Nelson José Cunha
No lado direito da porta principal, na humildade de um primeiro degrau, arfante, abandonada até dos medos, pude tocá-la com mãos piedosas. Uma pombinha entre outras mil que recebem diariamente meus desaforos por sujarem o beiral. O telhado está pintado de dejetos, formando um desenho camuflagem como um pára-quedas militar caído.
Ela era branca como a miséria de estar só. Preta como o azar e cinza como tudo que acabou sem serventia.
Branca, cinza e preta eram as cores de uma pombinha sem nobreza. Pomba comum, pomba ralé, pomba caída.
Ela aceitou o afago e os cuidados que se seguiram: alpiste no bico, água na colher e esparadrapo na perninha quebrada. No dia seguinte, o radiante azul da varanda descoberta estimulou a vôo e a paciente deixou o “Hospital”.
A pomba quando lia no original: "Aprenda a cagar nos pedestres - em 12 lições apenas". |
Os franceses dizem merde quando desejam boa sorte a alguém. Seriam bons augúrios para o Brasil?
Merde! Minha pombinha.
Merde! Querida Dilminha.
Merde! Beaucoup de merde partout!
É do que precisamos em 2011.
---------------------------------------------------------------------------------
Post scriptum
"Dinosaurs. Some of them evolved flight and survived the KT extinction just so one could shit on my head 2 minutes ago. @edyong209
Tanta evolução para isto. PGCS
Nenhum comentário:
Postar um comentário