. É preciso, portanto, duvidar da afirmação de que somos diferentes dos demais mamíferos nesse quesito. Nós temos muita expressividade no olhar por conta da complexa musculatura palpebral que nos permite exprimir sentimentos.

Quem não usou esse recurso para flertar?
E aquele olhar fuzilante do papai após a peraltice?
E a doçura do olhar da amada que arrebata seu coração?
E o olhar furtivo da menina que passa e faz um checkup completo da sua aparência antes de completar com um sorriso de agrado?
E o misterioso olhar da Madona de Leonardo da Vinci?
E o olhar de olhos fechados da amante quando se revela submissa durante o ato?

Há um livro muito interessante sobre a valor do olhar na literatura. Foi escrito pelo Professor Sylvio Abreu Fialho, falecido catedrático de oftalmologia da UFRJ.
O título é " O Mundo dos Olhos - De Machado de Assis a Guimarães Rosa".
Nelson José Cunha, médico oftalmologista

Por que as frutas mudam de cor?

Um processo semelhante (Ver: Por que as folhas mudam de cor?) ocorre à medida que os frutos amadurecem do verde para os vários tons do vermelho, roxo, laranja ou amarelo.
Dois séculos após a descoberta da clorofila, uma nova geração de cientistas armada com um novo arsenal de ferramentas até então inimagináveis (dessa forma permanente como a ciência nos revela as novas camadas de realidade quando abandona suas suposições), colocou bananas em vários estágios de maturação sob luz UV e descobriu que, à medida que a fruta amarela favorita do mundo amadurece e sua clorofila se decompõe, ela não apenas revela a xantofila do amarelo, mas produz o catabólito de clorofila hmFCC – um composto fluorescente azul anteriormente desconhecido.
Pesquisa subsequente encontrou sinais desse pigmento azul na hera do diabo. Como é emocionante pensar que algo que descobrimos há dois séculos, algo que a natureza criou há mais de um bilhão de anos, quando as primeiras plantas verdes evoluíram de procariontes, ainda pode brilhar com mistério - um microcosmo molecular da emoção final: o conhecimento de que, por mais que pode descobrir, a natureza nunca deixará de se encher de surpresas prontas para a colheita. 
E como é humilhante pensar que nós também somos animais fazendo o melhor para dar sentido ao mundo com suas limitações de criatura – animais cuja visão evoluiu para atingir o pico em uma faixa tão estreita do espectro, na pequena faixa de comprimento de onda entre vermelho e violeta, cego para tudo entre ondas de rádio e raios cósmicos, cego para luz ultravioleta. Mas se fôssemos borboletas ou renas, abelhas ou salmão vermelho, as bananas poderiam ser azuis.
A poética astrônoma Maria Mitchell captou isso melhor em sua observação arrependida e arrebatadora de que "temos uma fome da mente que pede o conhecimento de tudo ao nosso redor, e quanto mais adquirimos mais desejamos" e, no entanto, "atingimos e esticamos todos os nervos, mas agarramos apenas um pedaço da cortina que esconde o infinito de nós".

Extraído de: The Marginalian. Tradução: PGCS

29 junho, 2022

Blackface

Proposta de legenda:
"Não disse que ia ajudar. Disse que ia acompanhar."

Fonte da ilustração: "I've Been Working on the Railroad", em "Songs to Grow On", de Beatrice Landeck (1950).

28 junho, 2022

A hipótese do olho cooperativo

Ao contrário de outros primatas , os seres humanos têm olhos com um contraste de cor distinto entre a esclera branca, a íris colorida e a pupila escura. Isso se deve principalmente à falta de pigmento na esclera.


A hipótese do olho cooperativo é uma explicação proposta para a aparência do olho humano. (*) Isso sugere que as características visíveis distintivas do olho evoluíram para tornar mais fácil para os humanos seguirem o olhar de outra pessoa enquanto se comunicam ou trabalham juntos em tarefas.

(*) Kobayashi, H. and S. Kohshima 2001. Unique morphology of the human eye and its adaptive meaning: comparative studies on external morphology of the primate eye. Journal of Human Evolution (40) (5): 419-435.

27 junho, 2022

As covinhas das bolas de golfe

A razão pela qual as bolas de golfe têm essas covinhas é uma história que mistura física e seleção natural. Isso porque originalmente as bolas eram totalmente lisas. Porém, com o passar do tempo, os golfistas passaram a perceber que as bolas mais velhas e surradas pareciam ir mais longe do que as novas. A partir daí, tornou-se comum os jogadores preferirem as bolas desgastadas às bolas novas.


Especialistas em aerodinâmica explicam que esses alvéolos na esfera, que funcionam como geradores de vórtice, acabam criando uma espécie de turbulência na camada de ar próxima à bola, impulsionando-a.  Consequentemente, as bolas chegavam a viajar duas ou até mesmo três vezes mais, o que deixava o esporte mais interessante, já que novos recordes poderiam serem quebrados.

Se as covinhas em uma bola de golfe reduzem o arrasto, por que não vemos covinhas em outras coisas, como aviões ou carros?

Em 2012, Jamie Hyneman e Adam Savage testaram exatamente essa premissa no programa de TV Mythbusters (Dimple Car Experiment). Aqui está o carro que eles usaram; covinhas foram aplicadas adicionando uma camada de argila à superfície, o que na verdade aumentou o peso do carro visivelmente.


Em seus testes, o carro não modificado fez 26 milhas por galão a uma velocidade constante de 65 milhas por hora. Na mesma velocidade, o carro com covinhas fez 29 milhas por galão, um aumento de 11,2 por cento.
Ora bem, aqui vai minha pergunta: você dirige um carro assim? Suspeito que a maioria das pessoas não faria isso. Portanto, é provavelmente uma questão de aparência e, talvez, de custo.
Resposta
Vou encaminhar uma proposta sobre este carro de argila com covinhas para os fabricantes do Volkswagen Golf. Não é isso que o granizo já faz?

