27 março, 2009

A surdez temporária dos argonautas

Na viagem de volta para casa, um dos perigos enfrentados por Ulisses e os argonautas foi o canto das sereias. Vivendo numa pequena ilha do Mar Mediterrâneo, próxima da Sicília, essas sereias atraíam os navegantes por meio de um canto enfeitiçador. Que tinha o poder de desviar as embarcações da rota, fazendo com que se despedaçassem contra os rochedos da ilha.
Sabedor de que não teria como resistir à atração desse canto, Ulisses se fez amarrar ao mastro do navio. A seus tripulantes selou os ouvidos com cera de abelha, dando-lhes antes a ordem de que remassem - remassem sem parar! Até que o navio se encontrasse a uma distância segura da ilha das sereias cantoras. 
Muito diferentes das sereias da tradição celta (belas mulheres dotadas de cauda de peixe), as sereias gregas eram criaturas horríveis. Grandes pássaros com cabeça de mulher, que cumpriam nessa condição física um castigo imposto pela deusa Afrodite. Cantavam e, a seguir, devoravam os sobreviventes dos naufrágios que elas provocavam.
Deixada a zona de perigo, Ulisses pôde então ser desamarrado do mastro e reassumir o comando do navio. Cuidou então de desfazer a surdez temporária dos argonautas, distribuindo com eles tampas de canetas esferográficas a fim de que pudessem retirar a cera dos ouvidos. 
Tampas de canetas e chaves de carros: conhecem algo que funcione melhor? 
PGCS

Ilustração: Sheila McGraw

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