Nascido em 1837, o General Couto de Magalhães confessa que, na São Paulo de sua infância, a tanajura era "vendida em tabuleiros pelas ruas", sendo iguaria apreciada tanto pelas camadas mais pobres quanto "pelas melhores famílias". (*) "Mais tarde", porém, essas últimas "só a comiam às escondidas" ... "e isso depois que o poeta estudante Júlio Amando de Castro, em pleno teatro de gala, pois era um 7 de setembro, bateu palmas e, no meio de pasmo geral, seguido de gargalhadas dos estudantes, daí resultando formidável rolo, começou a recitar um soneto que principiava assim:
Comendo içá, comendo cambuquira/ Vive a afamada gente paulistana/ E aquelas a que chamam caipira/ Que parecem não ser da raça humana ...Não pode concluir, que lh'o não consentiu o berreiro de indignação que se levantou do coração à guelra dos patriotas. O poeta, porém, salvou o pelo e a pele, pois os estudantes que haviam preparado a troça (que eram, aliás, paulistas) tiveram a previdência de acautelar-lhe a retirada e o esconderijo". Ver C. de Magalhães (1946).
http://doi.org/10.1590/S0101-47142008000200004
N. do E.
(*) O Ceará não está fora dessa entomofagia. Na Serra da Ibiapaba, por exemplo, há pessoas que destacam as "bundas" das formigas tanajuras (fêmeas aladas das saúvas, que aparecem em grande quantidade no início da estação chuvosa, quando são nessa ocasião capturadas) para serem fritas, misturadas com farinha de mandioca e comidas. V. foto.
http://luccianorocha.blogspot.com/2012/03/tianguae-suas-tanajuras.html
http://blogdopg.blogspot.com/2008/08/entomofagia.html
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