26 junho, 2022

Uma viagem aos tempos passados

Faça uma viagem aos tempos passados em uma máquina do tempo steampunk. (*)
Esta animação foi criada com uma projeção de câmera baseada em fotos. O resultado é algo maravilhoso - embora espantoso - à medida que o passado ganha vida diante de seus olhos.
(Vídeo https://www.kuriositas.com/2016/03/the-old-new-world.html)

(*) Como posso saber se eu sou um steampunk?

A música de fundo é "Guilty" (1931), de "Al" Bowlly.

Albert Allick "Al" Bowlly (7 de janeiro de 1898 - 17 de abril de 1941) foi um popular guitarrista, cantor e crooner de jazz no Reino Unido e mais tarde nos Estados Unidos da América durante a década de 1930, realizando mais de 1.000 gravações entre 1927 e 1941. Na noite de sua morte, em 17 de abril de 1941, Bowlly e Messene tinham acabado de se apresentar no Rex Cinema em High Wycombe. Ambos tiveram a oportunidade de passar a noite na cidade, mas Bowlly optou por pegar o último trem de volta para seu apartamento na Jermyn Street, em Londres. A decisão de Bowlly foi fatal; ele foi morto por uma mina de paraquedas da Luftwaffe que detonou do lado de fora de seu apartamento naquela noite. O corpo de Bowlly parecia sem marcas: embora a enorme explosão não o tivesse desfigurado, havia arrancado a porta de seu quarto das dobradiças e o impacto contra sua cabeça foi fatal. Bowlly foi enterrado com outras vítimas do bombardeio em uma vala comum no cemitério da cidade de Westminster, Uxbridge Road, Hanwell, Londres, onde seu nome é escrito Albert Alex Bowlly.

Is it a sin, is it a crime
Loving you, dear, like I do?
If it's a crime, then I'm guilty
Guilty of loving you
Maybe I'm wrong
Dreaming of you
Dreaming the lonely night through
If it's a crime, then I'm guilty
Guilty of dreaming of you
What can I do
What can I say
After I've taken the blame?
You say you're through
You'll go your way
But I'll always feel just the same
Maybe I'm right
Maybe I'm wrong
Loving you, dear, like I do
If it's a crime, then I'm guilty
Guilty of loving you.
É um pecado, é um crime
Amar você, querida, como eu?
Se for um crime, então sou culpado
Culpado de amá-la
Talvez eu esteja errado
Sonhando com você
Sonhando a solitária noite toda
Se for um crime, então eu sou culpado
Culpado por sonhar com você
O que posso fazer
O que posso dizer
Depois de assumir a culpa?
Você diz que acabou
Você seguirá seu caminho
Mas eu sempre sentirei o mesmo
Talvez eu esteja certo
Talvez eu esteja errado
Amar você, querida, como eu amo
Se for um crime, então eu sou culpado
Culpado de amar você.

25 junho, 2022

A natureza sempre encontra seu (its) caminho

Esta plantinha, por exemplo, nasce de um cadeado.


A vida

quando quer ir em frente

nunca se dá por vencida.



Este riacho passa por dentro de uma árvore.

24 junho, 2022

De onde vem a expressão "outros quinhentos"?

Hoje utilizada para se referir a algo que se pretende tirar de alguma discussão, a expressão, como tantas outras do nosso idioma, vem de Portugal. A origem foi na Península Ibérica, no século XIII.
Quando qualquer fidalgo da época se sentia lesado por alguma injúria tinha o direito de pedir a condenação do agressor. Se fosse constatada de fato a agressão, o responsável teria de pagar 500 soldos (moedas de ouro na Roma antiga) para ser absolvido.
Se o condenado voltasse a cometer um delito semelhante, deveria pagar outros 500 soldos. “Compreende-se que outra qualquer vilta, vitupério sem razão, posterior à multa cobrada, não seria incluída na primeira. Matéria para novo julgamento. Outra culpa. Outro dever. Seriam, evidentemente, outros quinhentos”, escreveu Luis Câmara Cascudo em seu livro "Locuções Tradicionais no Brasil".
Vem daí a expressão: se cometer um delito, vão embora quinhentos soldos. Mas e se cometer uma nova injúria? Bom, aí são outros quinhentos…

No Dicionário de Humor Infantil, de Pedro Bloch:
"Eu acho mil reais. Aí eu devolvo ao dono quinhentos reais e fico com os outros quinhentos para pagar minha honestidade."
São outros quinhentos, não é?
Mas a origem da expressão segundo Câmara Cascudo é insuperável.

23 junho, 2022

Wikipédia: pesquisa e acesso

A Wikipédia não é uma fonte primária de dados. 
É uma fonte terciária. A informação é editada por wikipedistas (i. e., editores da Wikipédia) que pesquisam assuntos noutras fontes e inserem aqui em seus próprios artigos, completam, corrigem e complementam artigos já inseridos. A Wikipédia não é lugar para publicar suas próprias ideias, nem para colocar informações ainda não publicadas por outros meios.

Acesse isto:
https://t.co/bBAEhl2sJK
É um link que o levará a um artigo aleatório da Wikipédia. Aproveite para revisá-lo ou expandi-lo.

