Na época em que foi escrita, Atenas atravessava um período difícil de sua história. Abandonados por seus aliados, os atenienses tinham, ao redor das muralhas de suas cidades, as tropas de Esparta. Essa luta fratricida enfraquecia a Grécia, pondo-a à mercê dos persas e medos. A peça de Aristófanes, faz uma crítica severa a essa guerra, envolvendo as mulheres das cidades gregas na Guerra do Peloponeso, lideradas pela ateniense Lisístrata, que decidem instituir uma "greve dos joelhos colados" até que seus maridos parem a luta e estabeleçam a paz. No final, graças às mulheres, as duas cidades celebram a paz.
Boal tinha pedido a Chico, que fizesse algumas músicas para a peça, que ainda não tinha nome. Chico compôs "Mulheres de Atenas", que foi lançada antes de a peça ir a cartaz, fazendo enorme sucesso. E Boal não pensou duas vezes: colocou em sua peça o mesmo nome da música de Chico.
Elas não têm gosto ou vontade,
Nem defeito, nem qualidade;
Têm medo apenas.
Não tem sonhos, só tem presságios.
O seu homem, mares, naufrágios...
Lindas sirenas, morenas.
Analisem. Como poderia um homem entender tanto da alma das mulheres, de sua posição perante o tempo, e suas ânsias mais profundas? Ou sendo um gênio ou uma mulher. Genial, Chico é. Será que seria, também, uma mulher?
Comentário extraído de O caminho da mulher em Chico Buarque, artigo de Luiz Guilherme Libório, publicado no site Obvious.
Chico, ao ler o artigo do Libório, se preparando para defender sua vaga masculinidade |
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