A gente vai contra a corrente / Até não poder resistir / Na volta do barco é que sente / O quanto deixou de cumprir.Primeira obra para teatro de Chico Buarque, Roda Viva é uma comédia musical em dois atos e título da canção que dá nome à peça. Estreia no Rio de Janeiro, em 1968, como uma crítica contundente à sociedade de consumo e à violência institucional. Lançada no ano de acirramento da censura praticada pela ditadura civil-militar brasileira, é considerada um marco da luta artística por liberdade de expressão.
O enredo acompanha a transformação de Benedito da Silva, um cidadão comum, em Ben Silver, ídolo pop fabricado na esteira do sucesso dos festivais de música e da crescente massificação cultural, que submete os corpos à roda viva das engrenagens capitalistas. Ben Silver é lançado como cantor de iê-iê-iê (rock), mas aderindo às novas tendências, transforma-se em compositor engajado, rebatizado de Benedito Lampião, até ser descartado pela indústria de entretenimento e substituído pela namorada Juliana, que adere à Tropicália.
Em São Paulo, na noite de 18 de julho de 1968, no Teatro Ruth Escobar, a sala Galpão é invadida por um grupo de homens do Comando de Caça aos Comunistas (CCC), que depredam o espaço, agridem os artistas e destroem equipamentos. Em setembro do mesmo ano, em Porto Alegre, os atores são brutalmente agredidos no hotel onde estão hospedados, e a peça é censurada.
Por décadas, Chico Buarque não autorizou novas montagens da peça. Em 2018, entretanto, o diretor José Celso obteve autorização do compositor para que o Teatro Oficina Uzyna Uzona faça a remontagem do musical. A nova versão manteve a crítica política, mas a agressividade dirigida ao público deu lugar a uma conjunção celebratória.
RODA Viva. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2020. Disponível em: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/evento405843/roda-viva
A remontagem de Roda Viva, em 2018 (50 anos após).
Um comentário:
Cloris Carvalho Matsushita
(em resposta a @EntreMentes):
Viajei setecentos quilômetros até São Paulo para assistir!!! Inesquecível!!!!
Paulo Gurgel
(em resposta a @cloriscm):
Tinha 20 anos e morava em Fortaleza. Absolvo-me mas vou recorrer.
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