22 junho, 2022

O papel de parede de Oscar Wilde

A jornalista e romancista Claire de Pratz tornou-se amiga de Oscar Wilde durante seu último período em Paris. Wilde morreu em 1900. O escritor Léon Guillot de Saix entrevistou Pratz e outros para um artigo intitulado "Souvenirs Inédits Sur Oscar Wilde" ("Memórias Inéditas sobre Oscar Wilde"), que publicou no periódico semanal "L'Européen" de Paris, em 1929. Pratz contou a Saix sobre o quarto de hotel em que Wilde ficou durante seus últimos dias.
Ele morava em um quarto mobiliado miserável no Hotel d'Alsace, na rue des Beaux-Arts. E ele, que fora o esteta da nobreza londrina, sofreu terrivelmente com essa miséria para ele simbolizada pelo pavoroso papel de parede de "estilo moderno" com flores de chocolate em um fundo azul. 
"Veja, minha querida criança, disse-me ele, há um duelo de morte entre mim e o meu papel de parede. Um ou outro de nós tem que ir. Será meu papel de parede ou eu."
Outra fascinante peça de evidência indireta para a história do papel de parede apareceu no diário pessoal da influente figura literária irlandesa Lady Gregory. Uma entrada datada de 1928 referia-se a uma carta que ela havia recebido duas décadas antes, em 1908, do conhecido poeta irlandês William Butler Yeats:
"Recebi uma carta de Paris, de dezembro de 1908, de WB Yeats. Diz que conheceu na casa de Maud Gonne, ontem à noite, um amigo de Oscar Wilde que lhe contou uma estranha e heróica história sobre Wilde. Ele morreu em grande agonia, enfiando a mão na boca para parar de chorar. Ele estava em grande pobreza, muitas vezes sem dinheiro para comprar comida, e declarou que era seu papel de parede que o estava matando. 'Um de nós precisava ir', disse ele."

21 junho, 2022

Memento vivere

A expressão latina memento vivere significa "lembre-se de que deve viver". 
De acordo com o Oxford English Dictionary, é de safra mais recente do que o seu imperativo oposto, memento mori, que significa "lembre-se de que vai morrer".

Boa ideia para uma tatuagem:  


Unifica as duas expressões anteriores com uma terceira expressão (que é de Horácio), carpe diem, aproveite o dia, e com uma quarta, tempus fugit, o tempo voa.

Vivere hodie, eu estou vivo hoje.

A propósito, como vai seu latim?

20 junho, 2022

Dia Mundial do Refugiado

Seja quem for, seja de onde for e seja quando for. Todas as pessoas têm o direito a buscar proteção. (Lema da ACNUR - Agência da ONU para Refugiados)

O jornalista russo e ganhador do Nobel da Paz Dmitry Muratov (foto) está leiloando sua medalha do Nobel para ajudar refugiados ucranianos. Muratov é cofundador e editor-chefe de longa data do Novaya Gazeta, um jornal crítico do Kremlin que foi criado em 1993. Durante anos, ele desafiou as rígidas restrições à mídia dissidente, mas em março finalmente suspendeu suas atividades online e impressas depois que se tornou um crime, punível com 15 anos de prisão, publicar qualquer matéria sobre o conflito que se desviasse da linha do governo.
"Meu país invadiu outro Estado, a Ucrânia. Há agora 15,5 milhões de ucranianos refugiados..."
A medalha de Muratov será vendida pela Heritage Auctions em 20 de junho (hoje), Dia Mundial do Refugiado.

Outras medalhas do Nobel vendidas/leiloadas:
http://blogdopg.blogspot.com/2018/09/uma-medalha-no-leilao.html (Nobel de Fisiologia ou Medicina)
http://blogdopg.blogspot.com/2018/10/contas-medicas.html (Nobel de Física)

19 junho, 2022

A natureza da fábrica e a natureza

Você se lembra da fábula do sapo e o escorpião? Às vezes, as coisas são simplesmente da sua natureza.
Então, o que acontece se você for uma fábrica, expelindo fumaça e gases nocivos? Se você tem algo semelhante a um coração, então você pode começar a se sentir um pouco culpado pelo que está causando ao meio ambiente. Apesar do fato de que é para isso, essencialmente, que você foi criado.


18 junho, 2022

On the rocks

Em 2002,Thad Roberts, de 25 anos, era um estagiário no Johnson Space Center da NASA, em Houston, Texas. Como tantos jovens amantes fazem, ele prometeu a Lua para a namorada.
Cumprindo a promessa, ele furtou cerca de 8 quilos de rochas lunares da agência espacial, que haviam sido trazidas à Terra por astronautas da Apollo.
Em seguida, Roberts e a namorada espalharam as pedras lunares furtadas sobre um colchão em um quarto de hotel. E fizeram sexo, muito sexo sobre elas, apesar de não ter sido uma experiência muito confortável.


A façanha levou Roberts à prisão por 100 meses. Não querendo desperdiçar os conhecimentos anteriores de sua graduação em astrofísica, ele passou seu tempo atrás das grades meditando sobre os maiores mistérios do universo e até concebeu uma teoria para explicá-los.

17 junho, 2022

Fototrova # 9

(fotografia meramente ilustrativa)


    Se corno eu sou

    Não me apoquento

    Chifre também

    É ornamento.

16 junho, 2022

Que tal um samba?

Com letra política que receita o samba como remédio para o “estrago” do Brasil de 2022, "Que tal um samba?" estará no mundo digital a partir de amanhã, 17 de junho, dois dias antes do 78.º aniversário do seu autor, Chico Buarque.

Um samba | Que tal um samba? | Puxar um samba, que tal? | Para espantar o tempo feio | Para remediar o estrago | Que tal um trago? | Um desafogo, um devaneio | Um samba pra alegrar o dia | Pra zerar o jogo | Coração pegando fogo | E cabeça fria | Um samba com categoria, com calma | Cair no mar, lavar a alma | Tomar um banho de sal grosso, que tal? | Sair do fundo do poço | Andar de boa | Ver um batuque lá no cais do Valongo | Dançar o jongo lá na Pedra do Sal | Entrar na roda da Gamboa | Fazer um gol de bicicleta | Dar de goleada | Deitar na cama da amada | Despertar poeta | Achar a rima que completa o estribilho | Fazer um filho, que tal? | Pra ver crescer, criar um filho | Num bom lugar, numa cidade legal | Um filho com a pele escura | Com formosura | Bem brasileiro, que tal? | Não com dinheiro | Mas a cultura | Que tal uma beleza pura | No fim da borrasca? | Já depois de criar casca | E perder a ternura | Depois de muita bola fora da meta | De novo com a coluna ereta, que tal? | Juntar os cacos, ir à luta | Manter o rumo e a cadência | Esconjurar a ignorância, que tal? | Desmantelar a força bruta | Então que tal puxar um samba | Puxar um samba legal | Puxar um samba porreta | Depois de tanta mutreta | Depois de tanta cascata | Depois de tanta derrota | Depois de tanta demência | E uma dor filha da puta, que tal? | Puxar um samba | Que tal um samba? | Um samba

17/06/2022 - Dito e feito.


