10 março, 2018

Lei anacrônica sufoca vida noturna de NY

por Silas Martí
Nova Iorque, EUA (FolhaPress) - Era noite de Ano-Novo. Debaixo de uma linha de trem de superfície em Nova Iorque, o Bossa Nova Civic Club, um inferninho todo preto que de banquinho e violão não tem nada, tremia ao som de música tecno. Festeiros se esbaldavam até a invasão de uma turma que não estava na lista VIP.
"Eles chegaram desligando a música, acendendo as luzes, mandando todo mundo parar de dançar", diz John Barclay, o dono da boate no Brooklyn, sobre o dia em que, em nome da lei, os policiais acabaram com sua festa.
Desde o episódio, plaquinhas discretas coladas ali informam o impensável numa boate  é proibido dançar. "Fui parar num tribunal por causa disso", lembra o empresário. "Isso é uma vergonha para os nova-iorquinos."
Uma lei que exige de bares e baladas uma licença especial para operar com uma pista de dança existe em Nova Iorque desde a década de 1920, quando vigorava a Lei Seca.
"Era um tempo muito conservador e racista", diz Greg Miller, um dos maiores ativistas a favor da derrubada da medida e fundador do Dance Parade, grupo que defende o direito à dança em Nova Iorque.
"Essa lei surgiu para controlar os negros, para não deixar que chegassem perto das mulheres brancas nos bares de jazz. Diziam que quando as mulheres dançavam, o Diabo se apoderava delas."
Endiabrados ou não, baladeiros nova-iorquinos passaram anos dançando sem nunca saber da regra. Mas ela voltou à baila com a gentrificação que reconfigurou partes da cidade na última década.

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Chama-se gentrificação (do inglês gentrification) o fenômeno que afeta uma região ou bairro pela alteração das dinâmicas da composição do local, tal como novos pontos comerciais ou construção de novos edifícios, valorizando a região e afetando a população de baixa renda local.

Imagem: COURB

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