O designer pernambucano Augusto Lins Soares está lançando pela Editora Francisco Alves o livro "Meu caro Chico — Depoimentos". O livro reúne 60 crônicas, ensaios, poemas, bilhetes e comentários em redes sociais sobre o compositor de olhos de ardósia. Foram escritos por ninguém menos que Luís Fernando Veríssimo, Clarice Lispector, Glauber Rocha, Rubem Braga, Antonio Candido, Augusto Boal, Cacá Diegues. José Saramago, Lula, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Teresa Cristina… Uma lista de personalidades de várias áreas que aqui se revelam seus admiradores.
ADMIRÁVEL CHICO, por Luís Fernando Veríssimo
Admiro o Chico desde que ele apareceu nos anos 1960, com "Ole olá". Aquela cara de garoto não combinava com suas primeiras melodias e suas letras incomparáveis, já tão engenhosas e inteligentes. Tudo o que Chico fez desde então – suas músicas, sua poesia, suas peças, seus romances – foi admirável, num nível sempre espantosamente alto. É tão difícil lembrar uma composição ou um texto do Chico que não mantenha o mesmo nível, quanto é difícil escolher uma canção favorita entre todas que ele produziu e continua produzindo (as minhas favoritas são "Samba do grande amor", "Sabiá", em parceria com o Tom Jobim, e "Sobre todas as coisas", em parceria com o Edu Lobo). Admirável também é o jeito do Chico de ser célebre e engajado sem ser autodeslumbrado nem panfletário. Durante a ditadura, foi dele a trilha sonora da resistência, driblando a censura, assegurando aos militares que, apesar deles, amanhã seria outro dia.
Temos nos encontrado pouco, bem menos do que eu gostaria, mas acho que posso dizer que somos amigos. Eu tocava saxofone numa banda de jazz em Porto Alegre e o Chico estava na cidade para um show. Ele e outros membros da sua banda foram nos ouvir no bar em que nos apresentávamos – e o Chico deu uma canja! Cantou "A Rita". Depois seu baterista nos diria que o “seu Chico” nunca fazia aquilo. Foi o maior momento na vida da nossa banda. E eu toquei com o Chico Buarque. Até hoje não sei o que fazer com essa frase. Acho que vou pedir que seja meu epitáfio.
Leia mais em: http://vejario.abril.com.br/beira-mar/trecho-inedito-livro-personalidades-chico-buarque/
Admiro o Chico desde que ele apareceu nos anos 1960, com "Ole olá". Aquela cara de garoto não combinava com suas primeiras melodias e suas letras incomparáveis, já tão engenhosas e inteligentes. Tudo o que Chico fez desde então – suas músicas, sua poesia, suas peças, seus romances – foi admirável, num nível sempre espantosamente alto. É tão difícil lembrar uma composição ou um texto do Chico que não mantenha o mesmo nível, quanto é difícil escolher uma canção favorita entre todas que ele produziu e continua produzindo (as minhas favoritas são "Samba do grande amor", "Sabiá", em parceria com o Tom Jobim, e "Sobre todas as coisas", em parceria com o Edu Lobo). Admirável também é o jeito do Chico de ser célebre e engajado sem ser autodeslumbrado nem panfletário. Durante a ditadura, foi dele a trilha sonora da resistência, driblando a censura, assegurando aos militares que, apesar deles, amanhã seria outro dia.
Temos nos encontrado pouco, bem menos do que eu gostaria, mas acho que posso dizer que somos amigos. Eu tocava saxofone numa banda de jazz em Porto Alegre e o Chico estava na cidade para um show. Ele e outros membros da sua banda foram nos ouvir no bar em que nos apresentávamos – e o Chico deu uma canja! Cantou "A Rita". Depois seu baterista nos diria que o “seu Chico” nunca fazia aquilo. Foi o maior momento na vida da nossa banda. E eu toquei com o Chico Buarque. Até hoje não sei o que fazer com essa frase. Acho que vou pedir que seja meu epitáfio.
Leia mais em: http://vejario.abril.com.br/beira-mar/trecho-inedito-livro-personalidades-chico-buarque/
Chico Buarque no catálogo da Livraria da Travessa: 83 livros e 12 DVDs
Nenhum comentário:
Postar um comentário