15 abril, 2011

Duas traquinagens poéticas

L'affaire Sardinha
O bispo ensinou ao bugre
Que pão não é pão, mas Deus
presente em eucaristia.
E como um dia faltasse
Pão ao bugre, ele comeu
O bispo, eucaristicamente.

Erro de português
Quando o português chegou
Debaixo duma bruta chuva
Vestiu o índio.
Que pena!
Fosse uma manhã de sol
O índio tinha despido
O português.

O primeiro poema é de José Paulo Paes (1926-1988); o segundo, cronologicamente anterior, é de Oswald de Andrade, da Geração de 1922.
Comentário
Ao devorarem o bispo que tinha sobrenome de peixe, os índios caetés inverteram momentaneamente a balança do poder.

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