25/06/2022 - Análise de "Que tal um samba?" pelo Canal Musicália. VÍDEO

Cebola cortada - 4

"É um lugar tão secreto, a terra das lágrimas."
Saint -Exupéry, em "O Pequeno Príncipe"

Em "The Topography of Tears", a fotógrafa Rose-Lynn Fisher explora uma série de fotografias duotônicas de lágrimas derramadas (*), secas em lâminas de vidro e capturadas em uma ampliação cem vezes maior por meio de um microscópio óptico de alta resolução.

(*) por um caleidoscópio de razões: alegria, tristeza, remorso, esperança, compaixão etc.

(por cebola cortada)

1, 2 e 3 da série

15 junho, 2022

Locusta da Gália

Alguns consideram Locusta a primeira serial killer do mundo, mas ela provavelmente foi apenas a primeira bem documentada. No entanto, ela não matava por emoção. Seus motivos eram claramente mercenários.
Nascida no interior da Gália (onde hoje é o sul da França), Locusta cresceu aprendendo sobre ervas e botânica, incluindo os benefícios e os perigos de certas plantas. Ao se mudar para Roma, ela percebeu que a maneira mais rápida de lucrar com esse conhecimento era fornecer venenos às pessoas. Em uma cidade onde a ganância e a ambição eram excessivas e todos tinham muitos inimigos, ela não se deparou com falta de clientes.


As vendas aceleradas não significavam que ela estivesse imune à lei. Locusta foi presa e até poderia ter morrido se a notícia de suas habilidades não tivesse chegado à Imperatriz Agripina. Em 54 dC, Agripina desejava assassinar seu marido Claudius, para melhor garantir que seu filho Nero herdasse o trono. E então, ela decidiu contratar Locusta.
Primeiro, Locusta forneceu um veneno com a intenção de agitar as entranhas do testador de alimentos de Claudius. Com ele fora do caminho, o veneno foi espalhado em um prato de cogumelos, a comida favorita de Claudius. Ele os comeu sem hesitar. No entanto, sendo um homem cauteloso, Claudius sempre tinha uma pena em mãos. Caso suspeitasse de veneno, ele poderia usar a pena para fazer cócegas no fundo da garganta e fazer-se vomitar. 
Seu plano falhou. Porque Locusta providenciou para que a pena também estivesse encharcada de veneno.
Agripina não foi o único membro da família a empregar as habilidades de Locusta. Nero aparentemente não sentia que as maquinações de sua mãe tinham sido suficientes para garantir que ele continuasse no trono. Ele recrutou Locusta para fornecer veneno para matar seu irmão adotivo (e competidor pelo trono) de nome Tiberius.
O assassinato de Tiberius (em que o vinho não estava envenenado e sim a água fria que foi adicionada ao vinho) exigiu uma habilidade significativa da Locusta. Enquanto Tiberius morria em frente a todos, sem fôlego, Nero dizia que seu irmão costumava sofrer de ataques epilépticos.
Nero é lembrado como um imperador verdadeiramente malvado e insano. Mas Locusta se saiu bem com ele. Ele a libertou da prisão, nomeou-a "Envenenadora Imperial" e concedeu-lhe grandes propriedades. E, o mais importante, ele também perdoou os muitos envenenamentos que ela cometeu. Ela passou, o que eu presumo, alguns anos felizes assassinando pessoas sob a orientação da família imperial e até abriu uma escola para ensinar outras pessoas a manipular venenos.
Nada mal para uma camponesa da Gália.
Mas seu contentamento foi breve. Os cidadãos se revoltaram contra Nero e o Senado o condenou. Isso era compreensível, já que ele estava sempre matando pessoas - incluindo sua mãe, Agripina. Nero cometeu suicídio em 68 dC. Infelizmente para ele, ele o fez sem a ajuda dos venenos de Locusta. O sucessor de Nero, o imperador Galba, muito rápida e sensatamente prendeu os comparsas de Nero e os sentenciou à morte.
Um mito duradouro sobre Locusta é que uma girafa especialmente treinada a estuprou até a morte. Dado o amor dos romanos por punições por intermédio de animais, isso não parece totalmente improvável. No entanto, é mais provável que ela tenha sido despachada de uma forma menos estranha. Cassius escreveu: "Locusta, a feiticeira e outros da escória que veio à tona nos dias de Nero, ele [Galba] ordenou que fossem conduzidos acorrentados por toda a cidade e depois executados".
Portanto, embora não seja correto dizer que “o crime não compensa” - vale, essa é de fato uma das principais razões pelas quais as pessoas cometem crimes - em alguns casos, como o de Locusta, só compensa brevemente. E que Deus ajude se as girafas descobrirem sobre seus crimes.

14 junho, 2022

A recém-nascida da Doutora Sarah

Deus sabe o quanto derramamos sangue, suor e lágrimas para fazer a nossa tese.
É uma façanha muito difícil e precisamos comemorar o sucesso alcançado de todas as maneiras possíveis!
Após quatro longos anos de árduo trabalho, a doutora Sarah Whelan Curtis concluiu sua tese em epigenética pela Emory University. Então, comemorou com a realização de uma sessão de fotos com sua "bebê".

