31 janeiro, 2010

Inícios inesquecíveis de romances

Relembrando alguns:
"Todas as famílias felizes são iguais. As infelizes o são cada uma à sua maneira". (Leon Tolstói, "Anna Karênina")
"Num lugar de La Mancha, de cujo nome não quero lembrar-me, vivia, não há muito, um fidalgo, dos de lança em cabido, adarga antiga, rocim fraco, e galgo corredor." (Cervantes, "D. Quixote")
"Me chame Ismael." (Herman Melville, "Moby Dick")
"Lolita, luz de minha vida, labareda em minha carne. Minha alma, minha lama. Lo-li-ta: a ponta da língua descendo em três saltos pelo céu da boca para tropeçar de leve, no terceiro, contra os dentes. Lo. Li. Ta." (Vladimir Nabokov, “Lolita”.)
"Muitos anos depois, diante do pelotão de fuzilamento, o Coronel Aureliano Buendía havia de recordar aquela tarde remota em que seu pai o levou para conhecer o gelo." (Gabriel García Márquez, “Cem anos de solidão”)
"Que Stendhal confessasse haver escrito um de seus livros para cem leitores, cousa é que admira e consterna. O que não admira, nem provavelmente consternará é se este outro livro não tiver os cem leitores de Stendhal, nem cinqüenta, nem vinte, e quando muito, dez. Dez? Talvez cinco. (Machado de Assis, “Memórias póstumas de Brás Cubas”)
“Verdes mares bravios de minha terra natal, onde canta a jandaia nas frondes da carnaúba; …” (José de Alenar, "Iracema")
— Nonada. Tiros que o senhor ouviu foram de briga de homem não, Deus esteja. O senhor ri certas risadas… Olhe: quando é tiro de verdade, primeiro a cachorrada pega a latir, instantaneamente — depois, então, se vai ver se deu mortos. O senhor tolere, isto é o sertão."(Guimarães Rosa, "Grande sertão: veredas")
E o que eu considero o mais impactante de todos:
"Quando Gregor Samsa despertou, certa manhã, de um sonho agitado, viu que se transformara, em sua cama, numa espécie monstruosa de inseto." (Franz Kafka, “A metamorfose”)
O leitor certamente deve ter em mente mais exemplos.

O esquilo pidão

:-)

30 janeiro, 2010

A peleja do poeta Carioca com o Maestro Soberano

Desde que Chico Buarque compôs suas primeiras músicas, Wagner Homem, um paulista de Catanduva, inscreveu-se entre seus grandes admiradores. Atuando na área da Tecnologia da Informação, Wagner um dia propôs a Chico a criação de um site pessoal, que contivesse toda a sua obra. Com o layout aprovado e todo o conteúdo revisado pelo próprio Chico, o site estreou em 1998, e desde então já ganhou três prêmios iBest. No link denominado "Notas", colocado para incrementar o site, Wagner passou a divulgar fatos interessantes que ouvia ou lia a respeito da obra de Chico. Esta seção, em face do grande interesse que despertou nos internautas, cresceu tanto que virou o livro "Histórias de canções: Chico Buarque".

A Maristane Fernandes, que me presenteou com um exemplar do livro, o meu agradecimento. Como a amiga pode ver, esse presente já está sendo utilizado.

Retrato em branco e preto
-------------(...)
Eu trago o peito tão marcado
De lembranças do passado
E você sabe a razão.
Vou colecionar mais um soneto
Outro retrato em branco e preto
A maltratar meu coração.
(Tom Jobim - Chico Buarque)
"A canção de Tom Jobim, feita em 1965, chamava-se 'Zíngaro' - porque Tom, vivendo nos Estados Unidos, sentia-se como um cigano - e, já havia sido gravada no LP A Certain Mr. Jobim, com a participação do arranjador alemão Claus Ogerman. Tom passou a Chico diversas músicas desse álbum, e a primeira letra que saiu foi 'Retrato em branco e preto'.
Nos primórdios da parceria, estimulada por Vinicius de Moraes, Tom Jobim pouco palpitava, o que viria a acontecer com muita frequência quando o tempo e a intimidade permitiram. Chico atribui a benevolência e a tolerância iniciais ao paternalismo do maestro, que queria dar uma forcinha ao jovem letrista. Mesmo assim houve discussões.
Quando o Qarteto em Cy estava para gravar a canção, Chico decidiu mudar a expressão 'peito tão marcado' por 'peito carregado', e explicou ao parceiro que 'tão' havia sido uma muleta para completar as sílabas da canção. A alteração foi aceita, mas logo depois o maestro telefonava pedindo que mantivesse a versão original, porque 'peito carregado' tinha também a conotação de tosse. Chico cedeu.
Em outra ocasião, Tom teria dito a Chico que ninguém fala: 'retrato em branco e preto' e que a expressão correta seria 'retrato em preto e branco'. Ao que Chico teria respondido: 'Então tá. Fica assim: Vou colecionar mais um tamanco / Outro retrato em preto e branco'. Diante de uma tamancada tão convicente, Tom entregou os pontos."
In: "Histórias de canções: Chico Buarque", de Wagner Homem.

Vídeo


O maior poeta do Brasil

"Em Belo Horizonte existe um sonetista, senhor respeitável, que, se bebe um pouco mais, não admite elogio a estro que não seja o seu e de outros raros poetas. Antes de tudo, não admite complacência com os escritores que vieram do Modernismo. Pois o vate estava no bar, quando uns rapazes da mesa ao lado começaram a dizer que Carlos Drummond de Andrade era o maior poeta do Brasil.
O homem da velha-guarda pediu polidamente para participar da conversa, no que foi atendido. Depois tirou um revólver do bolso, colocou a arma sobre a mesa e falou pausadamente, como se presidisse uma reunião literária:
- Meus caros jovens: os senhores dispõem do prazo improrrogável de dez minutos para mudarem de opinião. O maior poeta do Brasil é Alphonsus de Guimaraens.
Os rapazes, depois de cinco minutos, mudaram de opinião; e o sonetista os cumprimentou pelo invulgar bom-senso literário.

Fonte: Campos, Paulo Mendes. "Supermercado".
Rio de Janeiro, Edições de Ouro, 1976

29 janeiro, 2010

Por que a borracha é capaz de apagar o lápis?


Para respondermos a esta questão temos que primeiramente entender o processo que ocorre quando escrevemos com um lápis sobre o papel: ao passarmos o lápis no papel, este tem dureza suficiente para riscar o papel, e isso faz com que um pouco do grafite do lápis seja retirado e se deposite sobre o papel. Desmanchar o que foi escrito envolve a quebra de pequenas ligações elétricas que prendem o grafite ao papel.
A borracha consegue realizar essa tarefa porque, ao ser atritada contra o papel escrito, consegue se aproximar suficientemente das moléculas de grafite, exercendo sobre elas uma força superior à que as liga ao papel.

