Zeal Akaraiwai tem um elegante Mercedes preto, de motor potente e bancos de couro. Consultor financeiro, com 40 anos, Zeal estaciona seu veículo luxuoso em frente a um hospital de Lagos, cidade mais populosa da Nigéria, com quase 8 milhões de habitantes.
Ele é recebido calorosamente por uma equipe de assistentes sociais do hospital. Eles então entregam ao consultor uma lista com os nomes dos pacientes que receberam alta, mas que não podem sair do hospital porque não têm dinheiro para pagar a conta.
Na visita ao hospital, Zeal conversa com todos os pacientes da lista elaborada pelos assistentes sociais. Depois, vai até o caixa e liquida as contas. Ele diz que o fato de precisar fazer esse tipo de filantropia o deixa triste, porque reconhece que o trabalho acaba por mostrar um fracasso do governo da Nigéria.
"O simples fato de uma pessoa ter que ir a um hospital para pagar as contas de pessoas que não podem sair do local diz muito sobre as injustiças do sistema", afirma o consultor. "Não há razão para não termos plano de saúde adequado para todo mundo, nosso país tem pessoas inteligentes que precisam pensar em estratégias para resolver essa situação."
Apenas 5% da população nigeriana têm seguro de saúde particular - o país tem uma população de 186 milhões de pessoas.
Na sociedade nigeriana há certo ceticismo sobre a criação de um serviço universal de saúde, como Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro. Não se sabe se o Estado teria dinheiro para bancar o atendimento de milhões de pessoas em um país cuja desigualdade entre ricos e pobres é gigantesca.
Linda Pressly
Da BBC News em Lagos
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