13 junho, 2022

Onde a grama é mais verde (2)

"A grama é sempre mais verde do outro lado da cerca" expressa a ideia de que a situação das outras pessoas sempre parece melhor do que a nossa. O provérbio traz uma advertência implícita de que, na realidade, a grama é igualmente verde do seu lado e que você deveria estar satisfeito com o que tem.
"Algumas pessoas nunca ficam satisfeitas em lugar nenhum. A grama sempre parece um pouco mais verde do outro lado da cerca." (The Kansas Farmer, fevereiro de 1917)
Como também costuma ser abreviado, "A grama é sempre mais verde ..." é um ditado proverbial do início do século XX.
Existem variantes anteriores, tanto no Reino Unido quanto nos EUA, que são efetivamente a mesma frase, como neste exemplo do jornal The Public Press da Pensilvânia , de agosto de 1897:
"As minas [de ouro de Klondyke] são maravilhosas, mas provavelmente não tão maravilhosas como representadas. A grama é sempre mais verde, sabe, mais longe."
Erma Bombeck (1927 — 1996) foi uma humorista americana que alcançou grande popularidade por sua coluna de jornal que descrevia a vida em uma casa suburbana a partir de meados da década de 1960 até o final dos anos 1990.De 1965 a 1996, ela escreveu mais de 4.000 colunas de jornal narrando a vida comum de uma dona de casa suburbana do meio-oeste, com amplo e, por vezes, eloquente humor. Na década de 1970, suas colunas foram lidas, duas vezes por semana, por 30 milhões de leitores de 900 jornais dos Estados Unidos e Canadá. Erma Bombeck também publicou 15 livros, dos quais muitos se tornaram bestsellers.  Foi título de um deles no Brasil:
"A grama sempre cresce mais verde em cima da fossa." (Editora Record, 1976).

12 junho, 2022

Gato Jurássico

Owlkitty está de volta e estrelando um novo blockbuster!
Bem, não exatamente novo, já que Jurassic Park tem 28 anos, mas o remix é novo. O animador Tibo Charroppin editou sua paciente gata Lizzy em tantos filmes que conhecemos e amamos, mas este é mais do que apenas substituir um monstro por um gato - é uma obra-prima do VFX.
Observe como a iluminação e até mesmo os relâmpagos estão perfeitamente sincronizados com o filme original. E a cena foi alterada de outras maneiras para fazer sentido com um gato gigante. Lizzy, digo, Owlkitty assume o papel do T-rex que ameaça nossos heróis em seus carros parados, mas a ação gira em torno da única coisa que um gato sempre será atraído - o som de uma lata de Fancy Feast sendo aberta. Eu sei que meus gatos enlouquecem por isso. Tenho sorte de eles não terem seis metros de altura!
-via reddit

O que é Blockbuster:
Blockbuster é uma palavra de origem inglesa que indica um filme (ou outra expressão artística) produzido de forma exímia, que alcança um elevado nível de popularidade e que pode obter grande sucesso financeiro. Em países em que o inglês é o idioma oficial, a palavra blockbuster também é usada na indústria farmacêutica, servindo para descrever um remédio comercializado com sucesso.
A origem da palavra blockbuster ocorreu no início dos anos 40 do século XX, servindo para descrever uma bomba que era lançada a partir de aviões e que era capaz de destruir um quarteirão inteiro. Isto porque em inglês "block" significa quarteirão e o verbo "bust" significa quebrar.
No âmbito da indústria cinematográfica, a palavra começou a ser usada graças a filmes como "Tubarão", de 1975, que conseguiu mais de 100 milhões de dólares na venda de bilhetes de cinema.

11 junho, 2022

Hocus Pocus

Hocus Pocus (pseudolatim) é um encantamento utilizado por mágicos do século XVI com a função de criar um ar de mistério em suas performances.
A origem do termo permanece obscura. Alguns acreditam que deriva da forma latina empregada na eucaristia católica romana, quando o sacerdote diz "hoc est corpus" (este é o corpo). Esta tese não é muito aceita, pois os mágicos não ousariam ofender a Igreja Católica (cuja autoridade moral era respeitada na época) usando o momento mais sagrado de sua celebração religiosa numa forma vulgar como truques de mágica. Esta visão, porém, reflete uma perspectiva exclusivamente católica, pois justamente no século XVII ocorreu o movimento da reforma religiosa cristã, em que os protestantes contestavam que a missa fosse conduzida em latim, dando preferência ao uso das línguas locais, para que os fiéis pudessem entender os ensinamentos da Bíblia. Não é a toa que uma variação a esta frase, usada nos países protestantes, notadamente na Países Baixos, soasse "Hocus pocus pilatus pas", em que o nome 'pilatus' também constitui uma óbvia referência a Pôncio Pilatos, personagem do Novo Testamento.
O "Hocus Pocus" deixou seus vestígios na língua inglesa e, talvez, seja a raiz de uma outra palavra, "hoax", que significa "farsa".