28 janeiro, 2010

O Riacho e o Coronel

Em minhas viagens de trabalho à cidade de Itapiúna, pela rodovia CE-060, eu passo de carro por algumas pequenas pontes. Elas cruzam rios, aliás, filetes de rios (às vezes, nem isso), reduzidos como se apresentam pela inclemência do sol, que castiga o sertão cearense, associado à irregularidade das chuvas.
Placas bem conservadas, ainda não danificadas pelos pichadores, me informam à entrada das pontes os nomes que os rios têm. Na maioria das vezes, são nomes bem pitorescos como Baú, Água Verde, Gavião, Oitizeiro e Pesqueiro.
Um desses rios, que cruza a estrada no trecho entre Guaiuba e Acarape, tem o simpático nome de Rio Riacho. E parece não fazer caso de ter sido rebaixado a riacho, como se estivesse a matutar que não há mal que sempre dure. No seu caso, uma circunstância que deve acabar ao receber as águas da próxima quadra invernosa. E assim, revitalizado e a correr fartamente no leito, poder esse rio surpreender aqueles que o menosprezam.

(fotografia por câmera de telefone móvel)

Então, é quando uma associação de pensamentos me transporta a março de 1972. Eu, aluno de um curso de formação de oficial médico, na Escola de Saúde do Exército, no Rio de Janeiro. A integrar uma turma de cem jovens médicos, oriundos de diversos estados do país, e ansiando todos em receber no fim do curso as patentes.
Fomos avisados de que devíamos escolher os nomes de guerra. Colocados nos fardamentos, eles fariam com que logo nos conhecêssemos, uns aos outros, por esses nomes.
Sucede que um dos colegas, que pertencia à família Coronel, adotou como nome de guerra o tal sobrenome "militar". E, assim, passou a ser chamado de Tenente Coronel, ora por brincadeira, ora por respeito.
Ostentando duas estrelas em cada ombro, via-se de longe que esse Coronel era apenas um tenente. Pois, para ser um Tenente-Coronel - de verdade - o estimado colega tinha que possuir três estrelas, duas das quais "gemadas". Ah, isso ainda ia levar muito tempo!

27 janeiro, 2010

Bandeiras de Benin

É esquisito que isso (abaixo à esquerda) tenha sido a bandeira de um país. Representa a decapitação de um homem, sobre um fundo vermelho hemorrágico, e foi a bandeira que tremulou no céu de Benin, um país do noroeste da África. E não foi por pouco tempo. De 1447 a 1897, esse pendão abertamente belicoso de Benin deve ter deixado a vizinhança com as mãos no pescoço.












Já a segunda figura (acima à direita), não foi o croquis da bandeira. Encontrei-a em minhas navegações pela internet e prefiro considerá-la como uma coincidência. Foi ela desenhada em 1968 pelo cartunista James Thurber.
Clique aqui para ver a bandeira nova de Benin.

A Terra invisível

A tecnologia digital está nos tornando invisíveis para os extraterrestres
Frank Drake (na fotografia), astrônomo norte-americano e considerado o pai do programa de Busca de Inteligência Extraterrestre (também conhecido por SETI, as iniciais do nome do programa em inglês), declarou que a tecnologia digital está convertendo a nossa Terra em um planeta praticamente indetectável para os extraterrestres que estejam buscando a vida inteligente pelo vasto Universo.
Comentário
Passarmos despercebidos dos alienígenas (acaso eles existam), isso é bom ou mau? Respondam-me, leitores, através dos meios digitais.

24 janeiro, 2010

O livro que abalou o mundo de David Toscana

O romancista David Toscana, que nasceu em 1961, na cidade de Monterrey, México, não tem dúvidas a respeito. É o livro A metamorfose, de Kafka, uma obra do qual tomou conhecimento ainda na infância. Ao ver um colega, sentado na escadaria da escola, a ler com profundo interesse o tal livro e a suspeitar, pelo título, que o mesmo abordaria a vida das borboletas.
Escrito por um mestre em dissecação, palavras como ninfa, pupa e larva estariam lá presentes, inevitavelmente.
Mas esse equívoco da imaginação foi logo desfeito pelo amigo: "é sobre um homem que se transforma em inseto". Um esclarecimento que, no entanto, não impediu o surgimento de novas inquietações na mente do jovem Toscana. Do tipo: seria a história de um homem que, por haver recebido uma grande carga de radiação, transformara-se num louva-a-deus gigante que atacava as pessoas?
Foi a leitura do livro que operou a metamorfose do leitor. Levando-o a (se) perguntar:
"Ponho veneno ou esmago o inseto, mas amo Gregorio Samsa. Por quê? O que ele fez para ganhar o meu carinho? Amo-o porque é feito de palavras, pois se aparecesse em minha porta eu o enxotaria a vassouradas. Benditas as palavras que embelezam um inseto monstruoso."
E a ênfase é dada, quando o romancista interroga, se essa novela de Kafka já fora adaptada para o cinema. E deseja que não tenha sido. O cinema faria um trabalho especialmente infeliz com o livro, ao apresentar coisas que Kafka não pensava em esclarecer. Como: as características físicas de Gregorio Samsa transformado em inseto, a peça que a irmã toca ao violino, o ruído que saía da boca de Gregorio quanto ele parou de falar etc.
Porque, para David Toscana, Gregório é (para ser apenas) palavra. E maldita seja a imagem (PGCS).

Referência: "10 livros que abalaram meu mundo", Casa da Palavra

A Aventura do Inglês

The Adventure of English, um DVD duplo e legendado,
escrito, apresentado e produzido por Melvyn Bragg

Melvyn Bragg conta a história de como um insignificante dialeto germânico, que apenas chegou à Grã-Bretanha no século quinto da era cristã, evoluiu para se transformar no Inglês, um idioma hoje falado por cerca de um bilhão de pessoas em todo o mundo. Iniciando a "viagem" nessa língua por suas humildes raízes, passando pelas fortes influências que ela recebeu do Latim e do Francês, até o seu florescimento com a escrita de Shakespeare e seus contemporâneos.
É uma bela história da aventura desse idioma que, mesmo em ocasiões havendo estado próximo da extinção, conseguiu sobreviver e triunfar mercê de sua surpreendente flexibilidade.

Agradeço o colega Nelson Cunha por me ter presenteado com esse documentário.

23 janeiro, 2010

Um governador fodão



Comment
The whole message is I FUCK YOU SA. So who is SA and why does the governator want to fuck he/she/it?

O Exterminador
A propósito de Arnold Schwarzenegger, o ator-governador acaba de rodar mais um filme da série. Neste, ele recebe a missão de voltar ao passado para exterminar Eurídice Ferreira, a dona Lindu, em Pernambuco. O objetivo principal de sua missão é deixar o cineasta Fábio Barreto sem roteiro para o filme "Lula, o Filho do Brasil". Obtendo êxito em sua empreitada, as salas de cinema no Brasil exibirão "O Exterminador" (que mostra o ator paulista José Chirico no pior papel de sua carreira). sem risco de concorrência.


01/01/2016 Atualizando ...
O repórter Pedro Ivo Tomé encontrou uma maneira de "trolar" o jornal após pedir demissão. Em seu último texto, na seção de obituários, fez com que a inicial de cada parágrafo resultasse na frase “Chupa Folha¨".

Diários de motocicletas

Quantas pessoas esta motocicleta transporta?

Não há como responder ao certo.

Exceto que ela faz um páreo duro com esta outra... que deve ser a limusine das motocicletas.

