Glauco Mattoso em fevereiro de 2008 completou 2.300 sonetos de uma série iniciada em 1999, superando a histórica marca do italiano Giuseppe Belli (1791-1863), que, em 1849, teria composto, segundo consta, seu soneto de número 2.279 numa obra produzida mormente entre 1830 e 1839. Mattoso tem com Belli outra afinidade, além da copiosa produção: a sátira fescenina, que abusa da pornografia e da escatologia. Também no aspecto linguístico há paralelos: Belli versejava no dialeto romanesco, falado na periferia da capital italiana, enquanto Mattoso incorpora ao português brasileiro as gírias suburbanas e os neologismos contraculturais da segunda metade do século XX, de mistura com o vernáculo castiço e com o rigor formal, típicos do soneto clássico, composto em decassílabos predominantemente heroicos. A diferença entre ambos os "malditos" está na postura: Belli cedeu às pressões moralistas e aderiu à autoridade católica, renegando o anticlericalismo que caracterizara sua temática; Mattoso se mantém anarquicamente independente de quaisquer ideologias ou fisiologias, fiel unicamente à sua biografia de cego sadomasoquista e fetichista. Belli, mundialmente reconhecido, foi traduzido também para o inglês; Mattoso, que tem sido objeto de estudos acadêmicos na América Latina e nos Estados Unidos, alcança agora as universidades europeias. *Wiki
Glauco Mattoso é citado por Caetano Veloso em sua canção Língua (2:03).
GM no blog EM
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