06 janeiro, 2018

Quem inventou o telefone?

O escocês Alexander Graham Bell patenteou o telefone nos Estados Unidos, no início de 1876. Por uma estranha coincidência, Elisha Gray requereu no mesmo dia uma outra patente do gênero. O transmissor de Gray, que se supõe ter sido inspirado num dispositivo muito antigo conhecido como "telefone dos amantes", no qual dois diafragmas são unidos por um fio esticado, e a voz é transmitida unicamente pela vibração mecânica do fio.
A patente de Bell foi contestada repetidamente e apareceu mais de um reivindicador para a honra e recompensa de ser o inventor original do telefone. O caso mais importante foi o de Antonio Meucci, um emigrante italiano, que demonstrou com forte evidência que, em 1849, em Havana, Cuba, tinha experimentado a transmissão de voz pela corrente elétrica. Continuando a sua pesquisa em 1852 e 1853, e subsequentemente nos Estados Unidos, em 1856 Meucci construiu um telefone eletromagnético para conectar o seu escritório ao quarto de dormir, localizado no segundo andar de sua casa, para socorrer a esposa que sofria de reumatismo.
Em 1860, ele delegou a um amigo que visitava a Europa que procurasse pessoas interessadas em sua invenção. Em 1871, Meucci entrou com um requerimento no Gabinete de Patentes dos Estados Unidos, e tentou convencer o Sr. Grant, presidente da Companhia Telegráfica de Nova Iorque, a experimentar o instrumento.
A doença, a pobreza e as consequências de um ferimento devido a uma explosão a bordo de um barco, retardaram suas experiências, e impediram que terminasse a sua patente. O instrumento experimental de Meucci foi exibido no exposição de Filadélfia de 1884 e atraiu muita atenção, mas o modelo demonstrado não estava completo. No pedido de patente de 1871, ele escreveu: "Eu me utilizo do bem conhecido efeito condutor dos condutores metálicos contínuos como meio para o som e aumento o efeito eletricamente, isolando o condutor e as partes que estão em comunicação. Isto dá forma a um telégrafo falador sem a necessidade de qualquer tubo oco". E, para iniciar a conexão telefônica, ele usou um alarme elétrico.
Com dificuldades financeiras, Meucci apenas conseguiu pagar a patente provisória de sua invenção. Acabou vendendo o protótipo do telefone a Alexander Graham Bell que, em 1876, patenteou a sua invenção. Meucci o processou, mas acabou falecendo no curso do julgamento e o caso foi encerrado. Assim, Graham Bell foi considerado durante muitos anos como o inventor do telefone.
O trabalho de Meucci foi reconhecido postumamente em 11 de junho de 2002, quando o Congresso dos Estados Unidos aprovou a resolução N°. 269, estabelecendo que o inventor do telefone fora, na realidade, Antonio Meucci e não Alexander Graham Bell.

2 comentários:

Fernando Gurgel disse...

Não podemos esquecer do padre Roberto Landell de Moura, que foi um pioneiro na invenção do rádio e das telecomunicações. Marconi e Graham Bell devem ter bebido nessa fonte inesgotável:

"Landell de Moura, no entanto, é mais conhecido pelo seu pioneirismo na ciência da telecomunicação, tendo desenvolvido uma série de pesquisas e experimentos que o colocam como um dos primeiros a conseguir a transmissão de som e sinais telegráficos sem fio por meio de ondas eletromagnéticas, o que daria origem ao telefone e ao rádio, senão o primeiro de todos, o que ainda é motivo de polêmicas. Vários testemunhos afirmam que ele vinha realizando testes bem sucedidos em ambas as modalidades de transmissão desde 1893 ou 1894, mas a documentação sobre esses primeiros experimentos é pobre e a data é disputada. O seu primeiro registro inconteste, documentado publicamente, é de 3 de junho de 1900, testando com sucesso aparelhos que transmitiram sem fio sons e sinais telegráficos. No Brasil ele usualmente é considerado o pioneiro em nível mundial. Nos outros países sua realização permanece largamente ignorada, embora um crescente número de fontes estrangeiras estejam aceitando sua primazia. Também deixou projetos que apontam seu pioneirismo na transmissão de imagens sem fio, sendo considerado nacionalmente um precursor da televisão e das fibras ópticas, mas também nestes campos a documentação sobrevivente não é muito clara, e internacionalmente sua contribuição nesta área específica caiu num esquecimento quase total. Demonstrou paralelamente algum interesse pela homeopatia, pela psicologia e pelo espiritismo, abordados pelo viés da ciência."

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Roberto_Landell_de_Moura

Paulo Gurgel disse...

Fernando,
O Brasil até tem uma lista de padres-cientistas:
Bartolomeu de Gusmão, um padre jesuíta nascido em Santos, que projetou a Passarola. Um aeróstato aquecido a ar quente, com o qual o "padre voador" antecedeu os Montgolfier com seus balões.
Landell de Moura, a quem se credita a invenção do rádio por conta de suas experiências de transmissão da voz humana a distância, feitas no final do século 19. Embora obtivesse as patentes, no Brasil e nos Estados Unidos, o padre não conseguiu o reconhecimento que merecia. Nem o financiamento necessário para produzir em escala industrial os seus equipamentos. Aliás, acusado de pacto com o diabo, o padre teve o dissabor de vê-los destruídos.
João Francisco de Azevedo, que inventou a máquina de escrever. Idealizado e construído por ele, este invento figurou na "Exposição Agrícola e Industrial de Pernambuco", em 1861. Padre Azevedo, apesar de festejado em sua época pelo que fez, nenhum lucro material veio a auferir com o invento.