02 abril, 2020

Dragões, gigantes e a virtude plástica

O que as pessoas pensaram pela primeira vez quando encontraram ossos de dinossauros?
Karl Smallwood, Today I Found It
04/09/2019
De cerca de 250 a 66 milhões de anos atrás, muitas espécies de dinossauros vagavam pela Terra. Hoje, os únicos dinossauros que restam são os pássaros, que são dinossauros bípedes - e, o que é engraçado, do mesmo subgrupo a que o Tyrannosaurus pertenceu.
Além de sua descendência aviária, tudo o que principalmente resta dessas criaturas outrora dominantes são ossos fossilizados, pegadas e fezes. Enquanto muitos dinossauros eram, na verdade, muito pequenos, alguns eram comparativamente grandes, levando-nos à questão inicial - o que as pessoas pensaram quando puxaram aqueles enormes ossos da terra?
Para começar, geralmente se pensava que os ossos dos dinossauros são do mesmo tempo em que a humanidade existe. E parece que, pelo menos, algumas das criaturas gigantes da lenda antiga provavelmente se originaram da descoberta desses ossos e das tentativas subsequentes dos povos antigos para explicar o que eram.
Por exemplo, o historiador chinês Chang Qu, do século IV a.C., relatou a descoberta de "ossos de dragão" maciços na região de Wuchen. Na época e, de fato, por muitos séculos depois (incluindo alguns ainda recentes), os chineses sentiram que esses ossos tinham potentes poderes de cura, resultando em muitos deles serem moídos e transformados em elixires especiais.
Movendo-se para os gregos antigos, acredita-se que eles também tenham tropeçado em ossos de dinossauros maciços e, da mesma forma, assumiram que eles vieram de criaturas gigantes há muito tempo mortas, em alguns casos parecendo pensar que vieram de criaturas gigantes humanas.
Indo para a história mais bem documentada, nos séculos XVI a XIX, quando a ideia de que a Terra tinha apenas seis mil anos de idade estava firmemente enraizada no mundo ocidental, esses fósseis vieram a criar um grande quebra-cabeça para os cientistas que os estudavam. Até mesmo para Meriwether Lewis, da famosa expedição de Lewis e Clark, que encontrou um osso de dinossauro em Billings Montana. Mas, no caso específico, ele decidiu que devia ter vindo de um peixe enorme, o que era uma maneira comum de serem explicados, uma vez que em geral não pareciam combinar com qualquer criatura que caminhava sobre a Terra.
As várias idéias lançadas durante esses séculos foram descritas por Robert Plot, em sua "História Natural de Oxfordshire", em 1677. Inclusive a hipótese da "virtude plástica", em que os fósseis eram uma forma de cristais de sal que, por algum processo desconhecido, se formou e cresceu no solo assemelhando-se a ossos.
Assim, como se pensa haver acontecido com certos povos antigos, ele decidiu que alguns desses ossos devem ter vindo de humanos gigantes do passado. Durante a época de Plot, a menção bíblica de tais gigantes era frequentemente apresentada como evidência, como em Números 13, onde se afirma:
32 E infamaram a terra que tinham espiado, dizendo aos filhos de Israel: A terra, pela qual passamos a espiá-la, é a terra que consome os seus moradores; e todo o povo que vimos nela são homens de grande estatura.
33 Também vimos ali gigantes, filhos de Anaque, descendentes dos gigantes; e éramos aos nossos olhos como gafanhotos, e assim também éramos aos seus olhos.
Embora o osso que Plot descreveu tenha sido desde então perdido para a história, ele deixou desenhos detalhados, pelos quais se acredita que tenham vindo da parte inferior do fêmur de um Megalossauro (literalmente, Grande Lagarto).
Mas antes de ser chamado de Megalossauro, ele teve um nome um pouco mais engraçado. Em 1763, quando um médico chamado Richard Brookes, estudando os desenhos de Plot, apelidou-o de "Scrotum humanum" porque achou ele que parecia um conjunto de testículos petrificados.

A prosseguir ...

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