15 dezembro, 2010

Analfabetismo científico


"... um milionário que ignore quem foi Machado de Assis acaba visto como uma figura folclórica, excêntrica; um que ignore a segunda lei da termodinâmica é só mais um cara normal. Além, claro, de ser uma ótima vítima para esquemas de moto-perpétuo."

Aforismo de C.P. Snow (no original: Shakespeare), parafraseado por Carlos Orsi, em seu artigo "Analfabetismo científico". PG

Correspondência
Meu caro Paulo,
Há pouco escrevi sobre o assunto no EntreMentes. Dizia que o baixo nível educacional brasileiro favorece todo tipo de aproveitador. O pouco discernimento dos consumidores que por falta de uma boa escola embarcam em candidaturas furadas, compram gato por lebre, doam dinheiro para igrejas mercenárias, deixam-se explorar pela agiotagem bancária, consomem vitaminas, chás e simpatias, acreditam e divulgam boatos estapafúrdios etc.
Uma população assim deseducada é incapaz de fazer escolhas corretas comprometendo o seu futuro pessoal e do país em que vive. É trágico e grave ver uma nação com tão grande contingente de analfabetos funcionais. São eles que decidem o nosso futuro.
Quando vejo um médico defendendo o “valor” científico da homeopatia, custa-me crer que estudou nos mesmos livros que eu. Um engenheiro aeronáutico acreditando em disco voador me dá medo viajar de avião. Um professor de ciência criacionista me dá vontade de educar meu filho em casa. A tecnologia moderna deu a um pobre operário de hoje um padrão de vida superior ao desfrutado somente pelos reis há um século. As vacinas, o telefone, o automóvel, a televisão são inventos baseados na racionalidade científica. Precisamos de mais provas do valor da coerência?
Abraços.
Nelson Cunha

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