22 janeiro, 2010

As 30 mentiras mais contadas

  1. Esse processo é rápido. ADVOGADO
  2. Qualquer coisa, volte aqui que a gente troca. AMBULANTE
  3. Já vai? Ainda é cedo! ANFITRIÃO
  4. Presente? Sua presença é mais importante. ANIVERSARIANTE
  5. Sei perfeitamente o que estou dizendo. BÊBADO
  6. Visite-nos sempre; adoramos suas crianças. CASAL SEM FILHOS
  7. Em seis meses colocarão: água, luz e telefone. CORRETOR DE IMÓVEIS
  8. Tomaremos providências. DELEGADO
  9. Não vai doer nada. DENTISTA
  10. Não quero mais saber de homem. DESILUDIDA
  11. Amanhã, sem falta! DEVEDOR
  12. É muita pressão que vem da rua. ENCANADOR
  13. Dormi na casa de uma colega. FILHA DE 17 ANOS
  14. Antes das 11 estarei de volta. FILHO DE 18 ANOS
  15. Trabalhamos com as taxas mais baixas do mercado. GERENTE DE BANCO
  16. Era um bom sujeito. DESAFETO DO MORTO
  17. Vamos continuar treinando forte. JOGADOR DE FUTEBOL
  18. Isso aqui foi um homem que me deu. LADRÃO
  19. É o carburador. MECÂNICO
  20. Tem garantia de fábrica. MUAMBEIRO
  21. Pra dizer a verdade, nem beijar eu sei. NAMORADA
  22. Você foi realmente a única mulher que eu amei. NAMORADO
  23. Casaremos o mais breve possível! NOIVO
  24. Apenas duas palavras... ORADOR
  25. Se eu fosse milionário distribuía dinheiro com todo mundo. POBRE
  26. Até que a morte nos separe. RECÉM-CASADO
  27. Depois alarga no pé. SAPATEIRO
  28. Em briga de marido e mulher não me meto. SOGRA
  29. Há 3 anos que procuro trabalho e não encontro VAGABUNDO
  30. Este é o último e-mail que repasso. EU
(recebido por e-mail)

21 janeiro, 2010

Redenção

A cidade surgiu no século XVII, a partir de um povoamento que deu origem à Vila Acarape, nos sopés do Maciço de Baturité, no sertão cearense.
No ano de 1882, a vila testemunhou a criação da "Sociedade Redentora Acarapense". Em 1º de janeiro de 1883, recebeu a visita de grandes abolicionistas como José do Patrocínio, Liberato Barroso, Justiniano de Serpa, entre outros, que vieram assistir à alforria de 116 escravos do lugarejo. A partir daquele ato, ali não haveria mais escravos e, por seu pioneirismo em libertá-los em nosso país, ganhou a vila o nome de Redenção.
Também em reconhecimento a esse fato, Redenção foi escolhida para ser a sede da recém-criada Universidade Federal da Integração Luso-afro-brasileira (Unilab), que está prevista para funcionar a partir de 2010.

Natural de Acarape (que foi desmembrada de Redenção em 1987), meu pai, Luiz Carlos da Silva, escreveu em sua juventude um soneto em homenagem à Redenção. O poema foi publicado na revista "Verdes Mares", do Colégio Cearense do Sagrado Coração, onde ele estudava, e, recentemente, figurou também no livro "Maquis - Redenção na França ocupada", escrito por meu irmão Marcelo Gurgel. Aqui.

20 janeiro, 2010

Braz tacheiro

Nelson José Cunha, médico e escritor
Fui lá para ver de quem tanto falavam - O Braz tacheiro. Claro que havia também outros motivos para a viagem: Dezessete anos sem visitar o lugar onde a minha memória fez um ninho e lhe deu o nome de Ubajara. Queria ver também quem não me via: Parentes e amigos do meu pai
Fui entrando na cidade e lembrando do meu avô, já em rodas, debruçado na janela, a ver feira e interromper passantes com indagações banais: - E a vaca, pariu? - Trouxe a farinha que lhe pedi? E outras bobinhas. Minha avó, pequenina e frágil, comandava a cozinha para o almoço das dez, agitando, maestrina, a enorme chave da despensa. Lembro Muinha, vestida de chita barata, passos abertos tipo “dez pras duas”, correndo com uma brasa na colher. Levava o fogo para o cigarro empalhado do velho Quincas. Conduzia a chama do olímpico esforço de servir com um amor franciscano àquela família que um dia lhe dera prato e cobertor. Muinha é minha heroína, sua lembrança é o amuleto que me recompõe quando perco as esperanças no gênero humano. Quem a conheceu sabe de quem falo e chora comigo sua falta, pois ela foi a melhor de todos nós. Santinha!
A missa de domingo tinha quermesse na praça, radiadora com mensagens ingênuas anunciando amores tímidos. Eu mesmo arrisquei uma flecha para alguém que vestia azul e circulava na praça de braços com outras. Todas riam ao passar por mim, o tal de boné carmim. Ia dormir sem trocar palavra, dormia rápido para no sonho ter coragem de perguntar-lhe pelo menos o nome.
Na feira, gostava de me aproximar dos ciganos e espreitar suas negociatas com animais e tachos cobreados. Achava as ciganas mais belas e misteriosas do que as mulheres de cá. Uma delas quis ler minha mão, mas por medo ou timidez, neguei a mão e a viagem ao futuro. Saí correndo e entrei na bodega do Chico Chagas, amigo do meu avô e de lá fiquei espiando o mundo dos que não conheciam horas, disciplinas, estudos e compromissos, o mundo que já começava a me aprisionar. Eu invejava o admirável mundo vagabundo dos ciganos.
A casa de meu avô fronteava a praça sem recuo. Descia-se um degrau para pisar na sala de assoalho rústico que rugia e retumbava. Os quartos eram escuros, sem janelas, mas cheios de portas. Alcovas despojadas, devassadas, algumas redes dobradas em cachos e um baú tão lacrado que acendia minha fantasia: Guardaria moedas de ouro puro? Jóias e pedrarias? Com o falecimento do meu avô, o velho lampião Petromax do quarto pôde iluminar o baú aberto. Lembro-me de dezenas de títulos de eleitor, Notas Phiscais de atacadistas de Sobral fornecedores do Armazém do Quincas. Havia ainda um pincinê de mola (na foto menor) que guardo até hoje. Do meu avô trago com orgulho um queixo, um pincinê e o sobrenome.
A mais saborosa parte da casa era a cozinha aberta para o pátio e com a lenha sempre acesa. A goiabeira do quintal, de boa sombra e más goiabas, guarnecia a porta da cozinha por onde descíamos para o porão à cata de velharias e jacas maduras. Depósito de rapaduras e alfenins, mangas e amendoins que atiçavam o apetite do menino magro, avesso ao sal das comidas boas.
Dessa vez, o avô sou eu, andando na praça, conectando um fio ao passado, buscando uma infância que desapareceu como água servida. Os tempos mudaram a feira de Ubajara. Não há mais ciganos. Uma barraca vende a quilo roupas usadas e arrematadas em São Paulo. Um caboclo de brincos anuncia DVD do Matrix e outras pinóias do Paraguai. Assim vai se montando o cenário que servirá às reminiscências dos velhos de amanhã. O mundo segue seu curso e vai deixando pelo caminho esses velhos doentes de saudades.
Fui ver o Braz tacheiro (na foto maior – Nelson Cunha, Braz e esposa, Paulo Lopes). Sujeito rabugento, que se tornou lenda no alto da serra. Fui conferir sua fama e comecei atiçando o braseiro com uma pergunta imbecil:
- Aqui se vende tacha? Essas tachas de pregar solado?
Ele já exasperado, respondeu que vendia tacho de cobre para garapas e doces e que entre tacha e tacho, um ignorante não vê muita diferença. Era o que eu precisava para iniciar a conversa num clima menos amistoso. Perguntei então se podia fazer pipoca com os tachos. Respondeu que pipoca se faz com milho e me fez engolir cuspe e emudecer.
Atarracado, mãos brutas, olhar de nojo pelo atrevido forasteiro. Era falante, áspero e briguento: vestia-se com estopim de dinamite. Perguntei porque havia tantos retratos de políticos na parede, respondeu que é pra ter raiva deles.
- Para que esta quantidade de garrafões de pinga, se senhor não bebe? - perguntei com ar abestalhado.
- Já bebi muito, mas não bebo mais. Pus ai só pra teimar.
- Então o senhor é teimoso?
- Sou sim, mas num sou sévergonha. Aqui em Ubajara tem um beco que eu num passo.
- Por que não passa?
- Num passo porque eu dixe. Dixe que num passava e num passo nem se me matar. Já me deram uma D20 zerada para passar e eu num passei. O ômi pode ser teimoso, só num pode ser é sévergonha.
Esse é o Braz, o Seu Lunga(*) da Ibiapaba. Um homem que pode ser tudo, mas não é um sévergonha.
Tem-se dito!

