A riqueza do petróleo não será uma maldição, como aconteceu em tantos países. Ao contrário, está sendo utilizada para melhorar a vida de milhares de brasileiros. O Programa de Modernização e Expansão da Frota da Transpetro (Promef) carrega esse espírito: da necessidade de renovar a frota brasileira de petroleiros, criamos oportunidades de desenvolvimento com justiça social.
Primeiro petroleiro construído no Nordeste, o João Cândido é o símbolo do longo e trabalhoso processo de reconstrução da indústria naval brasileira. O setor viveu uma crise de décadas, que os pessimistas de plantão achavam incontornável.
Quem acredita no futuro do País já pode ver resultados expressivos no presente. O cenário da indústria naval já é outro. O volume de encomendas aos nossos estaleiros é o melhor atestado da efetividade do programa. Já temos a quarta maior carteira mundial de encomendas de navios. Os menos de dois mil empregos do início do século evoluíram para 60 mil, no setor naval.
Três novos estaleiros estão sendo implantados para atender ao Promef. Além dos navios Celso Furtado, já em operação, e João Cândido, um terceiro navio, o Sérgio Buarque em Holanda, será entregue em junho. Mais duas embarcações estão em fase final de acabamento.
Tirar essa indústria da inércia tem sido um grande desafio, mas é preciso ressaltar que os gigantes asiáticos do setor naval levaram 20 anos para chegar ao estado da arte. O Brasil, tenho certeza, vai levar menos tempo para atingir este estágio. Para isso, estamos apostando firmemente em um choque de produtividade. Os estaleiros que não priorizarem a atualização tecnológica, a capacitação profissional e os processos modernos de gestão ficarão para trás.
Treinar operários numa região sem tradição na construção naval foi apenas uma das dificuldades de um projeto audacioso. Os milhares de trabalhadores que fizeram o João Cândido foram desacreditados, mas deram um exemplo de perseverança, coragem e superação.
Esses trabalhadores não precisarão mais abandonar a terra onde nasceram e migrar em direção ao Sul/Sudeste para mostrar o seu valor. A diversificação regional da indústria naval, com o aproveitamento da mão de obra local e a formação de novas cadeias produtivas, é um dos instrumentos para desenvolver o Nordeste, retendo na região a riqueza nela produzida.
Houve quem dissesse que o navio João Cândido não poderia ser concluído no Brasil, que teria de ser levado para outros países. Sua entrega é uma prova da capacidade do nordestino para enfrentar e superar desafios.
Sergio Machado, Presidente da Transpetro
Artigo transcrito de O POVO online, edição de 23/05/12
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