"A irritação do governador paulista com minhas atitudes chegou ao ápice quando revoguei a concorrência nº 02/97 – DPF, consubstanciada no processo 08200007434/97-55, no valor de 170 milhões de reais, de interesse da empresa Tejofran Saneamento e Serviços Gerais Ltda., muito ligada a ele e a seu filho, um certo Zuzinha, que detinha 20% do consórcio. Após ganhar a licitação, essa gente passou a exigir um escandaloso indexador em moeda americana com o obscuro objetivo de reajustar seus preços. Rejeitei a trama lesiva aos cofres públicos."
Renan Calheiros
Acima, o trecho de uma carta (aqui na integra) que o ex-ministro da Justiça Renan Calheiros, enviou ao presidente Fernando Henrique Cardoso, em 19 de julho de 1999, denunciando em linguagem desabrida as pressões do governador Mário Covas, do PSDB, por negócios.
Mas o que tem a ver isso com a possível coleta de fundos para o tucanato paulista?
Simples. A Tejofran está espalhada por todo o governo do Estado de São Paulo, prestando serviços a um número inimaginável de empresas em todos os governos tucanos. Os seus “pequenos contratos”, que já nem eram tão pequenos assim, ficaram imensos e somaram bilhões com Geraldo Alckmin e José Serra.
Ler esta e outras denúncias no Tijolaço.
Aula prática
Prestar atenção como a mídia conduz o noticiário sobre o escabroso caso que veio à tona com as informações da alemã Siemens. Não houve nenhuma indignação dos principais colunistas, nenhum editorial contundente. A principal emissora de TV do País calou-se por duas semanas após matéria de capa da revista IstoÉ, denunciando o esquema de superfaturar trens e metrôs em 30%.
O analfabeto midiático é tão burro que se orgulha e estufa o peito para dizer que viu/ouviu a informação no Jornal Nacional e leu na Veja, por exemplo. Ele não entende como é produzida cada notícia: como se escolhem as pautas e as fontes, sabendo antecipadamente como cada uma delas vai se pronunciar.
Não desconfia que, em muitas tevês, revistas e jornais, a notícia já sai quase pronta da redação, bastando ouvir as pessoas que vão confirmar o que o jornalista, o editor e, principalmente, o “dono da voz” (obrigado, Chico Buarque!) quer como a verdade dos fatos.
Celso Vicenzi, O analfabeto midiático, Blog do Celso Jardim
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