(*) Seu Lunga, o do Cariri, que esteve recentemente de passagem pelo blog, foi o responsável por Nelson haver desarquivado e enviado esta crônica.

Um dia na internet

Acabo de encontrar no Geekstir este incrível diagrama que sintetiza um dia de atividades na internet. São números tão grandes que nos causam arrepios.
Somente os blogs postam 900.000 artigos novos a cada dia.

19 janeiro, 2010

Um calendário de animais

Foi desenvolvido pela Takkoda para o ano de 2010. É o calendário mais fofo e estiloso dos últimos tempos.


A vida na berlinda

"Em minha opinião, a vida tem sido algo muito valorizado. Sem ter ao menos microrganismos, Marte vai muito bem."

Dr. Manhattan, Watchmen, 1986
Itapiúna - CE

18 janeiro, 2010

Dez milhões de morcegos!

O título realmente diz tudo. Sobre o maior ajuntamento de morcegos ao ar livre no mundo, esse que diariamente acontece em um remoto pântano da Zâmbia.
Para obter as fotografias do espetáculo, uma câmera da BBC percorreu a área (equivalente a dois ou três campos de futebol) transportada por um balão de ar quente. Um helicóptero não conseguiria voar no local durante a revoada de tantos morcegos.

- Santa Multidão, Batman!

Ver VÍDEO.

Por motivos intestinos

Os deputados distritais de Brasília (afora algumas honrosas exceções) não vão "digerir" bem o panetone dessa CPI.
Digo mais: vão só "arrudear" o dito-cujo.

17 janeiro, 2010

"Temo o homem de um livro só"

Em latim: Timeo hominem unius libri.
Esta frase de Tomás de Aquino, ao que parece, encerra um elogio ao homem que conhece a fundo um livro só e, com isto, poderia ser um opositor temível. Atualmente, porém, exprime dúvidas sobre a sabedoria de alguém, cujas opiniões e idéias revelam a influência exclusiva de um único autor.
A propósito, no filme "Os sonhadores", de Bertolucci, há uma cena em que um dos personagens, um jovem militante radical, mostra a seu amigo uma foto de milhares de chineses acenando com o "Livro vermelho", de Mao. E, na sequência, pergunta:
- Não achas maravilhoso?! Milhares com um livro na mão!
- Não, pois é o mesmo livro! - responde o amigo.
A frase em outros idiomas:
God deliver me from a man of one book.
Gardez-vous de disputer avec l'homme d'un seul livre.
Dios me libre de hombre de un libro.
Dio mi guardi de chi studia un libro solo.
Gardu vin de tiu, kiu lernas en unu sola libro
(esperanto).

Músicas corporais

O Fleshmap fez um levantamento das frequências com que os nomes das partes do corpo humano aparecem nas letras das canções norte-americanas. Distribuindo inclusive os resultados obtidos pelos vários gêneros musicais existentes nos Estados Unidos.
Nos onze gêneros pesquisados, em oito são os olhos (olá, oftalmologista Nelson Cunha) o órgão mais referido; em dois, as mãos; em um, as nádegas.
Coração e pulmões não aparecem, pois foram consideradas apenas as partes visíveis do corpo. Mas, como o tórax (chest) é levemente citado nas canções, posso eu me sentir lisonjeado?

16 janeiro, 2010

Desgraça muita é bobagem

O cônsul do Haiti no Brasil, o Sr George Samuel Antoine, em seu esforço para adotar o pensamento da "elite" branca / preconceituosa do país que o acolhe desde 1975, deve estar ultimamente vendo muito Boris, muito Nêumanne e lendo muito Diego, muito Reinaldo.
Pois, a respeito do terremoto que devastou seu país, foi esta a "explicação" que apresentou para a tragédia:

"desgraça de lá está sendo boa pra gente aqui; fica conhecido... o terremoto que atingiu o país pode ter sido causado por macumba... o africano em si tem maldição, todo lugar que tem africano tá f..."



(Observem os evidentes sinais de desconforto de seu interlocutor, enquanto Sr. Samuel "desgraça muita é bobagem"Antoine expõe sua abalada abalizada "teoria das placas raciais".)

Abaixo, por terem sido as regiões em que aconteceram os 10 maiores terremotos do planeta (em números de mortos), divulgo os nomes dos locais onde certamente se concentram esses "africanos / macumbeiros":
1. Shensi, China, 1556 - 830 mil mortos
2. Calcutá, Índia, 1737 - 300 mil mortos
3. Tangshan, China, 1976 - 250 mil mortos
4. Kansu, China, 1920 - 200 mil mortos
5. Kwanto, Japão, 1923 - 143 mil mortos
6. Messina, Itália, 1908 - 120 mil mortos
7. Chihli, China, 1290 - 100 mil mortos
8. Shemakha, Azerbaijão, 1667 - 80 mil mortos
9. Lisboa, Portugal, 1755 - 70 mil mortos
10. Yungay, Peru, 1970 - 66 mil mortos

Nunca te vi

Sinopse
Brasil, 1986. Com Paulo César Aperreio, no melhor papel de sua carreira. Ele é Macondo Ferraz, um bem-sucedido homem de negócios paulista (entre suas atividades, está a de dirigir uma carteira de investimentos com a qual ajuda as pessoas até que elas fiquem falidas). Entediado com o trabalho, ele resolve passar umas férias na Europa e na França, com conexão na Bahia. O mau tempo, porém, obriga o avião em que ele vai a fazer um pouso de emergência no Dedo de Deus, em Teresópolis. E, quando melhoram as condições meteorológicas, constata-se uma surpresa desagradável: o avião não pega nem com empurrão. Com o sistema de comunicação avariado, resta a passageiros e tripulantes a espera pelas equipes de busca e salvamento. Elas chegam dias após, e todos são resgatados com vida. Todos, menos Ferraz cuja ausência é minimizada por uma ossada que as equipes descobrem no local. Detalhe crucial: uma trempe, com as cinzas ainda quentes, parecem apontar na direção de um canibalismo por parte dos sobreviventes. Mas, ao fim dos interrogatórios policiais, são todos inocentados sob os protestos de um detetor de mentiras importado dos Estados Unidos (mentira, importado do Japão). Rodado com o nome provisório de "Nunca te vi, sempre te comi", por sugestão do distribuidor o filme teve o título encurtado. Para não confundir o cinéfilo pornô.

