19 julho, 2023

A Constituição do Brasil na Língua Nheengatu

"Um sonho realizado. Parabéns a @JuizLanfredi pela Constituição em nheengatu. Saúdo com admiração e afeto a ministra Rosa Weber e a maravilhosa equipe de tradutores da Academia da Língua Nheengatu, protagonistas desse projeto, do qual me orgulho de ter participado."
Marco Lucchesi

Comentário
Em 2021, a Câmara Municipal de Monsenhor Tabosa, no Ceará, aprovou por unanimidade um PL que reconhece a língua nativa Tupi-nheengatu como língua cooficial do município. O texto legal foi sancionado pelo prefeito Salomão de Araújo Souza, que é descendente de povos indígenas.
https://twitter.com/EntreMentes/status/1680918197019525122

N. do E.
O nheengatu, também conhecido como língua geral, língua geral amazônica ou tupi moderno, é uma língua indígena pertencente à família tupi-guarani, sendo então derivada do tronco tupi. Esse idioma tem origem na língua geral setentrional e desenvolveu-se originalmente como língua franca em aldeamentos nos estados do Maranhão e do Pará. O nheengatu começou a se formar naturalmente por meio do contato entre os tupinambás, falantes da língua tupi antiga, e indígenas de outros idiomas e etnias, além dos missionários jesuítas, responsáveis por seus aldeamentos. Em sua evolução, sofreu diversas transformações por influência do português e de outras línguas indígenas, as quais implicaram, a título de exemplo, a perda de alguns fonemas exclusivos do tupi antigo. Essa língua geral amazônica foi inicialmente fomentada pela Coroa Portuguesa e tomada como língua oficial na Capitania no período 1689–1727, apos o que começaram as tentativas de portugalização. Uma carta régia de 1727, por exemplo, proíbe o uso da língua nas povoações e aldeias de repartição, determinando que tanto os moradores quanto os missionários organizassem o ensino do português a indígenas. Após a Guerra dos Cabanos (1835 e 1840), o processo de supressão da língua tornou-se especialmente violento: metade da população masculina do Grão-Pará (Amazônia) foi assassinada na guerra e quem era flagrado falando em nheengatu era castigado; se fosse indígena não contatado, era batizado por padres e ganhavam seus sobrenomes portugueses em certidões, uma vez que os próprios padres eram seus padrinhos. Foi também neste processo que os nomes de muitos lugares tiveram seus nomes trocados de nheengatu para nomes de lugares e cidades de Portugal, tais como Belém (antiga Tupinambá Mairi), Santarém (antiga Aldeia dos Tapajós), Aveiro (antiga Aldeia dos Mundurucus), Barcelos (antiga Missão de Mariuá), Óbidos (antiga Missão dos Pauxis), Faro (antiga Aldeia dos Jamundás) e Alenquer (antiga Surubiú). Todo esse esforço, contudo, gerou pouco efeito prático. O número de falantes de outras línguas superava imensamente os colonos portugueses na Amazônia, tanto que os próprios portugueses se adequaram a língua nativa. Para se falar ou conversar na colônia do Grão Pará tinha que usar o nheengatu, caso não o fizesse, ficaria falando sozinho uma vez que ninguém usava o português, a não ser no palácio governamental em Belém e entre os próprios portugueses. No final do século XIX, a conquista da língua portuguesa se consolidou, mas o nheengatu não desapareceu. Ficou enraizado no linguajar do amazônida, no sotaque dos ribeirinhos e nos povos indígenas do rio Negro, Baixo Amazonas, ainda que em risco de desaparecer. Fonte: WIKI

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