por Fernando Gurgel Filho
NAQUELES DIAS andava Jesus - o motorista comunista que tinha contas em comuns com toda a gente - pela floresta no deserto do mar da Galileia, quando se deparou com um pé de goiaba, na beira da estrada em que os jerimuns eram levados aos romanos de Jerusalém. Depois de andar por riba das águas, ressuscitar mortos e fazer vinho em festa de casamento, não tendo mais nada o que fazer, resolveu sentar-se no pau da goiabeira e comer umas goiabas, sem saber se o pé era da branca ou da vermelha, e achou aquilo muito bom. Mas as goiabas pertenciam ao sítio de um ímpio, miliciano das comunidades carentes de Cafarnaum, e logo os cachorros começaram a acuá-lo. Ao jogar umas delas nos animais, notou que aquilo era um imenso laranjal, e havia muitos marimbondos grandes e gordos rondando ao redor. Sem nenhuma fogueirinha para aquecê-lo, resolveu ir embora pra Pasárgada, pra lá de Bagdá, onde havia pedras no meio do caminho, mas era amigo do Rei. Depois de se desviar de um mar de lamas que descia das barragens cheias de ganância e morte, Caminhando e Cantando chegou a um lugar, chamado de Paubrasilia echinata, de madeira vermelha comunista, e que não havia como subir no tronco. Ao sentar à beira da estrada, no Monte Pascoal, para fazer um Sermão da Montanha que o deixasse famoso, informaram-lhe que os chamados de "sãos" foram chamados para guerrear e os chamados de "loucos" tinham fugido do asilo e passaram a dominar a cidade. O lugar estava vibrante de alegria e vida, onde os lunáticos se mostravam em toda a sua inteireza de humanidade. Mas, como não há bem que sempre dure, nem mal que venha nos salvar, para acabar com a alegria dos lunáticos boas praças chegaram praças muito mais que lunáticos, que passaram a destruir tudo. Até destruírem todo o futuro dos papagaios, tucanos, periquitos e periquitas, dentro de um barraco incendiado no Rio Eufrates. E foi todo mundo parar no pau da goiaba para todo o sempre, depois de extinguirem o futuro promissor de todo o Paubrasilia echinata da Mata Atlântica.
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