Filme franco-brasileiro de 2019
Gênero: suspense
Duração: 130 min.
Roteiro e direção: Kleber Mendonça Filho (diretor de AQUARIUS) e Juliano Dornelles
Sinopse: Pouco após a morte de dona Carmelita, aos 94 anos, os moradores de um pequeno povoado localizado no sertão brasileiro, chamado BACURAU, descobrem que a comunidade não consta mais em qualquer mapa. Aos poucos, percebem algo estranho na região: enquanto drones passeiam pelos céus, estrangeiros chegam à cidade pela primeira vez. Quando carros se tornam alvos de tiros e cadáveres começam a aparecer, Teresa (Bárbara Colen), Domingas (Sônia Braga), Acácio (Thomas Aquino), Plínio (Wilson Rabelo), Lunga (Silvero Pereira) e outros habitantes chegam à conclusão de que estão sendo atacados. Falta identificar o inimigo e criar coletivamente um meio de defesa.
Bacurau conquista a América, por Cynara Menezes
(extraído deste artigo, publicado em 11/03/2020, no Socialista Morena)
A espetacular recepção ao filme pela crítica dos EUA, onde "Bacurau" estreou no começo do mês, tem o efeito, porém, de uma bofetada na direita vira-lata que tenta reduzir nosso cinema a algo "amador", "adolescente", em comparação às produções estrangeiras. E isso em tempos em que o bolsonarismo pretende destruir o cinema nacional, cortando incentivos e impondo um corte de cunho moralista no apoio do Estado ao audiovisual.
O que impressiona nas críticas norte-americanas a "Bacurau" é justamente a capacidade dos autores de compreenderem o humor do filme e ao mesmo tempo relacionarem a sátira com a atualidade brasileira e mundial. "Ele pode ser visto como uma metáfora sobre o Brasil (e as desigualdades que perturbam o mundo todo), mas, como os Sete Samurais de Akira Kurosawa, também é uma história profundamente enraizada em um lugar exato no mapa", disse a crítica Manohla Dargis, no New York Times, que elogiou o entrosamento da dupla de cineastas e citou a homenagem ao diretor John Carpenter, com "Night", composição de sua autoria, na trilha sonora.
O site do crítico Roger Ebert deu cinco estrelas ao longa brasileiro, em um artigo assinado por Monica Castillo. Bacurau "brilhantemente equilibra política e roteiro", diz Castillo, que coloca o filme entre a tendência de produções que denunciam a desigualdade, a exemplo de "Parasita". Sendo que Bacurau "vai mais longe, denunciando os danos do colonialismo, os políticos corruptos e o imperialismo norte-americano em uma sangrenta batalha de vida e morte".
A revista "Rolling Stone" o chamou de "joia" feita para os "politicamente explorados" (um trocadilho com "exploitation movies", filmes de horror B). "A dupla de diretores criou uma sátira de bordas serrilhadas que tem presas e garras afiadas em pontos finos, pingando o plasma daqueles que vêem tudo em termos de direitos e cifrões", escreveu o crítico David Fear. "A fotografia de Pedro Sotero é tão impressionante quanto uma pintura e tão psicotrópica quanto as drogas que os moradores tomam."
Além de Kurosawa e John Carpenter, adorado pelo diretor Kleber Mendonça, os críticos norte-americanos também enxergaram em "Bacurau" a influência de lendas do cinema como Sergio Leone, George Miller e Alejandro Jodorowsky, assim como dos brasileiros do Cinema Novo. "Bacurau é simultaneamente uma carta de amor afetuosa à carreira do mestre do horror e o melhor filme de Carpenter que Carpenter nunca fez", elogiou Andy Crump, do site Polygon. "É sobre o Brasil, sertão e colonialismo. É uma versão moderna de Assalto ao 13º DP de Carpenter –escorregadio, vital e crepitante."
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