15 janeiro, 2010

Dicionário Brasileiro de Prazos

"Para evitar que estrangeiros fiquem pegando injustamente em nosso pé, está sendo compilado o 'Dicionário Brasileiro de Prazos', que já deveria estar pronto mas atrasou, do qual foram extraídos os trechos a seguir:

DEPENDE: Envolve a conjunção de várias incógnitas, todas desfavoráveis. Em situações anormais, pode até significar sim, embora até hoje tal fenômeno só tenha sido registrado em testes teóricos de laboratório. O mais comum é que signifique diversos pretextos para dizer não.

JÁ JÁ: Aos incautos, pode dar a impressão de ser duas vezes mais rápido do que já. Ledo engano; é muito mais lento. Faço já significa 'passou a ser minha primeira prioridade', enquanto 'faço já já' quer dizer apenas 'assim que eu terminar de ler meu jornal, prometo que vou pensar a respeito'.

LOGO: Logo é bem mais tempo do que dentro em breve e muito mais do que daqui a pouco. É tão indeterminado que pode até levar séculos. Logo chegaremos a outras galáxias, por exemplo. É preciso também tomar cuidado com a frase 'Mas logo eu?', que quer dizer 'tô fora!' .

MÊS QUE VEM: Parece coisa de primeiro grau, mas ainda tem estrangeiro que não entendeu. Existem só três tipos de meses: aquele em que estamos agora, os que já passaram e os que ainda estão por vir. Portanto, todos os meses, do próximo até o Apocalipse, são meses que vêm!

NO MÁXIMO: Essa é fácil: quer dizer no mínimo. Exemplo: Entrego em meia hora, no máximo. Significa que a única certeza é de que a coisa não será entregue antes de meia hora.

PODE DEIXAR: Traduz-se como nunca.

POR VOLTA: Similar a 'no máximo'. É uma medida de tempo dilatada, em que o limite inferior é claro, mas o superior é totalmente indefinido. Por volta das 5 h quer dizer a partir das 5 h.

SEM FALTA: É uma expressão que só se usa depois do terceiro atraso. Porque depois do primeiro atraso, deve-se dizer 'fique tranqüilo que amanhã eu entrego.' E depois do segundo atraso, 'relaxa, amanhã estará em sua mesa. Só aí é que vem o amanhã, sem falta.'

UM MINUTINHO: É um período de tempo incerto e não sabido, que nada tem a ver com um intervalo de 60 segundos e raramente dura menos que cinco minutos.

UM MOMENTINHO: Demora, em média, cinco vezes UM MINUTINHO.

TÁ SAINDO: Ou seja: vai demorar. E muito. Não adianta bufar. Os dois verbos juntos indicam tempo contínuo. Não entendeu? É para continuar a esperar?
Capisci! Understood? Comprendez-vous? Sacou? Mas não esquenta que já tá saindo...

VEJA BEM: É o
day after do depende. Significa 'viu como pressionar não adianta?' É utilizado da seguinte maneira: 'Mas você não prometeu os cálculos para hoje?' Resposta: 'Veja bem...' Se dito neste tom, após a frase 'não vou mais tolerar atrasos, OK?', exprime dó e piedade por tamanha ignorância sobre nossa cultura.

ZÁS-TRÁS: Palavra em moda até uns 50 anos atrás e que significava ligeireza no cumprimento de uma tarefa, com total eficiência e sem nenhuma desculpa. Por isso mesmo, caiu em desuso e foi abolida do dicionário."

(circulando por e-mail na internet)

Ciência x Filosofia

14 janeiro, 2010

Micropoemas do infortúnio - 11


o MURO antes de sua destruição pelo vento
-----´´´´´´´´´´´´´pela chuva
-----era o espinhaço do vergel.
Ia-se por [sobre] ele até as Colunas de Hércules
-----do mundo felinamente conhecido.

Hoje, não mais...
E os lagartos pervagantes estão atentos
-----a uma nova realidade:::
--------------------------escombros.

O homem que desafiou a bomba

Morreu em 04/01/10, o japonês Yamaguchi Tsutomu, reconhecido como sobrevivente dos dois bombardeios atômicos sofridos pelo japão, ao fim da II Guerra Mundial.
Na manhã de 6 de agosto de 1945, Yamaguchi se encontrava a negócios em Hiroshima, quando a cidade sofreu o bombardeio atômico. Com os tímpanos rotos, cegueira temporária e graves queimaduras pelo corpo, ele passou a noite em um abrigo antiaéreo local e, no dia seguinte, voltou para Nagasaki, a cidade onde morava, em busca de algum tratamento.
Três dias após, Nagasaki sofreu o seu bombardeio atômico. E Yamaguchi estava lá, sobrevivendo novamente.
Considerado um hibakusha (sobrevivente da radiação) pelo governo de seu país, o japonês recebeu cuidados médicos e compensações financeiras ao longo de sua vida. Desfrutou de uma regular saúde e somente veio a falecer aos 93 anos de idade por câncer de estômago.
Era um intransigente defensor do desarmamento nuclear.

13 janeiro, 2010

Testes nucleares

De 1945 a 2008, mais de 2.000 testes nucleares já foram realizados no mundo. O mapa abaixo mostra as regiões do planeta em que essas experiências aconteceram. O caso do Japão, apresentado como uma dessas regiões (Hiroxima, Nagasaki), chega a ser irônico.

Comentário
CONTINUEM INCLUINDO A AMÉRICA DO SUL FORA DISSO!

11 janeiro, 2010

Conjugo Vobis

Conjugo o verbo casar:-----
-----Eu caso
-----Tu casas
-----Ele casa.
Depois começo a pensar...
Quem pensa, porém, não casa
Já dizia Vitor Hugo.

Conjugo o verbo casar.
O verbo casar, com jugo,
E resolvo não casar.

Assinado por Ataulfo de Paiva e publicado no Almanhaque para 1949 (do Barão de Itararé) com o subtítulo de "Poema do Celibato".

10 janeiro, 2010

Ciência poética

Nelson José Cunha (*)
Deitado na grama contemplo o céu repleto de brilhos faiscando na noite orvalhada e fria. São muitos astros a disputarem lugar no firmamento enquanto não chega o sol de amanhã. Cheiros mesclados de estrume e jasmim, músicas que não decifro se de cigarra, sapo, grilo ou vindas mesmo de mim. Olhar o horizonte é estabelecer limites aos olhos, mas ver o céu é libertá-los para escrutinar o passado remoto, posto que esses lampejos são de estrelas que nem existem mais. A luz foi feita para viajar e assim me chegam cansados, milhões de anos depois, esses brilhos órfãos para aqui ficarem sepultados. Não fizeram a viagem em vão, deram-me o prazer de reconhecer belezas em simples fiapos de estrela.

