27 janeiro, 2017

Ne sutor ultra crepidam

Tradução: "Não (suba) o sapateiro acima da sandália".
Palavras do pintor Apeles a um sapateiro, baseadas num trecho de Valério Máximo (Fatos e Ditos Memoráveis, Livro VIII, 12, 3).
Eis como Pe. Manuel Bernardes relatou a história;
(Apeles) expôs à porta uma pintura sua, e se pôs detrás do pano a escutar os votos e censuras várias dos que passavam. Veio um sapateiro, e notou um defeito na chinela de uma figura principal. Emendou Apeles a falta, e no seguinte dia tornou a passar aquele oficial, e vendo a emenda, ficou satisfeito de si, e atreveu-se a notar outra cousa na perna da mesma figura. Então Apeles, aparecendo, lhe disse: Não suba o sapateiro além da chinela; daqui ficou o adágio contra os que dão voto no que não entendem: Ne sutor ultra crepidam.
Nova Floresta, vol. V, tít. VIII, 37.
Apeles e o sapateiro eram gregos, e aquele teria respondido a este em grego, claro. E por que a frase ficou em latim?
O romano Valério Máximo, que narrou pela primeira vez a história, comunicava-se em latim. Simples assim.
Ultracrepidanismo
Aglutinação das palavras "ultra" e "crepidam", com origem na citada expressão latina, originalmente publicada em inglês ("ultracrepidarian") num ensaio de William Hazlitt. É o hábito de expressar opiniões ou dar conselhos em assuntos para além do conhecimento do próprio.

Nulla dies sine linea

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