09 setembro, 2020

Adeus a Sete Quedas

Foi a maior cachoeira do mundo em volume de água.  Para se ter uma ideia de sua grandeza basta compararmos a taxa média de fluxo anual dela com as Cataratas do Niágara (a maior em volume de água atualmente), a Sete Quedas tinha um fluxo de 13.300 m³/s enquanto as Cataratas do Niágara tem hoje 2.407 m³/s. Ela se localizava na fronteira entre o Brasil e o Paraguai, e fazia parte do Rio Paraná, hoje ela está localizada no fundo do lago artificial de Itaipu.
Sete Quedas (foto) podiam ser consideradas uma das maiores maravilhas naturais. Era constituída por 19 cachoeiras principais divididas em 7 grupos de quedas. A cidade de Guaíra foi construída em 1940 para aproveitar a potência turística da região, e foi nessa época que o Brasil e o Mundo começaram a conhecer o Salto Guaíra (outro nome dado ao Salto de Sete Quedas).
Em 1979, foi decretado o fim do Salto de Sete Quedas, com a previsão da construção da Usina de Itaipu. Em 13 de outubro de 1982, as comportas da recém-construída barragem Usina Hidrelétrica de Itaipu foram fechadas. E deu-se início à formação da represa de Itaipu que fez desaparecer as quedas d’água.


Em 1982, às vésperas de seus 80 anos, Carlos Drummond de Andrade expressou sua inconformidade com a destruição do Salto de Sete Quedas.
Na edição de 9 de setembro do Jornal do Brasil, quando afinal se anunciava o fechamento das comportas para a criação do lago da hidrelétrica de Itaipu, Drummond publicou este poema. Em letras grandes, os versos ocuparam uma página inteira — a capa do Caderno B.
O sentimento ecológico do poeta reverberou em todo o país. Um mês depois, ele voltaria à carga, com a crônica "Sete Quedas poderia ser salva" (JB, 07/10/1982). Nesse texto, Drummond transcreve una carta do engenheiro Octavio Marcondes Ferraz — o projetista da hidrelétrica de Paulo Afonso. A carta fora enviada ao poeta exatamente a propósito do poema "Adeus a Sete Quedas".
Ferraz revela que em 1963 apresentara projeto intitulado "Aproveitamento do Potencial do Salto de Sete Quedas". A idéia do engenheiro era preservacionista. "Em Paulo Afonso", diz ele, "projetei a usina preservando a catarata que Deus nos deu."
"Aproveitamento, em vez de imolação", destacava Drummond. O argumento do governo militar para a destruição é que seria necessário considerar uma "solução simétrica" em relação ao Paraguai.
No final, diz Drummond, os paraguaios não ficaram tão satisfeitos e Sete Quedas vai passar às novas gerações apenas como uma pálida notícia, um cartão postal de longínquo passado.
"Sete quedas por nós passaram,/ e não soubemos, ah, não soubemos amá-las".
http://pt.quora.com/Quais-pontos-tur%C3%ADsticos-no-Brasil-deixaram-de-existir
http://www.algumapoesia.com.br/drummond/drummond30.htm

Nenhum comentário: