25 dezembro, 2014

O valioso tempo dos maduros

Mário de Andrade
Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para a frente do que já vivi até agora.
Tenho muito mais passado do que futuro.
Sinto-me como aquele menino que recebeu uma bacia de cerejas.
As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.
Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.
[...]
Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa...
Sem muitas cerejas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade,
Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade,
O essencial faz a vida valer a pena.
E para mim, basta o essencial!"

Este texto, que me foi enviado por Fernando Gurgel, apresenta também uma versão em espanhol. Encantada com os versos de Mário de Andrade, uma leitora da Espanha (M.G.) decidiu traduzi-los para sua língua natal:

El valioso tiempo de los maduros
Conté mis años y descubrí que tendré menos tiempo para vivir de aquí en adelante del que ya viví hasta ahora.
Tengo mucho más pasado que futuro.
Me siento como aquel niño que recibió un cuenco de cerezas.
Las primeras, las chupó displicente pero al darse cuenta de que quedan pocas, roe el hueso.
Ya no tengo tempo para lidiar con mediocridades.
[...]
Mi tiempo se tornó escaso para debatir títulos, quiero la esencia, mi alma tiene prisa…
Sin muchas cerezas en el cuenco, quiero vivir al lado de gente humana,
muy humana; que sabe reírse de sus tropiezos, no se maravilla con triunfos, no se considera elegida antes de tiempo, no huye de su mortalidad.
Caminar cerca de cosas y personas de verdad,
Lo esencial hace que la vida merezca la pena.
Y para mí, basta lo esencial!

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