Neste provérbio [218], a história subjacente é a seguinte: um homem morreu e deixou, em testamento, seu asno para o mais preguiçoso dos três filhos. Perante o juiz, o primeiro filho relatou que um dia, no rio, com água até o pescoço, era tanta a sua preguiça que teria morrido de sede, mas não se sentia capaz de curvar o pescoço para beber. O juiz já ia dar-lhe o asno quando o segundo contou que também morria de sede em sua cama e, por preguiça, não era capaz sequer de abrir os lábios para acolher a água que caía de uma goteira situada bem em cima de sua boca. Já ia o juiz adjudicar-lhe o legado, mas antes quis interrogar o terceiro, que permanecia em silêncio. Este, indagado, respondeu: "Eu... eu... sei lá... dá o asno prá quem cê quisé, isto me cansa tanto..." Ao que o juiz, imediatamente, ajuntou: "Miserável, preguiçoso dos preguiçosos: o asno é teu!", frase usada até hoje para acusar a preguiça de alguém.
250 Provérbios Árabes, por Luiz Jean Lauand
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