E se alguém dissesse que a Lua é um planeta? Soa um pouco absurdo? Pois é justamente o que defende um manifesto recém-publicado a favor da alteração da definição oficial do termo, em vigor desde 2006 na União Astronômica Internacional (IAU, na sigla em inglês). Você já ouviu falar nessa mudança de 11 anos atrás: foi aquela que rebaixou Plutão à categoria de planeta anão. E agora, uma equipe de cientistas da NASA quer alçá-lo novamente à primeira divisão planetária, junto com a Lua e mais de 100 outros corpos do Sistema Solar.
Em 2006, a resolução 5A da IAU estabeleceu os seguintes critérios:
(1) Um "planeta" é um corpo celeste que (a) está em órbita ao redor do sol, (b) tem massa suficiente para sua auto-gravidade superar as forças rígidas do corpo, de modo a assumir uma forma de equilíbrio hidrostático (quase redonda), e (c) e haver limpado sua órbita.
(2) Um "planeta anão" é um corpo celeste que (a) está em órbita ao redor do sol, (b) tem massa suficiente para sua auto-gravidade superar as forças rígidas do corpo, de modo a assumir uma forma de equilíbrio hidrostático (quase redonda), (c) não haver limpado sua órbita, e (d) não é um satélite.
(3) Todos os outros objetos, exceto os satélites, orbitando o sol, serão referidos coletivamente como "pequenos corpos do sistema solar".
Em entrevista ao Business Insider, Alan Stern (o famoso "defensor de Plutão") explica porque considera isso tudo uma grande bobagem. Ele argumenta que, por estudarem uma miríade de fenômenos e objetos cósmicos, os astrônomos não têm condições de definir o que é um planeta. Diz que essa tarefa deve ficar a cargo dos cientistas planetários, os verdadeiros especialistas em questões intrínsecas aos planetas, às luas e aos sistemas que eles compõem.
Quem está por trás da nova definição, que foi enviada à IAU para análise, é Alan Stern, cientista planetário investigador principal da missão New Horizons. Em um primeiro momento, a manobra parece tendenciosa: o sobrevoo de 2015 da sonda sobre Plutão mexeu com Stern. E com o mundo todo, é claro. Mas um olhar mais cuidadoso mostra que a argumentação do grupo faz sentido: basicamente, o que eles pedem é que a definição de planeta seja mais "personalizada", levando em conta as propriedades geofísicas de cada astro ao invés de se basear apenas nas órbitas e interações com corpos externos.
O que ele e seus colegas propõem é uma mudança de paradigma. A nova definição diz o seguinte:
"Um planeta é um corpo de massa sub-estelar que nunca passou por fusão nuclear e que tenha auto-gravitação suficiente para assumir uma forma esferoidal adequadamente descrita por um elipsoide triaxial, independente de seus parâmetros orbitais". Ou seja: planeta é todo e qualquer objeto celeste redondo que não seja uma estrela, e pouco importa as características de sua órbita. O debate continua até que a IAU emita um parecer oficial sobre a questão.
Se o novo verbete emplacar, elevará à categoria de planeta não apenas Plutão e a nossa Lua, mas também outras luas notáveis do Sistema Solar como Titã, Encélado, Europa e Ganímedes — todas tão complexas que podem até abrigar vida. O único problema é que os livros didáticos terão que virar enciclopédias se forem detalhar cada um dos novos planetas criados a partir da nova definição.
Extraída de: revistagalileu.globo.com. Acrescida de um tópico e imagem de: phys.org/news.
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