12 maio, 2021

Teoria de Dunbar

Ao que parece, há limites bem definidos para o número de amigos, colegas e conhecidos que uma pessoa comum é capaz de manter.
E, de acordo com uma pesquisa do fim do século 20, este número mágico é 150.
Mas será que esse limite é válido para a sociedade hiperconectada de hoje, considerando que muitos perfis nas redes sociais contam com milhares de seguidores?
Por meio de estudos com primatas não humanos, o antropólogo britânico Robin Dunbar concluiu que havia uma relação entre o tamanho do cérebro e o tamanho do grupo com o qual nos relacionamos.
O especialista descobriu que o tamanho do neocórtex – parte do cérebro associada à cognição e à linguagem – em relação ao corpo está vinculado ao tamanho de um grupo social coeso. E essa relação limita o grau de complexidade que um sistema de interação social é capaz de administrar.
Dunbar e seus colegas aplicaram esse princípio básico aos seres humanos, examinando dados históricos, antropológicos e psicológicos contemporâneos sobre o tamanho dos grupos sociais, incluindo quão grandes esses grupos ficam antes de se dividirem ou se desfazerem.
E encontraram uma consistência notável em torno do número 150.
Segundo Dunbar e muitos pesquisadores influenciados por ele, essa regra de 150 é válida tanto para as sociedades primitivas de caçadores-coletores, como para uma surpreendente variedade de agrupamentos modernos: escritórios, comunas, fábricas, acampamentos, organizações militares, vilas inglesas do século 11 e até mesmo para a lista de destinatários de cartões de Natal.
E, de acordo com ele, se um grupo exceder 150 pessoas, é improvável que dure muito tempo ou seja coeso.
Mas nem tudo gira em torno do número 150. Outros números também foram concebidos dentro da hipótese do cérebro social, como é conhecida a teoria de Dunbar.
Segundo ele, nosso círculo social mais próximo é formado por apenas cinco pessoas – entes queridos. E é seguido por camadas sucessivas de 15 (bons amigos), 50 (amigos), 150 (contatos significativos), 500 (conhecidos) e 1500 (pessoas que você pode reconhecer).
As pessoas com quem nos relacionamos podem migrar para dentro e para fora dessas camadas, mas a ideia é que é preciso abrir espaço para novas adesões.
Evidentemente, todos esses números representam, na verdade, o alcance. Os extrovertidos tendem a ter uma rede mais ampla, com relações mais pulverizadas. Já os introvertidos se concentram em um grupo menor de contatos sólidos.
As mulheres, por sua vez, costumam ter um pouco mais de contatos nos círculos mais próximos.
"O que determina essas camadas na vida real, no mundo cara a cara (...), é a frequência com que você vê as pessoas", diz Dunbar.
"Você precisa tomar uma decisão todos os dias sobre como vai investir o tempo disponível na interação social, e esse tempo é limitado."
Dunbar não sabe ao certo por que essas camadas de números são múltiplos de cinco, mas diz que "o número cinco parece ser fundamental para macacos e símios em geral".
Algumas organizações levaram esse conceito a sério. A Receita Federal sueca, por exemplo, reestruturou seus escritórios para permanecer dentro do limite de 150 funcionários.


Siga lendo em: Teoria de Dunbar: somos mesmo incapazes de ter mais de 150 amigos?
Christine Ro, BBC Future

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