05 setembro, 2020

André LeBlanc

Haitiano, tendo residido muito tempo no Brasil e depois nos Estados Unidos, André LeBlanc (1921 - 1988) ilustrou a coleção completa de Monteiro Lobato publicada pela "Brasiliense" em 1947 (exceto os dois volumes de "Os Doze Trabalhos de Hércules"). Só em 1971 outros ilustradores assumiram esse posto. Na mesma época, adaptou clássicos brasileiros para os quadrinhos, entre eles "O Guarani" e "Menino de Engenho", para a Editora Brasil-América (EBAL).
É difícil chamar seu trabalho competente e seguro de "genial". Ele não brilha, não causa impacto, é correto e eficiente. Quem se dispuser a examinar com calma o seu desenho, poderá perceber que todos os detalhes foram realizados com a segurança de quem sabe o que faz: a dobra das roupas, as proporções do corpo humano, as zonas escuras da face, o brilho nos cabelos. Essa versatilidade e perfeccionismo discreto o fizeram ideal para trabalhar como "ghost-assistant" para diversos artistas. (Érico Molero)
LeBlanc foi um pioneiro das HQs brasileiras, e com o beneplácito de Lobato recebeu a Ordem do Cruzeiro do Sul.
Perguntem-se: num mercado REALMENTE racista, até onde iria um imigrante haitiano no meio cultural brasileiro sem que um anti-racista famoso reconhecesse sua genialidade?
Graças à fama no Brasil, ele alçou vôos mais altos: foi para a Nova Iorque, lecionou na "The School of Visual Arts", e foi assistente dos lendários Will Eisner ("The Spirit") e Sy Barry ("O Fantasma").
Webgrafia
Erico Molero, Guia dos Quadrinhos
Sérgio Correa de Siqueira, Quora

Nenhum comentário: