07 maio, 2017

Obrigado por tanta coisa boa, Belchior (1946 – 2017)

Caetano: canções de Belchior são imortais
Não é por acaso que Belchior é lembrado e louvado por gerações sucessivas. Suas canções não são das que morrem. Ele prefigurou os anos 80 em termos globais e se instalou na memória profunda da história da criação de música popular no Brasil. As pessoas que enchiam os teatros a cada reaparição do bardo cearense entendem o sentido dessa história.


Obra poética de Belchior dialogou com os Beatles e também com Bob Dylan, por Leonard Attuch
Estudante de medicina que largou tudo para se tornar músico, Belchior foi fortemente influenciado por dois ícones de sua geração: os Beatles e Bob Dylan. Belchior não deve ser apenas homenageado e reverenciado. Deveria ser estudado em todas as escolas do País como um dos maiores poetas que o Brasil já produziu.


Belchior, uma morte anunciada, por Jorge Hélio Chaves de Oliveira
Nestes tempos de profunda apreensão nacional - para ficar apenas no território do eufemismo -, a morte de um pensador urbano, um contumaz leitor de clássicos da literatura nacional e mundial, um cronista musical da migração Nordeste-Sudeste, um repórter das inquietações típicas da juventude universal soa emblemática em ambiente de tanta desesperança.


Obrigado por tanta coisa boa, Belchior (1946 – 2017), por Paulo Nogueira
E então leio que artistas fizeram uma homenagem a Belchior, o gênio perdido da música brasileira. Fico estranhamente tocado, ou não estranhamente. Belchior foi o último ídolo que eu tive na música. Eu era um adolescente quando Elis consagrou músicas de Belchior como Velha Roupa Colorida e Como Nossos Pais. Eu simplesmente amava Belchior, com sua voz anasalada e melancólica, suas melodias tristes embaladas em letras longas e poéticas.


Belchior me ensinou que a felicidade é uma arma quente, por Nathalí Macedo
Belchior foi o meu primeiro contato com a poesia da vida real, quando meu pai ouvia o vinil de "Coração Selvagem" em manhãs de domingo tão melancólicas quanto esta e eu me deixava fisgar, sem nenhuma relutância, pelos versos que de tão autênticos me pareciam epifanias, embora eu ainda não soubesse que se chamavam epifanias.


A morte de Belchior e a construção do estereótipo do "maluco beleza", por Wilson Roberto Vieira Ferreira
Na verdade Belchior vivia um embate ideológico-musical com a sua geração. Porém de uma forma velada e ambígua: com arranjos musicais simples e teclados muitas vezes “engraçados” (daí tentarem puxá-lo para o rótulo “brega”), mas com letras profundas e crítica ácida, revelando vasta erudição, poesia refinada, conhecedor de línguas latinas e literatura clássica.


O outro silêncio de Belchior: ele deixou o planeta, por Nonato Albuquerque
Havia sempre um ar de Edgar Alan Poe na sua essência, como alguém do passado que tivesse caído em nossos dias. O canto à la Dylan, esfaqueando os ouvidos de todos era um pedido de passagem a que o "seu mundo" se permitisse em nós. Depois, o auto-exílio, a fuga e agora esse outro silêncio.


[Também enalteceram a obra de Belchior: Alceu Valença, Ana Carolina, Elba Ramalho, Fernando Morais, Gilberto Gil, Grijalbo Coutinho, Guilherme Arantes, Raimundo Fagner, Zélia Duncan.]

Belchior - "Espacial"


Recordando Belchior

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