CARANGUEJOS
Muitos fortalezenses têm o hábito de encarar caranguejos. As mesas das barracas na Praia de Futuro representam a arena em que, armados de bastões, os conterrâneos destroçam os “inimigos”. Se bem que estes já estavam inanimados desde a operação fervura – em leite de coco e ervas! Nesses encontros, os caranguejos têm as patas arrancadas, uma a uma, esmagadas com os bastões a fim de lhes extrair o carnoso conteúdo. O qual é comido, entre suspiros de satisfação dos devoradores, até que... restam os cascos. Cuja “lama”, misturada com farofa, pertence ao ato final do festim.
Não sendo adepto desta iguaria (e o motivo não é fervor ecológico!), a encarar os caranguejos do Parnaíba, eu prefiro aqueles do Parque do Cocó. Vivos, que habitam as margens das trilhas do manguezal onde passeio. Que me desafiam, à distância, meneando as robustas pinças. E que, a seguir, se refugiam nas tocas quando deles me aproximo.
Ver estes seres das fronteiras móveis do rio com a terra me conduz a imaginação. Para uma infantil canção de roda que diz:
Caranguejo não é peixe
Caranguejo peixe é
Caranguejo só é peixe
Na enchente da maré
Eis a síntese do que são: os mais lídimos representantes de um ecossistema importantíssimo.
Enquanto eles lá estiverem, povoando e alegrando o manguezal, uma convicção estará a me animar. O planeta Terra tem cura.
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