"Já que Vossa Excelência está anunciando o propósito de cumprir integralmente a Constituição, queria saber se, eleito fosse, construiria a capital do Brasil no Planalto Central, conforme nela consta.” Lá do meio da multidão, a voz se levantou. Lá em cima do palanque, o candidato a presidente estacou. E agora, o que responder? Dizer que não construiria e desmentir-se na frente do povo sobre uma promessa que acabara de assumir? Ou manter-se firme e encarar um dos maiores desafios que um chefe da nação poderia enfrentar em seu mandato?
Os destinos de Antônio Soares Neto, um jovem que acabara de se formar em Direito, e Juscelino Kubitschek de Oliveira, o ex-governador de Minas Gerais que se propunha a administrar o Brasil, se encontraram no dia 4 de abril de 1955. JK viera a Goiás abrir oficialmente sua campanha à Presidência da República e escolheu Jataí para sediar o primeiro comício. "Todos discursaram e depois houve o momento em que ele abriu as perguntas para o povo. Por uma inspiração feliz, acredito eu, resolvi fazer a pergunta", relata Antônio, conhecido como Toniquinho de Jataí.
"Eu havia acabado de estudar Direito aqui em Goiânia e havia lido muito a Constituição. Resolvi então perguntar sobre a transferência da capital, que estava prevista na lei. Quando fiz a pergunta, percebi que Juscelino se assustou, ficou meio surpreendido. Mas logo depois ele respondeu que sim, que daquele momento em diante a construção da nova capital seria um de seus objetivos principais, caso fosse eleito", recorda Toniquinho, hoje com 92 anos de idade. JK, sempre que podia, relatava essa história, ainda que historiadores relativizem a importância do episódio ocorrido em Jataí.
Extraído de: Toniquinho de Jataí - A pergunta que fundou Brasília, de Rogério Borges, "O Popular"
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