O nascimento do planeta Vida
O universo já foi energia pura que se fez matéria na forma de hidrogênio, o mais simples dos elementos. O aglomerado desses gases produziu gravidade que os juntou e aqueceu como fazem os amantes nas noites frias. Enroscaram-se e pariram um átomo de hélio. E assim foram criados todos os elementos conhecidos, dos mais leves ao mais pesado, o urânio de injusta fama. Só mesmo no interior de estrelas mil vezes maiores do que o Sol poderiam nascer átomos tão variados que dessem cabo da monstruosa tarefa de construir a grande novidades que, neste quintal solar, chamaremos de VIDA. O universo inaugurou os corpos que fazem corpos, que de simples se fazem complexos e de tão complexos se fazem inteligentes e daí pensam, inventam, elaboram, refletem até merejar como faço agora só de pensar que mereci o prêmio de viver e compreender. Oh! Bendita evolução que nos fez sua jóia. Quanto privilégio recebi de graça por ser alguém capaz de ao olhar um céu estrelado molhar o sorriso com lágrimas escorridas. Nesses momentos deixo de ser carne para ser espírito. Algo que fecha os olhos para ver o invisível, para crer no incrível, para poder o impossível. Seres mudos que declamam toda poesia possível.
Somos matéria velha, feitos essencialmente de poeira das estrelas, carbono para ser mais exato, assim como os diamantes, mas diferentes deles porque nosso brilho é próprio. Brilhamos quando sorrimos, quando trinamos para um passarinho, quando afagamos um cão da coxia e salvamos a formiga do afogamento na pia. Somos astros assim!

O nascimento do homem
O sistema solar surgiu da explosão de um aglomerado estelar gigantesco com massa de 100 sóis. A gravidade nesses astros é tão poderosa que os destrói numa explosão monumental: A Supernova. Os detritos desse cataclismo organizam-se em sóis, planetas, alguns gasosos, outros rochosos como a Terra. Pois foi neste planeta que deveria se chamar planeta Vida, que surgiram há 3,5 bilhões de anos as primeiras moléculas replicantes chamadas de RNA primordial. Uma molécula capaz de fazer cópia de si mesma. A sucessão de cópias mutantes teve vida longa e atribulada, esteve muitas vezes à beira do extinção, mas venceu catástrofes e terminou num berçário entre choros, fezes e gritos de alegria: nascemos para contar essa historia.

A tristeza e as religiões
Vagando pelo lirismo alcanço este parágrafo para abordar a tristeza humana. A sensação de insignificância e inutilidade que nos acomete, às vezes. A tristeza a que me refiro não é aquela passageira quando perde o trem um passageiro. Tampouco a doença depressiva, sublevação química que por vezes, pode ser vencida com a espada da vontade. Falo da crônica insatisfação desses dias em que na falta da compreensão existencial, busca-se a fortuna. Uma riqueza que nem os ricos sabem onde está porque continuam a buscá-la crendo-a dinheiro até que a morte os apanhe sem encontrá-la. É certo que o dinheiro quase tudo pode, só não compra a satisfação de ser manso. Essa paz o dinheiro não compra porque traz com ele o virus da cobiça. O desejo assim inoculado é um dragão de estômago aberto para o vazio, não há banquete capaz de atendê-lo. O desejo é como a fome, repete-se ao meio-dia.
A tristeza epidêmica que nos aflige é o vazio existencial que nos faz abraçar religiões na busca de respostas à pergunta de todas as horas: Para que estamos aqui? As religiões oferecem amontoados de fábulas e mitos que derespeitam a inteligência humana, são mais apropriadas aos livros infantis. Desculpem-me os que têm fé, reconheço que minha afirmação pode ser tomada como desrespeitosa aos crentes, mas prefiro ser honesto a ser só educado. Também sou atrevido e pretensioso ao responder à pergunta sobre as razões da nossa existência. Melhor fazer afirmações que poderão se mostrar ridículas do que viver em estado de covardia. Somos hoje o que foram a minúscula alga ou o invertebrado que nos deu origem. Somos um elo da corrente evolucionária, somos incríveis, mas não somos o produto final. Maravilhosa espécie, sobre humana, haverá de vir séculos à frente. Dentro de cinqüenta anos seremos os segundos em inteligência. A inteligência se retro-alimentará e a progressão será exponencial. Isso tudo se não destruirmos essa casca ferida que nos acolhe: A atmosfera. A camada de gases onde vivemos tem a espessura da casca de uma maçã se fizermos a devida proporção. Sejamos gentis com ela.

Satisfação de ser gente
Foi necessário vencer uma corrida em meandros, com milhares de outros espermatozóides para fecundar um óvulo solitário e pouco esperançoso. Quase sempre desistem de esperar e terminam como os gametas masculinos tímidos, esquecidos num balde qualquer. Alegremo-nos pois somos filhos de uma célula valente com outra perseverante. Haverá melhor forma de começar uma vida? O segundo passo dessa célula flagelada, atlética e haplóide (sig: contem só metade dos cromossomos) foi germinar, entregar sua biblioteca de genes e agarrar-se com todas as forças ao óvulo hospedeiro para reclamar seu quinhão no corpo que se deixa, com amor, parasitar.
Nascer é o coroamento de uma epopéia de grandes riscos. Poderíamos ter nascido efêmeras, insetos de vinte horas de vida. Nascemos gente, capazes de sentir o cheiro da dama da noite, de pasmar diante de um pássaro alimentando filhotes, de rir de uma piada maliciosa, de gozar um acorde de Beethoven, de enfiar a boca numa melancia, de se aproveitar de uma mulher no cio, de acariciar um filho e de pular pelado num rio.
Não importa se não sou capaz de prodígios, mas me alegra reconhecê-los nos outros: A racionalidade de Einstein, a engenhosidade de Leonardo da Vinci, o humor de Cervantes, a musica de Bach, a retórica de Shakespeare e o lirismo do genial Rimbaud (imagem) que aos dezesseis anos descreveu a morte com esta beleza ("Poema do soldado morto"). Como descreveria a vida?

"É um vão de verdura onde um riacho canta
A espalhar pelas ervas farrapos de prata
Como se delirasse, e o sol da montanha
Num espumar de raios seu clarão desata.

Jovem soldado, boca aberta, a testa nua,
Banhando a nuca em frescas águas azuis,
Dorme estendido e ali sobre a relva flutua,
Frágil, no leito verde onde chove luz.

Com os pés entre os lírios, sorri mansamente
Como sorri no sono um menino doente.
Embala-o, natureza, aquece-o, ele tem frio.

E já não sente o odor das flores, o macio
Da relva. Adormecido, a mão sobre o peito,
Tem dois furos vermelhos do lado direito."

Estamos sós?
Haverá neste céu que agora fito alguém com essa mesma dúvida? Não há indícios da existência de vida inteligente em outros lugares. Talvez sejamos únicos. A ser verdade essa suspeita, imaginem o tamanho da nossa responsabilidade! Únicos seres inteligentes em todo o Universo.
Não foi fácil chegar até aqui, muito se perdeu antes que acertassem a receita. Não faremos justiça aos tempos passados se dermos abrigo a tristeza existencial que nos incomoda. Podemos ser felizes só por ser gente.
Temos dívidas com o passado que abriu o caminho. Temos obrigações mais do que demandas e não nos custa acariciar a natureza apedrejada, parar de envenenar nossos corpos e aprendermos a dizer obrigado.

