por Fernando Gurgel Filho, de Brasília
Lembro bem de minhas primeiras leituras. Eram gibis. Normalmente os mais baratos, mas alguns eram especiais para mim. E os gibis eram proibidos pelos meus pais. Eles detestavam que eu e meus irmãos lêssemos gibis. Líamos escondidos.Porém, creio que foi o maior incentivo para pularmos para outros livros, outros literaturas, outras histórias. Os gibis nos despertaram o encantamento pela leitura.
Na adolescência, ganhei do meu avô uma enciclopédia, a "Enciclopédia Fortaleza". Na mesma época, meu avô deu-me uma coleção de livros de matemática. Ambas foram importante fonte de consultas para trabalhos escolares e para sanar dúvidas sobre muita coisa que lia ou ouvia por aí. Às vezes, à toa, pegava um desses livros e passava horas lendo-o.
Foram livros que até há pouco tempo estavam comigo. Livros que ninguém mais lê. Coleções que não existem mais.
Porém, uma coisa sempre me deixou angustiado: meu apego excessivo aos livros. Livro que eu compro ou ganho, quando entra na minha estante, sai apenas para empréstimo ou "morto", estraçalhado.
Hoje, tento me conscientizar que todo livro tem o seu leitor ou a sua leitora. Assim, empurrado pela esposa, Gerusa Saback Gurgel, comecei a doar os livros que estão parados, empoeirados e que estão carentes de um leitor ou uma leitora. Espero que os encontre e sejam muito felizes. Como fui com eles.
Espero, também, que esta minha iniciativa - iniciativa que fui obrigado a tomar - me ajude a libertar mais livros. Para que eles façam a felicidade de quem os adote. E torço para que sejam libertados em seguida.
Pensei até em criar um Movimento pela Liberdade do Livro, mas já existem outros movimentos idênticos por aí. Então, para apoiá-los, deixei um monte de livros e de revistas recentes em um ponto de ônibus da W3.
Quando tiver coragem, liberto outros livros.
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