Expressões mágicas em ordem escalafobética:
Abracadabra
Abre-te, Sésamo
Hocus Pocus
Pirlimpimpim

10 junho, 2022

Monges copistas

O livro nem sempre foi um artigo barato. Durante a Idade Média, por exemplo, a Europa tinha poucas bibliotecas, as maiores não possuíam nem 1000 livros em seu acervo. Antes da invenção da máquina de Gutenberg, a forma mais popular e rápida de reproduzir um livro eram em manuscritos, com as próprias mãos. 
Foi realizando esse trabalho, que milhares de monges dedicaram suas vidas. Usando pergaminhos e tinta, esses homens copiavam palavra por palavra os escritos de Platão, Aristóteles, Heródoto e demais autores que sobreviveram à destruição da biblioteca de Alexandria.
Estima-se que um bom copista chegava a dar conta de 20 a 30 páginas por dia. Algumas cópias de livros como a Bíblia, demoravam anos para serem concluídas.
Como, na época, uma parte muito pequena da sociedade era letrada e a reprodução de livros era trabalhosa, as obras ficavam dentro de igrejas e bibliotecas de mosteiros, geralmente presas por cadeados e correntes, onde só se conseguia a consulta com a permissão de alguma autoridade religiosa.
In: Como se conseguia um livro antes da invenção de Gutenberg

As bibliotecas da época medieval criaram engenhosos métodos para que os livros pudessem ser lidos sem ser roubados Eram métodos que, de alguma forma, dissuadiam os ladrões de seu "animus furtandi".
Encontrei a descrição de dois deles em La Aldea Irreductible, num artigo de Guillermo: ¡Leed, leed, pero no os llevéis los libros!
In: Correntes e maldições

09 junho, 2022

Por que as folhas mudam de cor?

A fotossíntese é a maneira da natureza criar vida a partir da luz. A clorofila permite que uma árvore capture fótons, extraindo uma parte de sua energia para fazer os açúcares que a tornam uma árvore - a matéria-prima para folhas e cascas e raízes e galhos - então liberando os fótons em comprimentos de onda mais baixos de volta para a atmosfera
Embora a mente humana tenha se perguntado por que as folhas caem e mudam de cor, pelo menos desde Aristóteles, a clorofila - que tem parentesco químico com a hemoglobina em nosso sangue - só foi descoberta e nomeada em 1817, pela dupla farmacêutica-química francesa Joseph Bienaimé Caventou e Pierre Joseph Pelletier.
Em um adorável toque de humildade que distingue o cientista do explorador - o explorador, tão ansioso para nomear as terras e pontos de referência que ele "descobre" com base em si mesmo - eles escreveram em seu artigo de referência:
"Não temos o direito de nomear uma substância há muito conhecida e à história da qual acrescentamos apenas alguns fatos; no entanto, proporemos, sem lhe atribuir qualquer importância, o nome clorofila, de chloros, verde, e phyllon, folha: um nome que indicaria o papel que desempenha na natureza."
Mas a clorofila, que ainda não foi totalmente compreendida, não é o único pigmento nas árvores. Ao longo da vida de uma folha, quatro pigmentos primários percorrem suas células: o verde da clorofila, mas também o amarelo da xantofila, o laranja dos carotenóides e os vermelhos e roxos das antocianinas.
Na primavera e no verão, quando o dia fica longo e claro, a clorofila satura as folhas enquanto a árvore se ocupa convertendo fótons na doçura do novo crescimento.
Quando a luz do dia começa a diminuir no outono e o ar esfria, as árvores decíduas se preparam para o inverno e param de fazer comida - um gasto de energia metabolicamente caro demais na carência de luz solar. As enzimas começam a quebrar a clorofila desativada, permitindo que os outros pigmentos que estavam lá invisivelmente o tempo todo entrem em cena.
Um processo semelhante ocorre quando a fruta amadurece de verde a vários tons de vermelho, roxo, laranja ou amarelo.

Why the leaves change color?, The Marginalian (a continuar)

08 junho, 2022

O filósofo do futebol

Antônio Franco de Oliveira (1906 – 1976), mais conhecido por Neném Prancha, o apelido que nele puseram em razão de possuir mãos e pés enormes. 

Ele trabalhou como roupeiro, massagista, olheiro e técnico das divisões de base de seu time do coração, o Botafogo. Do jornalista Armando Nogueira, ganhou a alcunha de "O filósofo do futebol". E de Pedro Zamora (pseudônimo literário do escritor cearense Jocelyn Brasil) mereceu o livro chamado "Assim falou Neném Prancha". 

Neném Prancha tornou-se um mito do futebol brasileiro, principalmente por suas  frases de efeito.

"Jogador de futebol tem que ir na bola com a mesma disposição com que vai num prato de comida."

"Chute a bola pra cima; enquanto ela estiver no alto, não há perigo de gol."

"O goleiro deve andar sempre com a bola, mesmo quando vai dormir. Se tiver mulher, dorme abraçado com as duas."

"Se concentração ganhasse jogo, o time do presídio não perdia uma."

"O importante é o principal; o resto é secundário."

"Se macumba ganhasse jogo, o campeonato baiano terminava sempre empatado."

"Quem se desloca, recebe; quem pede, tem preferência."

"Futebol é muito simples: quem tem a bola, ataca; quem não tem, defende."

"Jogador bom é que nem sorveteria: tem várias qualidades."

"Bola tem que ser rasteira, porque o couro vem da vaca e a vaca gosta de grama."

"O pênalti é tão importante que deveria ser cobrado pelo presidente do clube."

07 junho, 2022

Universo paralelo


Relatório científico
Nós fomos bem sucedidos em nossa visita ao universo paralelo. Entretanto, tivemos que voltar antes do tempo. Não encontramos um lugar em que pudéssemos estacionar.

06 junho, 2022

Museu das Falsificações


O pessoal do Museum of Forgeries (Museu das Falsificações) se deu bem ao demonstrar que "más vale maña que engaño" numa operação conjunta com o coletivo de arte MSCHF ( de mischieff, travessura), e na qual obteve bons lucros. A coisa foi assim: eles compraram um original de Andy Warhol por $ 20.000, fizeram 999 cópias indistinguíveis do original e venderam as mil obras (999 falsas e uma autêntica) por $ 250 a unidade.
O contrato de venda incluía a promessa de que alguém ficaria com o original aleatoriamente. Resultado: 250.000 dólares para o cofre, alguém feliz por ter um original de Warhol e 999 outros que acham que podem tê-lo graças ao engenhoso esquema.
O título das obras é "Cópia de 'Fadas', de Andy Warhol, com a possibilidade de que seja real" (2021), assinado pelo MSCHF, de 42 × 32 cm, em tinta sobre papel. Como detalhe curioso, no Museu das Falsificações nem sequer tiveram de se esforçar muito para fazer as cópias, uma vez que o trabalho de copiar foi feito por seus robôs, linha a linha. Ao final, eles destruíram todos os vestígios de qual folha era o original.
"As réplicas que produzimos no Museu seguem este caminho: eliminamos as aberrações das mãos humanas, substituindo-as pelas dos braços robóticos. É o sonho dos industriais de todo o mundo: a obsolescência da humanidade."
Oh, a humanidade!

