29 setembro, 2021

A conversão de Clóvis


Um monge escreveu que Clovis, estando num grande perigo na batalha de Tolbiac, fez voto de se tornar cristão se conseguisse escapar; é porém natural que uma pessoa se dirija a um deus estrangeiro em tal ocasião? Não é precisamente num momento desses que a religião na qual se nasceu age mais fortemente? Qual é o cristão que, numa batalha contra os turcos, não se dirigirá antes à Santa Virgem que a Mafoma? Acrescenta-se que um pássaro levou a santa ampola em seu bico a fim de ungir Clovis e que um anjo trouxe a auriflâmula para o conduzir. O preconceito crê em todas as historietas desse gênero. Os que conhecem a natureza humana sabem que o usurpador Clóvis e o usurpador Rolão ou Rol se tornaram cristãos para governar mais seguramente a cristãos, como os usurpadores turcos se tornaram muçulmanos para governar mais seguramente os muçulmanos.

Voltaire, Preconceitos históricos. "Dicionário Filosófico"

Clóvis I é importante na historiografia da França como "o primeiro rei do que se tornaria a França". Ele uniu todas as tribos francas sob um único governante, assegurando-se de que o reinado seria passado a seus herdeiros, e foi o primeiro bárbaro a se tornar rei católico após a queda do Império Romano do Ocidente. Sua conversão ao catolicismo, sob o estímulo de sua esposa Clotilde, foi um ato de imensa importância na história subsequente da Europa.

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