Logo após a Primeira Guerra, um naturalista norueguês chamado Thorlief Schjelderup-Ebbe decidiu passar uns tempos na fazenda de seus pais. Ao cuidar do galinheiro, notou que ali havia hierarquia: algumas galinhas comiam primeiro os grãos despejados em um pote; saciadas, abriam espaço àquelas no segundo nível da hierarquia; por fim, quem estava na base ficava com as sobras. Tudo bem ordeiro.
Ele chamou essa estrutura de “a ordem das bicadas” (pecking order).
Então Thorlief decidiu fazer um teste. Trouxe uma nova galinha para o galinheiro e ficou observando. Queria ver onde ela se colocaria nessa pirâmide social. Teve uma surpresa: todas as galinhas começaram a brigar entre si na hora da comida.
Ele percebeu que, com a chegada da nova galinha, todas as outras ficaram inseguras e passaram a atacar as demais para confirmar a manutenção de seu status. Afinal, se a nova moradora conquistasse boa posição na hierarquia, empurraria alguma galinha para baixo. E quem seria? Nenhuma delas estava a salvo, e era bom deixar claro às outras que não seria vítima fácil.
Por outro lado, aquelas na base da pirâmide, aproveitando a confusão, tentaram galgar alguns degraus, abrindo caminho com bicadas. As galinhas que estavam no topo sentiram o perigo, e passaram a bicar também.
O resultado é que todas se machucaram. Algumas galinhas ficaram praticamente sem penas.
Thorlief descobriu que, no mundo das galinhas, há uma divisão entre aristocratas e plebeus. E que um pacífico galinheiro pode ser um campo de batalha, com a chegada de, digamos assim, estrangeiros. Essas conclusões de Thorlief foram melhor desenvolvidas posteriormente por outros especialistas, auxiliando a compreender o comportamento de grupos sociais e, até mesmo, de sistemas financeiros.
Esta nota, enviada pelo colaborador Fernando Gurgel, de Brasília, foi extraída de um artigo de Victor Lisboa, do blog Papo de Homem.
Bônus - A dança das galinhas
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