O abismo entre a ciência e os esportes pode nunca ser mais amplo do que no caso das mãos quentes.
Aqueles que jogam, treinam ou seguem o basquete acreditam, quase que universalmente, que um jogador que tenha feito seu último arrremesso com sucesso - um jogador com mãos quentes - é mais provável ter sucesso em seu próximo lance. Uma análise estatística exaustiva conduzida por um psicólogo da Universidade de Stanford, examinando milhares de arremessos em jogos reais, descobriu o contrário: a probabilidade de um arremesso bem-sucedido não depende em absoluto dos resultados anteriores.
Para o psicólogo Amos Tversky, a discrepância entre a realidade e a crença realça as diferenças extraordinárias entre eventos aleatórios e eventos que as pessoas percebem como aleatórios. Quando os eventos vêm em clusters (grupos) e streaks (períodos em que só se ganha/perde), as pessoas procuram explicações; eles se recusam a acreditar que são aleatórios, embora clusters e streaks ocorram em dados aleatórios.
"Muitas vezes, a busca por explicações nos assuntos humanos é uma rejeição da aleatoriedade", diz Tversky.
Para entender as atitudes sobre o streakiness no basquete, Dr. Tversky e seus pesquisadores entrevistaram muitos "verdadeiros especialistas" do esporte, assim como jogadores e estatísticos de basquete. Quanto mais intimamente seus sujeitos conheciam o jogo, mais firmemente eles acreditavam em mãos quentes.
Para testar a teoria, os pesquisadores obtiveram os registros de todas as fotos tiradas do campo pelo Philadelphia 76ers durante uma temporada e meia. Quando eles olhavam para cada sequência de dois arremessos do mesmo jogador - acerto-acerto, acerto-erro, erro-acerto ou erro-erro - eles descobriram que um acerto seguido por um erro era na verdade um pouquinho mais provável do que um acerto seguido por um acerto.
https://www.nytimes.com/1988/04/19/science/hot-hands-phenomenon-a-myth.html (arquivos de 1988)
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