22 julho, 2020

Feijoada no bidê

Hugo Leão de Castro (1934-1977) era artista plástico, atuava em teatro, cinema  e escrevia roteiros para a televisão. Foi colaborador do Pasquim e andava sempre na companhia de um ratinho branco (que serviu de inspiração para o Sig). E foi, ele mesmo, a inspiração para o cartunista Jaguar criar o personagem Capitão BD que, ao pronunciar uma palavra mágica (a da marca de uma cerveja), ganhava superpoderes. Mas só dentro dos limites do bairro de Ipanema.
Fundou a feira hippie da praça General Osório e sua maior alegria era participar dos desfiles da Banda de Ipanema em que fingia estar tocando um trombone de verdade.
O apelido surgiu após promover uma feijoada para amigos em seu apartamento. Na falta de panelas, colocou os ingredientes da feijoada em um bidê que acabara de comprar. Virou o Hugo Bidet. De tão popular, o novo "sobrenome", diz Simão Pessoa, passou a ser impresso até em seus talões de cheque.
Em 1977, após escrever uma carta em que dizia estar "louco, irremediavelmente louco", deu um tiro no céu da boca.
Não morreu.
Pediu ajuda ao vizinho, foi tranquilamente de táxi ao hospital e ainda brincou com conhecidos pelo caminho.
Mas, nove dias depois, Ipanema perdia um dos ícones do tempo em que o bairro "era só felicidade".

http://simaopessoa.blogspot.com/2010/10/causos-de-bambas-hugo-bidet.html
http://cultura.estadao.com.br/noticias/geral,jaguar-conta-com-humor-historias-de-ipanema,20010112p3945

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