As palavras a que Castro Lopes tentou dar vida e aquelas que ele pretendia suprimir estão arroladas em "Neologismos Indispensáveis e Barbarismos Dispensáveis", livro que, segundo Paulo Nogueira, serviu de tema para conversas, e piadas, trocadas entre o ex-imperador Pedro II e o Visconde de Taunay.
Observe-se sua investida contra a palavra "peignoir". Não cria, no caso, um neologismo. Vai buscar o vocábulo português que julga correspondente: "roupão". Dirigindo-se ao “belo sexo”, Castro Lopes pergunta: “Por que empregareis o termo francês 'peignoir' quando esse traje não serve para o fim que o nome indica?” Logo depois, lança, às damas nacionais, um apelo que revela seu talento humorístico: “Despi, portanto, eu vos suplico, o 'peignoir' francês, e vesti o vosso roupão”.
Ele tinha um surpreendente bom humor. Para Paulo Nogueira, Castro Lopes daria um excelente cômico se quisesse.
Pérolas do vernaculista
Referência: A saga de Castro Lopes, por Paulo Nogueira Diário do Centro do Mundo |
Avalanche - Runimol
Bijuteria - Joalheira
Boulevard - Calçada
Cachecol - Focale
Chalé - Castelete
Champignons - Cogumelos
Claque - Venaplauso
Debut - Estréia
Engrenagem - Entrosagem
Feérico - Fatídico
Massagem - Premagem
Mise-en-scène - Encenação
Nuance - Ancenúbio
Pince-nez - Nasóculos
Piquenique - Convescote
Reclame - Preconício
Repórter - Alvissareiro
Turista - Ludâmbulo
Mas Castro Lopes não se saiu tão mal assim. Da relação acima, por exemplo, ele emplacou quatro. Cinco, se incluirmos "roupão", que era uma palavra já existente em sua época. Mas fico a pensar no prejuízo que a supressão de "peignoir" traria para a MPB. Veja esta canção:
"Você fica deitada / de olhos arregalados / ou andando no escuro / de peignoir. / Não adiantou nada / cortar os cabelos / e jogar no mar."
Bodas de Prata, de João Bosco e Aldir Blanc
O plural do plural e A origem de algumas expressões populares
Um comentário:
A língua deve ser como uma cadela vadia que aceita qualquer prenhez. Fechar o ventre ao que é moderno,espirituoso,sonoro seria condenar o Português a uma realeza sem súditos.
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