17 novembro, 2012

Verdade, beleza e Volapük

Johann Schleyer foi um padre alemão cuja irracional paixão por tremas pode ter sido sua ruína. Durante uma noite sem dormir, em 1879, sentiu uma presença divina que lhe dizia para criar uma linguagem universal.
O resultado foi o Volapük. Ele foi projetado para ser fácil de aprender, com um sistema de raízes simples, derivadas de línguas europeias, e de afixos regulares que eram ligados às raízes para fazer novas palavras. Volapük foi a primeira língua inventada a obter sucesso generalizado. Até o final da década de 1880, havia mais de 200 sociedades e clubes Volapük ao redor do mundo e 25 revistas que saíam nesse idioma.
"Uma língua sem trema", escreveu ele, "parece monótona, dura e chata."
Embora muitos membros da crescente comunidade Volapük possam ter concordado com o seu julgamento estético, muitos outros pensaram que, para o Volapük ter uma chance séria de ser uma língua mundial, os tremas tinha que ir. De fato, especialmente nos Estados Unidos, os tremas somente acrescentaram ao Volapük um ar ameaçador, ridículo e de estranheza.
Em 1890, o movimento Volapük estava desmoronando devido às discussões sobre os tremas e outras reformas.

Foto: Johann Schleyer, aos 50 anos, com uma harpa dada a ele como presente de aniversário por seus colegas da Sionsharfe, uma revista dedicada à poesia católica, que Schleyer editou pela primeira vez em Volapük, em 1879.

TRÜTH, BEAÜTY, AND VOLAPÜK, The Public Domain Review

POEMA DA NECESSIDADE
Carlos Drummond de Andrade. In: "Sentimento do mundo"
É preciso casar João,
é preciso suportar Antônio,
é preciso odiar Melquíades
é preciso substituir nós todos.
É preciso salvar o país,
é preciso crer em Deus,
é preciso pagar as dívidas,
é preciso comprar um rádio,
é preciso esquecer fulana.
É preciso estudar volapuque,
é preciso estar sempre bêbado,
é preciso ler Baudelaire,
é preciso colher as flores
de que rezam velhos autores.
É preciso viver com os homens
é preciso não assassiná-los,
é preciso ter mãos pálidas
e anunciar O FIM DO MUNDO.

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