Há inconsistências na hipótese de que, entre os piratas, houvesse um órgão funcional por debaixo do tapa-olho destinado a enxergar na penumbra dos porões. Quando o olho descoberto é iluminado, sua pupila diminui para regular a quantidade de luz entrante e, assim, evitar o ofuscamento. Este movimento pupilar que chamamos pedantemente de reflexo fotomotor CONSENSUAL acontece também no olho coberto porque compartilha as mesmas fibras nervosas. Ora, uma vez dentro do porão, o pirata ao remover a venda terá a pupila do olho tapado igualmente pequena, obrigando-o a despender alguns segundos para que ela se dilate e abasteça a retina com a luz necessária. Essa é uma objeção teórica baseada na fisiologia ocular. Pode ser que, na prática, a oclusão do olho obtenha alguma vantagem na adaptação rápida ao lusco-fusco.
Como estamos no campo da especulação humorística, ouso aventar a hipótese de que a perna de pau do pirata servia para melhorar a flutuação ou ainda como um engodo a ser oferecido aos tubarões.
Falando seriamente. A figura de um pirata com tapa-olho, perna de pau, dente de ouro e um papagaio pousado no ombro, é uma construção de Hollywood. Os piratas reais deveriam se parecer com marinheiros comuns, o que não quer dizer que um ou outro perneta pudesse estar entre eles.
Nelson José Cunha
N. do E.
Ao oftalmologista Nelson Cunha devemos também a revelação de O segredo do tapa-sexo, uma de nossas postagens mais procuradas (não obstante o pouco apelo existente no título).
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