(*) O autor se formou em medicina pela Universidade Federal do Ceará em 1971. Reside em João Monlevade - MG, onde é médico oftalmologista. Escreveu esta belíssima crônica após ver o vídeo "Sinfonia da ciência", recentemente postado no blog.

Pescar é chato?

Alguém me pergunta o que acho desta frase do humorista norte-americano Dave Berry:
“Pescar é chato, a não ser que você pegue um peixe. Aí então é repugnante.”
- Ah, sei lá. A pesca é uma atividade a ser apreciada sob os mais diversos ângulos.

09 janeiro, 2010

A mais "quente" das pimentas

Este homem ousou desafiar os efeitos picantes da Bhut Jolokia. No estado natural nada consegue superá-la. La Aldea Irreductible a define como "a bomba nuclear dos picantes".
Os efeitos devastadores desta pimenta começam cinco minutos após ser ingerida. E beber água só piora a situação.



Assim como existe a Escala Richter para os terremotos, há a Escala Scoville para classificar os picantes. Nesta, os lugares mais altos são ocupados pela capsaicina pura, pelos capsaicinoides e pelo spray de pimenta da polícia estadunidense. A seguir, pela Bhut Jolokia, a mais "quente" das pimentas no estado natural.

A invasão vermelha

Cerca de 120 milhões de caranguejos estão a invadir as estradas e as ruas da Ilha de Christmas, na Austrália, transformando-as por algum tempo em imensos "tapetes vermelhos".
Trata-se da migração anual - da floresta para o mar - que a espécie faz com a finalidade reprodutiva.
Foto: Christmas Island Tourism Association

- Não teriam essa folga toda aqui em Fortaleza, principalmente se tentassem fazer isso numa quinta-feira.

Ler ainda no blog:
P.S.>
E ler também o interessante comentário de Nelson Cunha.

08 janeiro, 2010

Órgãos

Quer seja curto ou comprido,
Quer seja fino ou mais grosso,
É órgão muito querido
Não tem espinha nem osso.

De incalculável valor,
Ninguém possui um a mais,
E desempenha no amor
Um dos papéis principais.

Quando uma dama o toca,
Ei-lo a pular com fervor,
Se for rapaz, estremece,
Se velho, com menos vigor.

Seu nome não é tão feio.
Tem sete letrinhas só,
Tem um "R", um "A" no meio,
Começa em "C" e acaba em "O".

Nunca se encontra sozinho,
Vive sempre acompanhado,
Por outros dois orgãozinhos,
Juntos de si, lado a lado.

O nome destes, porém,
Não vá gerar confusões,
Tem sete letras também,
Tem "L" e finda em "ÕES".

Para acabar com esse embalo
E com as más impressões:
Os órgãos de que eu falo
São... o coração e os pulmões!!!

(Winston Graça enviou por e-mail)

07 janeiro, 2010

Santa leitura

por Érico e Paulo Gurgel

Filho e pai, respectivamente, reunidos na primeira psicografia inter vivos do mundo. Uma crônica em que os autores, inicialmente pensando em ganhar o primeiro prêmio (viagem à Disneylândia, com direito a acompanhante) da Associação Nacional de Jornais, contentaram-se depois com a sua publicação, em 1994, no Jornal do Leitor.

Eis uma cena do início de minha vida, que se repetia todos os dias e da qual estou hoje a me lembrar: meu pai, sentado no sofá principal da sala, a ler com grande interesse o jornal. Perto dele, o guri que lhes fala, entretido com algum brinquedo no chão, embora, de quando em quando, desviasse a atenção para ver o velho. Sem que este, absorto em sua leitura, pudesse ao menos suspeitar de estar sendo o alvo de minha intermitente admiração. Naqueles fugidios instantes em que eu relaxava na atenção aos brinquedos, obviamente.
Sempre que possível eu evitava interrompê-lo em sua santa leitura. Ao contrário do que fazia minha mãe, a matraquear um assunto atrás do outro, sem ao menos se tocar para a inconveniência da hora. E bem feito porque ele sempre a desouvia!
Ainda pouco me entendia por gente, mas recordo também que aquilo me perturbava. Meu pai dedicar parte de seu tempo a um punhado de folhas impressas, ainda por cima capazes de manchar o sofá novo, como se queixava minha mãe. E, mais: ao fazer aquilo ele se comportava, para os meus tenros olhos, feito um estranho. Um ser sob alguma ação hipnótica porque, naquelas horas, podia o teto da casa vir abaixo. Que o velho, certamente, não ia perder tempo levantando a vista do jornal. Nem para apreciar o novo teto solar com que a casa acabara de ser contemplada.
Intrigava-me saber que força misteriosa possuía o jornal. A ponto de um ser humano, muita vez de forte personalidade, entregar-se a ele como se fora um escravo. Com o tempo, porém, identifiquei existir no ser humano uma especial fragilidade, que é a carência orgânica de informação. Exatamente o que o jornal tem de sobra. E que, para que aconteça a consentida dominação jornal-leitor, não hesita em nos passar diariamente. O seu produto informação, sob as mais diversas apresentações: editorial, reportagens, colunismo social, charges, publicidade etc.
Uma vez sonhei com papai sendo levado, contra a vontade, a uma redação de jornal. E o desfecho dessa experiência onírica, se alguém quer saber, foi a redação ficar só escombros. Porque papai, qual um bíblico Sansão, no fim derrubou suas colunas.
No entanto, nem tudo acontece como a gente sonha. E, sem haver sofrido arranhões nesse meu sonhar, papai continuou... vida boa não quer pressa. A ler o seu jornalzinho no sofá (por vezes, à mesa da sala de jantar), apenas lhe faltando um cachimbo na boca para compor a cena clássica. E, quando me formei em "doutor do ABC", papai me deu a ler um suplemento infantil do jornal. Que eu li com grande satisfação, bem na frente de um enciumado aparelho de televisão.
Pronto, naquele momento estava inaugurado o meu novo hábito!

Termine com esta santa leitura no Preblog.

06 janeiro, 2010

O decálogo de Russell

Em sua autobiografia, o filósofo inglês Bertrand Russell (1872-1970) propôs um código de conduta baseado em dez princípios:
  1. Não tenhas certeza absoluta de nada.
  2. Não consideres que valha a pena proceder escondendo evidências, pois as evidências inevitavelmente virão à luz.
  3. Nunca tentes desencorajar o pensamento, pois com certeza terás insucesso.
  4. Quando encontrares oposição, mesmo que seja de teu cônjuge ou de tuas crianças, esforça-te para superá-la pelo argumento, e não pela autoridade, pois uma vitória dependente da autoridade é irreal e ilusória.
  5. Não tenhas respeito pela autoridade dos outros, pois há sempre autoridades contrárias a serem achadas.
  6. Não uses o poder para suprimir opiniões que consideres perniciosas, pois as opiniões irão suprimir-te.
  7. Não tenhas medo de possuir opiniões excêntricas, pois todas as opiniões hoje aceitas foram um dia consideradas excêntricas.
  8. Encontres mais prazer no desacordo inteligente do que na concordância passiva, pois, se valorizas a inteligência como deverias, o primeiro será um acordo mais profundo que a segunda.
  9. Sê escrupulosamente verdadeiro, mesmo que a verdade seja inconveniente, pois será mais inconveniente se tentares escondê-la.
  10. Não tenhas inveja daqueles que vivem num paraíso dos tolos, pois apenas um tolo o consideraria um paraíso.
Um fato pitoresco
Outubro de 1948. Quando o avião em que Bertrand Russell viajava pousou em um fiorde em Oslo, houve um solavanco. Russell foi parar no chão, onde a água começava a subir, e achou que tinha sido apenas uma onda que havia invadido o avião e exclamou "well, well", enquanto procurava seu chapéu. Abriram a porta e o puxaram para dentro da água. Só então ele começou a entender o que se passava e pensou apenas em proteger sua maleta, mas teve de deixá-la para nadar até o barco mais próximo. Metade dos passageiros morreu, porém houve mais sorte com aqueles que estavam no setor para fumantes, onde o filósofo se encontrava.
Mais tarde um repórter lhe perguntou: "O que pensou quando pulou na água?"
Ele respondeu: "Que estava fria."

