Eis algumas sentenças, pinçadas no autor supracitado, para dar uma idéia mais completa do assunto: "O 10-engano é o castigo do 7-tico" (o desengano é o castigo do cético). "O 10-tino do 9-lo é ser 19-lado" (o destino do novelo é ser desenovelado). "O mí-0 está sempre 10-contente" (o mísero está sempre descontente). E ainda: "A baleia, que bem conhe-6, produz o esperma-7" (a baleia, que bem conheceis, produz o espermacete).
Já foi uma mania nacional. Isso que, em dias mais recentes, encontra-se vestigialmente em pára-choques de caminhões. Carneiro Portela, em seu "Máximas, Adágios e Legendas de Caminhões", registra alguns exemplos: "70 me passar, passe 100 atrapalhar", "60 no bar, 70 sair 100 pagar, aí eu mando a polícia 20 buscar". Também atento à fraseologia burlesca veiculada pelos caminhões estradeiros, o autor destas linhas anotou do pára-choques de um deles, esta legenda inusitadamente escrita com números fracionários: "Rezei 1/3 a fim de encontrar 1/2 de te levar a 1/4".
Pertence a Filinto de Almeida, que se assinava F. d'A, a composição de maior fôlego desse passatempo. Ele, no último quartel do século dezenove, publicou no "Jornal do Povo" do Rio de Janeiro, os seguintes versos, todos eles terminados por números:
"Veio um dia ao Brasil um holan-10E comeu de uma vez tanto bisc-8Que de cheio e repleto nem 60E fez por causa disso o diabo a 4.Dá-lhe logo o doutor tão forte 12Que ao ventre causou-lhe mil 10-as-3.Então suplica o enfermo a um fran-6Que era dos seus lamentos triste ou-20Que por graça à saude lhe re-9,Pois que ele a tinha forte como um br-11.E o súcio, escutando a voz do mí-0,Compassivo a curá-lo então 70E curou-o metendo-lhe o ca-7!"
Esse F. d'A era um n-1-mero, vocês não acham?
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