Simpson fugiu, foi perseguido pela polícia, trancou-se durante horas em seu carro e só então se entregou, tudo isso em rede nacional de TV. Seu julgamento, transmitido ao vivo, foi outro espetáculo - somente a sessão do veredicto, em 1995, foi assistida por 20 milhões de pessoas. O júri o absolveu.
Onze anos depois, para faturar com a própria história, Simpson publicou um cínico pseudo-romance, "If I Did It" (Se Eu Tivesse Matado), em que conta como foi à casa de Nicole, matou Goldman com dezenas de facadas e aplicou outras tantas à sua ex-mulher que quase lhe separou a cabeça do corpo. Como nos EUA não se pode ser julgado duas vezes pelo mesmo crime, ele estava tranquilo para confessar.
Era inevitável que, com essa onipotência, Simpson se metesse em novas encrencas, o que aconteceu em 2007: um assalto à mão armada a uma joalheria, em Las Vegas, para roubar besteiras. Só que, desta vez, o júri o mandou para a cadeia por nove anos. Deve ter sido um choque para O.J.: heróis de milhões, como ele, não podem ser condenados, nem ficam presos. Mas ele foi e ficou.
(extraído do artigo Ex-tudo, do jornalista Ruy Castro)
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