Penso, logo cito - 19

Bertrand Russell, filósofo e matemático inglês:



"Muitos dos problemas do mundo se devem a que os ignorantes estão completamente convictos e os inteligentes cheios de dúvidas."

05 janeiro, 2010

Predadores a postos

Nem todo predador tem a vida fácil de um cetáceo. Uma baleia, quando faminta, o que tem a fazer é abrir a boca. E logo milhares de pequenos camarões, na ilusão de que estão contribuindo para algo grandioso (e talvez o estejam), começam a lhe descer goela abaixo.
É verdade que, em determinados momentos de sua vida, uma baleia tem de devolver ao meio externo alguns alimentos indesejáveis. Como um velho desiludido, um guri mentiroso, um grilo que fala ou, até mesmo, um profeta bíblico, mas isto são exceções. A regra é a baleia abrir a boca e... o krill, o camarão que desce redondo, ir bater em seu estômago.
Outros predadores, porém, necessitam de observar atentamente suas presas, recorrer a complexas artimanhas para capturá-las e nem sempre são bem sucedidos. É o que este slideshow procura mostrar.


Caetano x Cartola

QUEM LÊ TANTA NOTÍCIA?
MAS... QUE BOBAGEM,
AS ROSAS NÃO FALAM.
Itapiúna - CE

04 janeiro, 2010

Respingos na memória


Um homem puxa conversa com outro:
- Creio que já nos conhecemos...
- Não me lembro.
- Pois tenho certeza de que já fomos apresentados. Faz um mês, mais ou menos.
- E como me reconheceu?
- Pelo guarda-chuva.
- Mas, nessa época, eu não tinha guarda-chuva.
- Realmente, mas eu tinha...

Não está louco varrido

:-(
“Que merda! Dois lixeiros desejando felicidades do alto das suas vassouras. Dois lixeiros! O mais baixo da escala do trabalho…” Boris Casoy.
Dito no intervalo de uma das edições do Jornal da Band (sem sabe que as falas continuavam a ser gravadas no estúdio da televisão), esse comentário é o que Boris realmente pensa a respeito da classe dos garis. E o pedido de desculpas, que ele fez depois aos garis (e aos telespectadores), é a meu ver apenas a parte 2 da história (em que Boris usa a palavra para ocultar o pensamento).

Pois bem, preciso esteve Nonato Albuquerque quando, ao postar (ontem) em Gente de Mídia essa montagem fotográfica do Kibeloco, assim a sobrescreveu:
"Kibeloco. Passando esse Boris a limpo."

03 janeiro, 2010

Cearenses no poder

Com a grande tomada do poder mundial pelos cearenses, a acontecer brevemente, caberá o cargo de Secretário Geral da ONU a Seu Lunga (foto), o qual deverá resolver o conflito entre Israel e a Palestina por meio da doação de vastas extensões do sertão cearense a esses brigões.
A ata de doação das terras a eles será um exemplo de objetividade. Como o discurso que Seu Lunga já preparou para o grande momento:
"Magote de fio d'uma égua, bando de mulambeiros, a terra é seca do mesmo jeito e o mar é da mesma cor. Deixem de botar boneco que vocês nem vão notar a diferença e o Ceará ainda é maior que aquela tripinha de Gaza".
Fonte: um documento top secret que circula na internet.

O valor da atenção

Junto com uma mensagem de felicitações pelo Ano-Novo, enviou-me Nelson Cunha esta imagem de um sapo vencedor. E o título da postagem é também deste meu colega.


Deduz-se que a serpente se deu mal porque encontrou o batráquio alerta.
E o controlador deste blog, em cujo arquivo temático só figura uma rã que empata, vai ter que admitir isso:

- Nelson, você caçou melhor!

02 janeiro, 2010

A Sinfonia da Ciência

O mundo da música rende a sua homenagem ao mundo da ciência e vice-versa.
Neste vídeo: deGrasse Tyson, Feynman, Carl Sagan e Bill Nye (pela ordem de entrada).



"Nós somos uma forma de o Cosmo conhecer a si próprio." Carl Sagan

Sobre 2010




"PODE SER O MEU ANTIDEPRESSIVO FALANDO,
MAS EU ESTOU UM TANTO OTIMISTA QUANTO AO ANO."
Anônimo

01 janeiro, 2010

Abraham Lincoln

SE ELE FOSSE PRESIDENTE HOJE
Os comentaristas políticos de seu país estariam implicando com...
  • seu corte de cabelo horrível
  • seu rosto esquelético
  • sua gravata torta
  • suas mãos trêmulas
  • seu sinal de pele
  • sua depressão
  • suas grandes lapelas
  • seu tipo magricela
  • suas alterações de humor
  • sua esposa maluca
  • sua Síndrome de Marfan
  • seus planos de ir relaxar-se no teatro em vez de continuar no trabalho fazendo o que todos os norte-americanos esperam de seu presidente
Traduzido de "If he were president today...". In: Bits and Pieces.


21/01/2012 - Atualizando...
Pensem nisso: Abraham Lincoln foi ao teatro numa ocasião em que havia muitos médicos presentes. Foi uma atitude certa.

O salário mínimo

O novo salário mínimo brasileiro é de R$ 510. Fixado em medida provisória que foi assinada pelo presidente da República, já entrou em vigor a partir de 1º de janeiro. O Congresso Nacional terá 60 dias, prorrogáveis por mais 60, para a apreciação e aprovação da medida.
Mais de 45 milhões de trabalhadores brasileiros (como também milhões de aposentados), que percebem salários pelo menor valor permitido em lei, foram beneficiados com o último reajuste.
Acompanhem, nos números abaixo, como tem sido a evolução histórica do salário mínimo, de 1995 para cá:

ERA FHC
01/05/95......R$ 100
01/05/96......R$ 112
01/05/97......R$ 120
01/05/98......R$ 130
01/05/99......R$ 136
03/04/00......R$ 151
01/04/01......R$ 180
01/04/02......R$ 200 (85 dólares)
ERA LULA
01/04/03......R$ 240
01/05/04......R$ 260
01/05/05......R$ 300
01/04/06......R$ 350
01/04/07......R$ 380
01/09/08......R$ 415
01/02/09......R$ 465
01/01/10......R$ 510 (291 dólares)

E observem, nos gráficos do DIEESE, o processo de recomposição do salário mínimo, por aumentos reais a cada ano, nos últimos 8 anos: