21 abril, 2020

Ser tão explosivo

Sobre este assunto, uma vez escrevi um conto assim:

Naquele dia estava sozinho no escritório.
E o estômago doía tanto que o suor frio escorria pela testa. As tripas se remexiam, barulhentas...
Foi ao banheiro. Apesar de muito educado, muito contido, como estava sozinho, resolveu soltar tudo com força.
"Danem-se todos", pensou, "se fizesse um barulhão. Estava só. Ninguém ouviria."
Sentou-se no vaso sanitário e peidou. Bem alto. Soltou todos os gases acumulados. Alívio imediato. Parecia ter alcançado a liberdade completa, até da alma. E alcançou.
Viu apenas um clarão e ouviu um barulho ensurdecedor. O prédio tremeu e o calor desintegrou tudo.
Deve ter sido o único ser humano que peidou no epicentro de uma bomba atômica.
Como em toda sua vida, teve tempo apenas para começar a sentir-se culpado. Não teve tempo para sentir-se culpado por inteiro.
Muito menos de saber que não teve nenhuma culpa.

Fernando Gurgel Filho

Curiosidades
  • Escritores famosos discutiram o fenômeno da flatulência. Shakespeare mencionou-a em cinco peças. Benjamin Franklin publicou um ensaio intitulado "Fart Proudly" (Peido com Orgulho).
  • No Brasil, Moacir Scliar fez uma revisão sobre o assunto.
  • Em um dia, você compartilha gás suficiente para encher um balão de festa.
  • O metano, um dos gases intestinais, é altamente inflamável. Um celeiro na Alemanha cheio de vacas peidorreiras pegou fogo.
  • Os Yanomamis na floresta amazônica se cumprimentam peidando. CARECE DE CONFIRMAÇÃO

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