05 junho, 2022

Revista Brasileira

A Academia Brasileira de Letras (ABL) lançou a nova edição da Revista Brasileira na quarta-feira, 1º de junho, às 19h, na Livraria da Travessa, no Shopping Leblon. O evento foi aberto ao público e inaugurou a décima fase da Revista Brasileira, com o número 110 sob a direção da Acadêmica Rosiska Darcy de Oliveira. A revista ainda se beneficiou de uma reforma gráfica elaborada pelo designer Felipe Taborda. Os Acadêmicos Carlos Diegues, Zuenir Ventura e Joaquim Falcão compõem o Conselho Editorial.

Segundo a atual diretora da Revista Brasileira, nas páginas da publicação, o "pensamento é convocado a interpretar esse mundo à deriva, tendo como norte a fidelidade ao humanismo e à liberdade”.

"Inauguramos nesse número a fase X da Revista Brasileira. Incontornável e simbólico, o tema das Amazônias se impõe como ilustração do que pretendemos: contemporaneidade, relevância, diversidade de opiniões, respeito pela memória ancestral e anúncio do que está por vir. Poesia e prosa guardam seu lugar de nobreza. As páginas se abrem agora para a fotografia, o cinema, o palco, a música, as artes plásticas, as novas linguagens e os movimentos culturais. A ciência e a tecnologia vêm juntar-se a todas as artes na tessitura de um mundo surpreendente" – destaca a Acadêmica Rosiska Darcy de Oliveira no editorial da revista.

Há também uma seção de poesia cantada, composta por letras de canções, entrevistas e artigos assinados pelos Acadêmicos Gilberto Gil, Antonio Cicero e pela jornalista e escritora Regina Zappa.

Ficcionistas da Casa, os Acadêmicos Paulo Coelho, João Almino, Ignácio de Loyola Brandão e Antônio Torres revelam o seu universo de criação. Encontramos também artigos científicos assinados pelo Acadêmico Paulo Niemeyer e outros cientistas como o médico Dr. J. J. Camargo, o cosmólogo Luiz Alberto Oliveira e o engenheiro José Luiz Alquéres. Os movimentos culturais, com destaque para o legado da Semana de Arte Moderna, são abordados pelo Acadêmico Antonio Carlos Secchin e o prof. José Miguel Wisnik.

Uma sessão dedicada às cerimônias realizadas na ABL neste ano traz o discurso de posse da Acadêmica Fernanda Montenegro e o discurso de recepção da Secretária Geral da ABL, Nélida Piñon. Também a saudação ao escritor Ruy Castro, vencedor do Prêmio Machado de Assis, pelo Acadêmico Cicero Sandroni, assim como o agradecimento do escritor.

Os livros lançados por acadêmicos no ano de 2021 fecham esse número da revista.

O número 110 da Revista Brasileira será brevemente disponibilizado no site da ABL, assim como vem sendo os números anteriores [https://www.academia.org.br/publicacoes/revista-brasileira]. Serão lançados quatro números anuais.

Curiosidade. A Fase III da Revista, a chamada "fase José Veríssimo", circulou de janeiro de 1895 a setembro de 1899. Em seu endereço (Ouvidor, 66) reuniam-se os escritores que fundaram a Academia Brasileira de Letras. E nas páginas da então "Revista Brazileira" foram publicados os discursos proferidos na sessão inaugural pelo Presidente Machado de Assis e pelo Secretário-Geral Joaquim Nabuco, assim como a “Memória histórica” do 1.º Secretário Rodrigo Otávio.

Quanto é 1+1?

Quando o professor resolve complicar ...


O meu sonho era ter, além do conhecimento da matemática, uma lousa dessas.

04 junho, 2022

#HelloTürkiye

03/06/2022 - A Turquia, país de 84 milhões de habitantes no Oriente Médio, não quer mais ser chamada de "Turkey" em inglês, mas sim de "Türkiye". A mudança, que pode parecer pequena mas tem grande significado social e político para Ancara, foi formalizada na ONU.
Essa troca, solicitada por meio de uma carta da chancelaria turca, já passou a valer. "Os países são livres para escolher como querem ser nomeados". A mudança para "Türkiye" integra a agenda do presidente Erdogan já há alguns anos e foi impulsionada pela versão anglicizada do nome do país.
"Turkey", em inglês, designa não apenas a nação do Oriente Médio, como também a ave peru.
"Türkiye" -pronuncia-se "turquiê"- já é a forma que o povo turco usa para se referir ao país desde a formação da nação em 1923, após a desintegração do Império Otomano. "Simboliza e transmite a cultura, a civilização e os valores da nação turca da melhor maneira possível", disse o presidente Endorgan.
Instituições públicas e a imprensa nacional passaram a adotar essa forma. A TRT World, emissora pública, publicou um comunicado explicando a mudança: "Digite 'Turkey' no Google e você vai ver um conjunto de imagens e definições que confundem o país com a Meleagris, também conhecida como peru na América do Norte, famoso por ser servido no Natal e em jantares de ação de graças."
"Ou então folheie os dicionários; 'peru' é definido como 'algo que falha gravemente' ou 'uma pessoa tola'", seguiu no comunicado.
Para o professor de história da Universidade de Georgetown Mustafa Aksakal, introduzir a mudança na ONU é uma forma de Erdogan demonstrar que tem o poder de afirmar suas vontades para além das fronteiras políticas nacionais. "A mudança pode parecer boba para alguns, mas coloca o presidente no papel de protetor do respeito internacional pelo país", disse ele ao jornal The New York Times.

