"A natureza não foi generosa com todas as fêmeas. Em alguns animais, essas glândulas foram sepultadas entre pêlos ou feitas diminutas, quase ridículas, masculinas. Em outros foram exiladas em partes anatômicas menos nobres: cloacais. Nessas infelizes fêmeas não alcançaram o destaque que nossas mulheres ostentam. Nelas estão disputando com o rosto a nossa atenção. Deixaram de ser só matrizes para serem belos adornos. Prestam-se ao sensual jogo do adivinha o que tem para o jantar. Buscaram na natureza o formato do prodígio das gotas e suplantaram-nas. Viraram gotas que geram gotas que alimentam vidas adultas ou infantis. São o ninho dos mamíferos, nossa primeira visão do mundo com calor, cheiro e sabor. Continuam a maravilhar os adultos quer sejam pintores, poetas ou simplesmente amantes."
Extraído de "Um hino às mulheres", de Nelson José Cunha
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