17 novembro, 2022

Flores: a invenção do amor



"Ser flor é de uma profunda responsabilidade."
Emily Dickinson
Duzentos milhões de anos atrás, muito antes de caminharmos pela Terra, era um mundo de criaturas de sangue frio e cores opacas – uma espécie de mar terrestre de marrom e verde. Havia plantas, mas sua reprodução era um tênue jogo de azar – elas lançavam seu pólen no vento, na água, contra a incrível improbabilidade de que pudesse atingir outro indivíduo de sua espécie. Sem algoritmo, sem subterfúgio – apenas chance.
Mas então, no período Cretáceo, as flores apareceram e cobriram o mundo com uma rapidez surpreendente – porque, em algum sentido poético, elas inventaram o amor.
Uma vez que havia flores, havia frutas – aquela alquimia transcendente da luz do sol transformada em açúcar. Uma vez que houvesse frutas, as plantas poderiam contar com a ajuda dos animais em uma espécie de comércio: a doçura por uma carona. Os animais saborearam os açúcares das frutas, convertendo-os em energia e proteínas, e um novo mundo de mamíferos de sangue quente ganhou vida.
Sem flores, nós não haveríamos.
Darwin não conseguia compreender como as flores podiam surgir tão repentinamente e assumir o controle tão completamente. Ele chamou isso de "mistério abominável". Mas desse mistério nasceu um mundo novo, regido por uma maior complexidade, interdependência e desejo animal, tendo a flor como seu emblema de sedução.

https://www.themarginalian.org/2022/02/04/universe-in-verse-animated-episode-1/

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