Ela se chama Marianne (Mariana), é mestiça e está vestida com os símbolos da República (o barrete frígio e a toga). Também leva uma espada e um escudo (porque a ideia não era que o Brasil fosse esse fracalhão indefeso que se tornou) e olha para a frente, para o futuro (em vez de ter saudades de um passado ideal). A coroa do império lhe é oferecida e ela a recusa.
Além de evidenciar a associação com a imagética revolucionária francesa, à Marianne brasileira cabia representar o cotidiano de um regime que se esforçava para aparecer. Dentre as várias atividades como representante da Pátria, apareceu vencedora das urnas da Assembleia Constituinte; foi mostrada ao povo como criança em roupas de batismo nas mãos de Deodoro, nas comemorações do primeiro aniversário do regime; recebeu das mãos de Deodoro, acompanhado de Rui Barbosa, a Constituição de 1890; como amiga - e após um "longo período de desconfiança" - recebeu fraternalmente a República Argentina; foi guiada e amparada pela República Francesa por um caminho florido e coube a ela enfrentar a horda do Conselheiro em 1896.
Fonte: PINTO JUNIOR, Rafael Alves. Manoel Lopes Rodrigues e a Alegoria da República (1896): do cotidiano da política à imortalidade do Panteão. 19e20, Rio de Janeiro, v. V, n. 4, out./dez. 2010.
Disponível em: http://www.dezenovevinte.net/obras/mlr_rapj.htm
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