03 junho, 2022

O renascimento da borracha

Em uma das minhas últimas viagens a Olímpia (SP), no final da década de 90, quando os tios ainda estavam vivos, constatei com surpresa a plantação de seringueiras em várias propriedades.
Não sei se progrediram.

~ Jaime Nogueira, ao me enviar este artigo de Lúcio Flávio Pinto:

O renascimento da borracha
Goianésia está se tornando um novo polo de produção de borracha natural no país. Não a Goianésia do Pará, mas a Goianésia do planalto goiano, que já possui 20 mil hectares de seringueiras plantadas. Até algum tempo atrás, essa façanha parecia impossível. A região de cerrado, com um período seco de cinco meses, era um desafio para uma espécie nativa da Amazônia, úmida e seca o ano inteiro.
Pesquisa de duas décadas da Embrapa encontrou uma saída tecnológica para superar essa dificuldade. Não no Brasil, que só usa 15 variedades da planta, mas em dois outros continentes. Da Ásia foram trazidos 63 clones, principalmente da Malásia, da Indonésia e da China. Mais 11 da África, da Costa do Marfim, E só 11 variedades do Brasil. Dos testes, resultaram 14 clones, nenhum deles do nosso próprio país.
O plantio experimental de 3 hectares numa das três propriedades particulares que receberam as mudas deu certo e agora já estão a caminho da produção. Numa delas, de 800 hectares, foram plantadas 386 mil seringueiras. Na expansão, para mais 800 hectares, o plantio será de 400 mil árvores. A produção é de três toneladas por hectare, mais do dobro da média nacional. Goiás será o terceiro maior produtor de borracha, abaixo de São Paulo (com 60% do total) e Minas Gerais.
A Amazônia, berço natural da seringueira, está fora do topo. Nada indica que poderá ter qualquer papel significativo no futuro. Ajustadas para o cerrado, as novas variedades estão consolidando a economia gomífera brasileiro, como mostrou reportagem de 12 minutos do Globo Rural da TV Globo, no domingo passado. O rendimento da borracha supera o da soja e dá um emprego a cada cinco hectares, gerando efeito para trás (na produção de mudas) e para frente (no beneficiamento da borracha bruta).
A natureza puniu a Amazônia neste capítulo, mas o Brasil pode ganhar ainda mais.
~ Publicado em Lúcio Flávio Pinto, em 31/05/2022

02 junho, 2022

Sem tempo para morrer

No time to die: An in-depth analysis of James Bond's exposure to infectious agents
doi.org/10.1016/j.tmaid.2021.102175
Considere onde James Bond, agente 007, esteve. Sua ocupação como agente secreto do MI6 o leva a locais exóticos em todo o mundo, muitas vezes em um piscar de olhos. Nós, plebeus, sabemos que as viagens internacionais exigem um planejamento extenso, muitas vezes incluindo exames de saúde e vacinas para obter vistos e dicas para evitar doenças. Bond não tem tempo para nada disso.
Artigo científico na revista Travel Medicine and Infectious Disease analisa em profundidade os perigos que Bond enfrenta ao viajar pelo mundo, matar pessoas e levar mulheres para a cama. As evidências são recolhidas a partir de 25 filmes produzidos pela Eon de 1962 a 2021, nos quais Bond vai a 47 países identificáveis em 86 viagens. Eles consideram segurança alimentar, saúde sexual, doenças transmitidas pelo ar, doenças transmitidas por artrópodes e doenças tropicais. De sua introdução:
Descobrimos uma atividade sexual acima da média, muitas vezes sem tempo suficiente para um diálogo na história sexual, com uma mortalidade notavelmente alta entre os parceiros sexuais de Bond (27,1; intervalo de confiança de 95% 16,4–40,3). Dado o quão inoportuno um ataque de diarreia seria no meio de uma ação para salvar o mundo, é impressionante que Bond seja visto lavando as mãos apenas em duas ocasiões, apesar das inúmeras exposições a patógenos de origem alimentar. Nossa hipótese é que sua coragem imprudente, às vezes provocando propositadamente situações de risco de vida, pode até ser uma consequência da toxoplasmose (*). A abordagem de Bond em relação às doenças transmitidas por vetores e às doenças tropicais negligenciadas é errática, às vezes seguindo os conselhos de viagem ao pé da letra, mas, na maioria das vezes, permanecendo do lado da completa ignorância. Dado o tempo limitado que Bond recebe para se preparar para as missões, pedimos urgentemente ao seu empregador MI6 que leve a sério a sua responsabilidade. Vive-se apenas uma vez.
(*) Em camundongos, a toxoplasmose foi associada à perda de medo de gatos [20]; uma manipulação inteligente pelo parasita para aumentar a probabilidade de transmissão por ingestão . Embora especulativa, a toxoplasmose pode explicar a coragem muitas vezes temerária de Bond em face do perigo que ameaça a vida.

Os três autores do artigo "perderam suas horas noturnas examinando os filmes", que totalizaram 3113 minutos por autor. Você pode ler o artigo completo em ScienceDirect.

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01 junho, 2022

A "casa da árvore" com naturalidade

Olhe, a gente sempre ouve falar em "casa da árvore". E não foi só quando Trumpinho, 10, com a ajuda de alguns amiguinhos, construiu uma casinha de madeira no terreno da Casa Branca.

Mas foi Hélio Gonzaga, um servidor público de Tucano - BA e podador nas horas vagas, quem tratou o tema com a devida naturalidade.