21 outubro, 2022

Espelhos mágicos - 2

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Pesquisadores descobriram que um "espelho espiritual" usado por John Dee, famoso conselheiro político da rainha Elizabeth I, foi fabricado no México asteca há cerca de 500 anos. A descoberta publicada no periódico "Antiquity" reforça a hipótese de que o espelho tenha sido usado pelo ocultista elizabetano em suas tentativas de comunicação com os anjos.
Além de conselheiro na corte da rainha do século 16, Dee foi um talentoso alquimista, astrólogo, cartógrafo e matemático. Alguns acreditam que ele pode ter servido de inspiração para o personagem Próspero, um mágico da peça "A Tempestade", de Shakespeare.
Pesquisadores usaram um scanner portátil de fluorescência de raios-X para examinar o espelho de John Dee, bem como três outros objetos de obsidiana — dois espelhos circulares quase idênticos e uma placa retangular polida — adquiridos pelo Museu Britânico de colecionadores no México nos anos 1800.
Os astecas tinham uma tradição de fazer espelhos de obsidiana para fins mágicos, afirma Stuart Campbell, arqueólogo da Universidade de Manchester e principal autor do estudo mais recente. Espelhos circulares de obsidiana são retratados em códices astecas produzidos logo após o período da conquista espanhola no início do século 16 e em representações da divindade Tezcatlipoca ("Espelho Fumegante"), que possuía poderes de adivinhação. Os astecas acreditavam que os espelhos podiam exibir uma fumaça, que então se dissiparia para revelar uma época ou lugar distante.
Registros mostram que vários espelhos astecas foram enviados do México para a Europa logo após Hernán Cortés e suas tropas tomarem a capital asteca de Tenochtitlan, em 1521. E, como os astecas, os europeus da época também acreditavam nos poderes mágicos dos espelhos. Foi possivelmente essa crença que levou John Dee a tentar se comunicar com os anjos através do espelho espiritual.
A reputação de Dee como um protocientista elisabetano continua inabalada no Reino Unido (ele é o tema de uma ópera composta pelo vocalista da banda Blur, Damon Albarn, por exemplo). A figura de John Dee está relacionada a vários relatos históricos da época.
"Você pode estar lendo algo onde não espera encontrá-lo, então o nome de John Dee aparece de repente”, diz Campbell. “Dee teve envolvimento em diversas áreas e em fases iniciais de muitas experiências diferentes também no mundo natural."
Ilustração. Os códices astecas, como o Codex Tepetlaoztoc do século 16 mostrado aqui, são representações de espelhos de obsidiana. Os antigos mesoamericanos acreditavam que tais espelhos poderiam servir como portais para mundos espirituais.

Extraído de: Espelho ‘mágico’ da corte elizabetana tem origem mística asteca, por Tom Metcalfe, National Geographic

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