Ao descrever um dos mais sórdidos personagens da literatura universal, Nikolai Stavógrin, no livro "Os demônios", Editora 34, tradução (magnífica) de Paulo Bezerra, pág. 666, Fiódor Dostoiévski usou estas palavras:
"Não era da vileza que eu gostava... Gostava do êxtase que me vinha da angustiante consciência da baixeza".
De onde vem a maldade?
É uma pergunta que muitos de nós já fizemos: por que algumas pessoas têm prazer em serem cruéis? Não aquelas classificadas como psicopatas ou condenadas por crimes violentos, mas especificamente os bullies das escolas, os trolls da internet e até membros da sociedade tidos como respeitáveis.
Recentemente, o psicólogo Delroy Paulhus, da Universidade da Columbia Britânica, no Canadá, examinou profundamente as partes mais sombrias da psique humana. "Preparamos questionários com perguntas extremas e descobrimos que alguns voluntários facilmente admitiam já ter causado dor em outras pessoas apenas por prazer", conta.
É muito fácil tirar conclusões rápidas e simplistas sobre esse tipo de indivíduo. "Temos uma tendência a querer simplificar o mundo, dividindo as pessoas entre as boas e as más", afirma o psicólogo. Mas existe uma "taxonomia" para os diferentes tipos de maldade encontradas no dia-a-dia.
Segundo ele, essa tendência não é apenas um mero reflexo do narcisismo, da psicopatia ou do maquiavelismo, mas sim uma subespécie de maldade, à qual deu o nome de "sadismo cotidiano".
Caça aos trolls
Paulhus acredita que esse comportamento é semelhante ao dos trolls da internet. "Eles são a versão online do sadista cotidiano porque passam um bom tempo procurando pessoas para atacar".
Um pesquisa anônima com indivíduos que deixam comentários com teor de trolagem na rede concluiu que eles são os que marcam mais pontos nos testes de personalidade cruel e têm o prazer como sua principal motivação.
Texto: https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/02/150216_vert_fut_maldade_ml
Imagem: do tarot das redes sociais
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Sobre trolls | A face da trollagem
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