FGF
1No boteco em Brasília, cerveja em latas a R$ 7,00, o jogo no telão estava meio morno, mas a "tchurma" estava eufórica.
De repente, alguém espirra: "Atchim!"
O garçom, educadamente, fala: "Saúde!"
O pitboy, já meio tonto, grita: "Educação!"
Um grupo mais animado, sem saber como voltar para casa depois de beber tanto, grita em coro: "Transporte!"
E o bar em peso começa a cantar o Hino Nacional.
Sai pelas ruas cantando, depreda o Congresso Nacional, toca fogo em dois ônibus, faz um arrastão em algumas lojas e vai dormir satisfeito. Por ter cumprido com o dever cívico de se manifestar livremente.
2
Brasileiro mente tanto, mas tanto, que as chamadas "verdades" das redes sociais são apenas confirmações das suas próprias.
Em dia de jogo do Brasil, então. Nem doente pode ficar. Ninguém acredita mesmo.
- Vai operar com urgência? Hoje? Dia de jogo da seleção brasileira? Duvido!
Pois é! Ariostatino Waldhersony, o rapaz da xerox, tão querido de todos no trabalho, não escolheu dia pior para morrer. Como se tivesse escolha!
A família comunicou a todos os outros familiares, todos os colegas da escola, todos os amigos do trabalho...
- O Ariostatino morreu? Hoje? Semifinal de jogo da seleção? Olha, é um grande garoto, meu "bróder" do coração, mas aí tem armação. Amanhã a gente vai ver.
Pois é, Ariostatino Waldhersony, o rapaz da xerox, o mais querido da família, dos amigos e dos colegas foi enterrado e não ganhou nem uma coroa de flor sequer.
Tudo por causa dos outros brasileiros que mentem tanto.
Logo ele, pessoa honrada, trabalhadora, correta e que detestava mentiras.
Metade dos convidados para o enterro foi pras ruas quebrar a monotonia e o patrimônio público para depois assistir ao jogo. A outra metade foi para o bar beber até a hora do jogo e depois sair dirigindo para não perder o jogo.
Fernando Gurgel Filho, de Brasília
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